Kyoomi se sentia meio mal por não ter comprado um presente, e não só isso, como também estava indo na festa de Oikawa sem nem saber quantos anos ele estava fazendo. Só estava lá por Atsumo, que nem sabia que o vizinho estaria lá.
— Kyoomi! — Motoya o tirou de seus pensamentos. — Tá prestando atenção no que eu tô falando?
— Claro. — Mentiu, limpando a garganta.
Eles já estavam na frente da grande casa, tinha tanta luz de festa lá dentro que dava pra ver uns quatro quarteirões atrás. Aquela seria uma baita festa, foi a primeira impressão que os dois garotos tiveram quando saíram do carro.
— Beleza, então, antes da gente entrar tem só mais umas coisinhas. — Komori chamou a atenção do amigo.
Sakusa tentou prestar o máximo de atenção que ele podia apesar da música alta.
— Qual vai ser?
— A gente não pode se perder, em hipótese alguma. Sua mãe me mataria se eu te deixasse pra trás.
— Anotado.
— Presta atenção no seu copo, ouviu? — O maior balançou a cabeça, respondendo que sim. — Não deixa ninguém te drogar. E não vamo metê o pé na jaca, porque eu tenho certeza que você não quer cuidar de mim tanto quanto eu não quero cuidar de você.
— Com certeza.
— Acho que é isso, também não esquece de deixar o celular pra tocar. Qualquer coisa você me liga ou eu te ligo.
— Terminou? — Kyoomi ergueu a manga da camisa para olhar o relógio no pulso.
Usava uma blusa branca com a camisa de mangas por cima, ele as dobrou no antebraço.
— Olha, eu só tô falando tudo isso porque eu ainda tô sóbrio. E também porque eu não quero imprevistos.
— Não é como se a gente nunca tivesse ido pra uma festa antes. — Ele resmungou.
Depois que Motoya terminou de passar as regras básicas, eles entraram. E tinha muita, muita gente lá dentro. Sakusa chegou a questionar se Oikawa conhecia todos que estavam presentes. E é óbvio que a resposta era não.
Não demorou para Aaran acenar com a mão fazendo sinal para que eles fossem até lá. Estava com mais alguns garotos, Kyoomi não se recordava o nome deles mas os rostos não eram estranhos.
— Omi! Quanto tempo! — Pela voz extravagante, ele soube na hora que era Bokuto. — Cara, não te vejo desde a despedida do colegial!
— Pois é, faz um tempo. — Ele deixou um riso de nervoso escapar, tinha se esquecido do quão animado Kotaro era.
— O que cês tão esperando? — Hinata surgiu do meio do nada, porque Sakusa jurou que aquela cabeleira ruiva era impossível de passar batido. — Tem copo ali no balcão.
— Uma dica: o Kuroo tá fazendo umas batidinhas daora. — Kotaro teve que praticamente gritar, porque era quase impossível conversar com o som estourando
Entretanto, difícil era não gostar das músicas, por mais altas que estivessem. Tocava de tudo: Britney Spears até Luísa Sonza e por aí vai. Ele nem tinha visto o aniversariante ainda, mas os garotos garatiram que até o dia clarear eles se esbarrariam por aí e tudo bem.
O Sakusa e Motoya foram até o balcão, pegaram os copos e ambos se olharam para confirmar que beberiam as "Batidinhas mágicas do Kuroo". Era uma baita de uma evolução ele concordar em beber as bebidas da festa.
Sejamos realistas, não era como se Tetsuro estivesse usando luvas ou lavando os apetrechos de forma correta. Ele provavelmente deixaria o copo em qualquer canto para ter uma desculpa por não beber.
Kuroo trabalhava rápido, ainda mais que já estava meio alcoolizado... não demorou para entregar os copos de Sakusa e Motoya.
O cheiro era péssimo, e ele nem era fraco com bebida. Muito pelo contrário, era muito difícil embriagá-lo.
— Pelo menos um gole, vai.
Motoya era um tremendo de um filho da puta, só colocaria a boca no copo descartável vermelho se o primo colocasse. Sakusa sentiu vontade de esmagá-lo com as mãos.
— Vira! — Kotaro berrou quando o viu levar o copo na boca. Como se não fosse o bastante, os outros garotos ali o acompanharam, até aquilo virar um coro. Todo mundo gritava à sua volta: — Vira! Vira! Vira!
— ...Vira...? — Motoya sorriu amarelo, erguendo o copo.
Ótimo, de uma hora para outra já tinha uma multidão ao redor dele. Bokuto era um maldito, tanto quanto Motoya. Sentia vontade de virar o copo em cada um deles, mas também não queria se passar por "cagão".
Ele botou o pau na mesa — Modo de se dizer que ele tacou o "foda-se" com toda coragem do mundo — e virou o copo de uma vez. Já estava arrependido, não iria responder por si mesmo caso colocasse tudo pra fora na cara de alguém ali.
Todos vibraram, uma gritaria imensa, comemorando como se ele tivesse conquistado o hexa ou descoberto a cura do câncer. Com todos pulando à sua volta, e com as luzes coloridas por toda parte, Kyoomi ainda conseguiu ver uma cabeleira loira de relance. Seria Atsumo?
Ficou algum tempo imóvel e sem reação, só voltou ao normal quando recebeu um chacoalhão de Motoya. Nem percebeu, mas os garotos já tinham ido para outro canto, e só ele estava lá parado com cara de bocó.
— Acho que aquilo não te fez bem... — Ele se referiu à bebida. — Agora você tá podre de álcool logo no começo da festa.
— Acredite, aquilo lá não foi quase nada.
— Eu tô falando desse fedô que ficou em você, no seu lugar eu iria enxaguar a boca. — Motoya segurou nos ombros do amigo, mas logo chacoalhou as mãos para afastar o mal cheiro. — Olha aqui pra mim, cê tá bem?
— Tô, eu tô normal. — Ele amassou as ondulações do cabelo, os chacoalhando para arrumá-lo. — É que eu pensei ter visto-
— O Atsumo? — Interrompeu. — Porque ele tá bem ali, e não para de te olhar já faz um bom tempo. Ainda por cima tá com um sorrisão.
Kyoomi até tentou disfarçar e demorar um pouco para se virar, mas foi em vão. Quando seus olhos se encontraram com Atsumo, os dele já estavam lá.
Do outro lado da festa, o loiro sorriu, provavelmente estava rindo do maior, enquanto ele ficou sem reação. Precisava trabalhar essa de virar estátua do nada quando se tratava do loiro. Era constrangedor, tipo um piripaque do Chaves.
E Atsumo se divertia com isso, Kyoomi podia ver pois seus dentes estavam à mostra quando ele sorria. Não era um sorriso maldoso como costumava ser, nem daqueles de canto estilo super convencido. Era diferente, talvez... doce?
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Bem-me-quer ou Mal-me-quer?
Fiksi PenggemarSakusa era descuidado quando ia aguar suas plantas e vivia molhando o vizinho. Agora ele tinha que aturar a Maria-sem-vergonha que havia crescido no seu jardim.