Para estragar de vez os planos de Atsumo, Samu chegou minutos depois da mãe. Ou em outras palavras, ele e Kyoomi não teriam privacidade alguma. Mas aquilo não era tão ruim, porque no fim a senhora Miya só queria "pegar algumas roupas", e logo saiu de novo.
— Você vai embora? — Atsumo perguntou, se sentando no sofá. Sua mãe e o namorado dela já tinham saído, e Osamu estava banhando.
E, para ser sincero, tanto quanto queria ficar com o namorado, Sakusa precisava de um bom banho. Mas ele também queria ficar perto do Miya, queria curtir aquele momento por mais um tempinho.
— Daqui à pouquinho. — Se sentou ao lado dele, passando um dos braços ao redor do pescoço do loiro. Porém, sentiu algo no próprio bolso. — Você quase me fez esquecer das alianças.
— Aproveita que não tem ninguém olhando. — Brincou, entendendo a mão em sua direção.
Kyoomi revirou os olhos, mas ainda tinha um sorriso nos lábios quando colocou um dos anéis no dedo de Atsumo. E assim que colocou em si, Miya segurou seu rosto para beijá-lo.
— Sem pegação no meu sofá.
O gêmeo saiu do banheiro, com o cabelo molhado, indo em direção à eles. Fez questão de pegar o controle da TV e se sentar no mesmo sofá, sem nem mesmo olhar para o lado.
— Tá de sacanagem? — O loiro reclamou, no meio dos dois.
O sofá já não era o maior de todos, os três estavam esprimidos naquele pequeno espaço. Osamu pareceu não dar bola para os resmungos do irmão. E no fundo, Atsumo não parecia estar tão incomodado com aquilo.
E Kyoomi se perguntou o que ele havia feito para merecer aquilo. Não estava nem um pouco confortável, se sentia sujo e com calor. Queria ficar ao lado do loiro, mas não daquele jeito. Ainda mais com Osamu do lado deles.
Essa foi sua última lembrança da manhã. Quer dizer, ainda lembrava da imagem da televisão, mas era muito vaga. Passava Tom e Jerry, e Sakusa foi o primeiro a capotar. Depois Samu, e e em seguida Atsumo.
Esse que acordou sendo carregado pelos pernilongos. Olhou para o relógio na parede, já eram duas da tarde. Quer dizer, só duas da tarde e já estava sendo carregado pelos insetos?
Sem contar no calor, com Sakusa deitado literalmente em cima de si. Quase não conseguia respirar com aquele peso todo em seu peito. Osamu já não estava ali, dava para notar.
— Omi. — Tirou os cachos que estavam em seus olhos. — Omi, levanta.
Porém, nada além de resmungos.
— Sakusa, por favor. — O empurrou, mas não o suficiente para que ele caísse. — A gente tá fedendo.
O chamado parecia estar dormindo feito uma pedra. Nada menos do que o esperado por passar a noite em claro. Mas Miya ainda estava surpreso por ele conseguir dormir naquelas condições.
— Sakusa Kyoomi, você tá me amassando e eu não consigo respirar!
— Miya? — Levantou a cabeça, ainda com os olhos fechados.
— Graças à Deus. — Suspirou, agora aliviado. — Já vai dar três horas!
O maior se sentou no sofá com dificuldade. Se ele estava com dor nas costas por estar deitado em cima do loiro, imagina o próprio Atsumo. Sakusa quase gorfou quando sentiu o cheiro do próprio bafo.
— Parece que eu não descansei nada. — Massageou o próprio ombro. — Preciso de um banho.
— Eu também. — Miya se espreguiçou, colocando uma das mãos no rosto do namorado. — Você tá colando.
— Preciso muito de um banho, mas não sei com que cara vou voltar pra casa.
— Ué, com a mesma de sempre?
— Eu contei pro meu pai.
A sala ficou silenciosa por alguns bons minutos. Sakusa levou ambas mãos sobre a cabeça, parecia preocupado. E Atsumo ainda não acreditava no que tinha acabado de ouvir.
— Como assim? Você passou a manhã inteira comigo.
— Quando eu fui guardar a moto. — Suspirou. — É uma história meio longa, ele achou que eu tava usando drogas, ai eu mostrei as alianças. E eu vim correndo pra cá, pelos fundos, ele deve saber.
Miya fez uma expressão confusa, tentando entender qualquer tipo de ligação entre drogas e um par de alianças.
— Mas eu pensei que seu pai fosse o cara mais antiquado que já pisou na Terra, com todo respeito, já não era para ele ter mandado demolir a minha casa?
— E ele é. — Soltou um riso, mas era de desespero. — Não sei o que vou fazer agora.
— Quer tomar banho aqui? Ou quer que eu vá com você na sua casa? — Segurou a mão do Sakusa. — Eu não sei bem o que dizer, eu não sou o melhor quando o assunto é ter um pai.
— Tudo bem, Tsumo. — Segurou a mão que segurava a sua. — Eu não acho que preciso dar satisfação alguma pra ele, nunca precisei. O máximo que ele pode fazer é dificultar minha vida dentro de casa. Mas eu preciso enfrentar isso.
— Então, tem algo que eu possa fazer?
— Tem. — Deixou um beijo na testa do loiro. — Quero que você fique aqui e tome o seu banho.
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Bem-me-quer ou Mal-me-quer?
FanficSakusa era descuidado quando ia aguar suas plantas e vivia molhando o vizinho. Agora ele tinha que aturar a Maria-sem-vergonha que havia crescido no seu jardim.