Jisoo Pov.
Depois da confisão de Rosé, eu me sentia bastante confusa sobre muitas coisas — essencialmente minha sexualidade, mas tinha noção de que não importava muito a maneira que eu me via, e sim como meu pai queria que eu parecesse.
Era um peso que eu carregava desde que comecei a entender o mundo, mas só agora parecia doloroso a ponto de quase não conseguir suportar.
"Dó, si, lá e sol" Rosé me disse certa vez, para que eu repetisse sempre que as responsabilidades pesassem, como uma espécie de mantra.
Mas não era só isso que pesava, já que desde o nosso beijo, eu e ela pareciamos estar nos evitando e ao mesmo tempo vivendo em uma tensão constante.
Quando isso acontecia — que era muito frequente, eu então repita em mente aquele mantra "dó, si, lá e sol" e isso vinha funcionando estranhamente bem.
Bom, pelo menos até agora.
Por que Rosé tinha me puxado pra dançar a música que ela tinha me gravado tocar e logo rindo por ela ser tão lenta que a tornava dificil de dançar.
Mas eu, pela minha educação requintada, sabia exatamente como dançar esse tipo de música, então passei a guia-la — de maneira quase inocente, numa dança lenta e envolvente.
As nossas respirações ficaram rarefeitas, a minha boca seca e a de Rosé atrativa, mordendo o lábio... Eu podia ver o sobe e desce do seu peito, acelerado, engolindo em seco pela nossa proximidade... Eu queria beija-la.
—Dó, si, lá e sol... — Eu sussurro, fechando os olhos com força. — Dó, si, lá e sol, dó, si, lá...
—Tudo bem? — Rosé pergunta, pondo uma das suas mãos ao redor do meu rosto, acariciando minhas bochechas, preocupada, me fazendo suspirar. — Seus pais...?
Eu nego, abrindo os olhos com relutância.
—Você me deixa nervosa... — Confesso, constrangida.
Rosé ri, me abraçando.
—Te deixo nervosa?! — Ela bufa. — Você me deixa nervosa, Soo!
Franzi o cenho, curiosa.
—Sério? — Perguntei. Ela assente, se afastando de mim. Eu seguro suas mãos antes que ela fuja. — Por quê?
—Ah, Jisoo... — Rosé desconversa, tentando se soltar enquanto olhava pra longe. Eu aperto suas mãos, fazendo-a olhar na minha direção, completamente vermelha. — É que você é tão linda...
Eu nunca tinha sido tão singelamente elogiada, então sorri até que meus olhos formassem apenas uma linha.
—Você é linda, Rosé. — Eu finalmente digo o que tanto queria, aliviada.
Rosé não sabia responder, então apenas me puxou para seus braços e me deu um sorriso sacana que dizia "Olha que eu vou te beijar, eim?!", me fazendo sorrir de volta, fechando os olhos, ansiosa.
Eu queria, queria muito, mais do que tudo no mundo que ela me beijasse...
Mas fomos interrompidas.
Uma das amigas de Rosé, Suzy, bateu na porta da sala de música e gritou pelo nome de Rosé, que arregalou os olhos e num só movimento me largou e se escondeu no armário de baquetas, bem a tempo da mesma entrada, avistando apenas a minha versão paralisada e perguntando se Rosé estivera ali.
Eu cruzei os braços.
—Não. — Respondo. — Por que você achava que ela estava aqui?
Suzy dá de ombros.
—Ela vive grudada em você, ué. — Ela diz, fazendo pouco caso. — E você sempre está por aqui.
Eu corei, sem saber ao certo o que dizer.
—Jisoo, me responde uma coisa por favor. — Ela pede, aproveitando que estávamos "sozinhas". — O que você acha que Rosé responderia se eu pedisse ela em namoro?
Eu travo claro, o que a deixou desconfiada, mas logo a distrai com meu automático "não sei" como resposta.
É nessas horas que eu agradeço pelas infinitas aulas de conter as expressões faciais, por que se não estaria na minha cara o quanto eu estava afetada com aquilo.
Mas claro que para Suzy aquilo jamais seria percebido.
—Bom, já entendi! Mistério, nada de facilitar minha vida né, Kim Jisoo?! — Ela tenta soar divertida. Não dá certo, mas mesmo assim ela continua: — Mas tudo bem, afinal não somos amigas... Ainda, já que logo farei ainda mais parte da vida de Rosé que até mesmo, você.
E ri, indo embora com ar vitorioso.
Mal ela sai, Rosé escancara as portas do armário, de olhos arregalados.
—Jisoo, você ouviu?! — Ela parecia estática e a pergunta era retórica. — Meu Deus, a Suzy...
Rosé então se senta no puff, parecendo meio pálida. Eu estava inexpressiva.
—Sua resposta é não, né? — Pergunto, pela primeira vez meio apreensiva.
—O que? —Ela ainda parecia com a cabeça nas nuvens.
Engoli em seco.
—Perguntei se sua resposta é não. — Repito, me sentindo nervosa sem nem saber exatamente o por que.
—Não sei... — Rosé diz, confusa. — Quer dizer, ela é minha crush desde o primeiro ano, mas agora tem... — Ela se interrompeu, olhando pra mim com o olhar apreensivo, turvo. Ela suspira. — O que você acha?
Arregalei os olhos, me sentando no outro puff com as pernas trêmulas.
—Nunca me perguntou isso... — Eu digo, tentando rir pra amenizar o clima.
Não consegui.
—Nunca considerei a possibilidade. — Rosé explica, dando de ombros.
Bufei, sem conseguir me controlar.
E quanto a nós? Você esqueceu?
—Agora está considerando, então. — Eu concluo, seca.
Foi a apenas alguns minutos!
—Talvez... Desculpa, Soo. — Ela pede, pesarosa, se levantando. Eu estava prestes a dizer como me sentia quando ela completou: — Preciso pensar, nos vemos amanhã, certo? Tchau...
Ela saiu apressada, então, antes mesmo que eu pudesse me despedir ou lhe lembrar que amanhã seria sábado.
Nota da Autora
Eai, voltei oficialmente gays :v
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Tocando Minha Alma 🐿🐰 (Chaesoo)
FanfictionKim Jisoo é a filha mais nova dos fundadores da grande e bem sucedida empresa "Kim's Corporation" portanto desde cedo lhe é esperado uma postura séria e digna de milhões de dólares na conta. Porém - para o desagrado de seus pais, Jisoo é...