Sem Você

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Jisoo Pov.

        Eu e o meu pai ficamos a sós naquela salinha pequena, sem ar algum.

Eu não conseguia pensar.

—Você é porra do maior erro da minha, garota! — Ele explode, ignorando minhas lagrimas. Ele sempre as ignora. — Isso que dá conceber uma criança bêbado... Você sempre foi desastrosa, totalmente esquisita!

Eu fico quieta, aquelas palavras ecoando na cabeça, quebrada.

Eles me tiveram... Bêbados?

Eu achava que era especial pelo menos no meu nascimento.

Agora fazia sentido por que eu era cinco anos mais nova que o Jeongin e sete da Jinyoung.

Ele não podia me agredir aqui, então ordenou que eu saísse de lá com ele:

—De cabeça baixa e caladinha! — Ele completou.

Eu obedeci, meu corpo totalmente retraído, consciente de que todos os olhos estavam em mim e na imagem do memorável dono da empresa Kim's corporation, furioso.

Meus olhos só se ergueram quando em meio aos burburinhos, eu ouviu aquela voz.

Rosé chamava a plenos pulmões por mim enquanto dois dos seguranças do meu pai a afastavam quase violentamente pra longe.

—Jisoo! JISOO! Me deixem ir até ela! — Ela gritava desesperada. Mordi o interior das bochechas e cerrei o punho.

Eu não posso fazer nada!

—Você não pode se aproximar nunca mais da Kim Jisoo, sua predadorazinha!— Um deles falou um tanto alto demais.

Todos os alunos ouviram e ficaram subitamente quietos, os olhares mudando de direção. Eu senti a mão do meu pai nas minhas costas, num impulso protetor falso.

Acho que vou vomitar.

Procuro a lixeira mais proxima e coloco todo o meu café da manha pra fora.

Rosé ainda estava fazendo um escandalo.

—Diga algo pra'quela garota calar a boca e ir embora agora mesmo. — Meu pai manda, num sussuro.

Mas eu só precisei olhar na direção dela pra que Rosé se desfizesse em lágrimas mudas.

Eu não podia nem gesticular com todos aqueles olhos em mim, então esperava realmente que ela entendesse o que meus olhos diziam.

É o fim.
Não vá atrás de mim.
Por favor.

Rosé parecia implorar pra que nós duas fugissem juntas, eu quase podia ouvi-la dizendo que ela poderia falar com os pais dela e fazer com que eu ficasse no seu quarto... Eu não tinha escolha, mas se tivesse...

Teria saído correndo e pularia agora mesmo nos seus braços.

Mas tudo que fiz foi virar de costas e seguir rumo junto ao meu pai em direção a saída. O som que saiu rasgando a garganta de Rosé era terrível. Um soluço doloroso.

E eu nem sabia quando tinha começado a tremer ou mesmo quando pararia, sentia que seria assim pra sempre. Minhas lágrimas silenciosas jorando sem nenhuma intenção de limpar.

Quando chegasse meu pai me espancaria mais do que todas as vezes e mesmo assim aquela dor não superaria a de agora, do meu coração partindo.

***

      Quando chegamos, meu pai fez questão de fechar as portas com toda força. Minha mãe já estava na sala, esperando com os olhos arregalados.

—O que houve, Jiyung?! — Ela exclama, puxando ele pelo braço pra perto. Ele bufa e eu fecho os olhos, já sabendo o que vem ai.

Tocando Minha Alma 🐿🐰 (Chaesoo)Onde histórias criam vida. Descubra agora