Olhos Aflitos

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Jisoo Pov.

        Meu pai tinha deixado bem claro o que aconteceria se eu tivesse qualquer contato com Roseanne. Ela seria prejudicada, não eu.

Ele daria um jeito de expulsa-la e de ela não ser aceita em nenhum outro lugar da Coréia.

Eu gostaria muito de dizer que isso me impediu, mas não, aqui estou eu olhando pra ela. Implorando para o universo, Deus, qualquer um por uma chance.

E ela veio em forma de Jin.

Quando confessei pra ele tudo que eu sentia e estava passando no dia que ele foi na minha casa — numa espécie de intervenção hétero do meu pai, tudo que ele me disse foi:

—Seja lá no que for, você tem minha ajuda e meu apoio. — Com um olhar sério e motivado.

Jin tinha sido criado pra ser meu marido e eu pra ser sua esposa e isso, de alguma forma, tinha criado um laço entre a gente ao que parecia.

Então quando eu pedi para ele me acompanhar na escola hoje, ele nem mesmo hesitou. Aqui estava ele, distraindo os seguranças do Jiyung por alguns minutos.

Suficientes.

Porque Roseanne estava a apenas alguns passos de distância, parecendo determinada a entrar na sala do diretor. Seus olhos continham dor e mágoa quando os encontrei.

Não suportaria aquilo por mais nenhum segundo.

Então eu aproveitei a distração e corri ate ela, segurei sua mão firme — ela ainda era quente e cheia de pequenos calos ao toque, e a puxei para cruzarmos aquele corredor vazio.

Rosé soltou minha mão imediatamente, como um choque, enquanto nós duas nos encostavamos em paredes reversas, checando se havia alguém vindo.

Não havia.

Suspiramos de alívio, nossos olhos colidindo um pouco antes de nossos corpos num abraço quase doloroso. Eu podia sentir meu mundo inteiro balançar.

—Eu te amo tanto... Me desculpa. — Eu sussurei perto do seu ouvido, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.

Ela já se desfazia nos meus braços, soluçando enquanto me segurava firme, desesperada.

Cada detalhe disso me doía.

—E-eu não sei... O que f-fazer, Soo... E-eu preciso... De você. — Ela choraminga no meu ombro, desejando meu apóio.

Eu não tinha como oferece-lo. Não tinha como curar seu coração. Tudo que eu podia fazer era beija-la no ponto cego das câmeras e atender aos seus pedidos desesperados para que eu não me arrependesse agora.

—Por favor... Pense nisso depois, por agora... Só me beije. — Ela pede, acariciando meu rosto, os olhos vermelhos. — Quero te sentir.

E eu obedeci. Fiquei calada, guiei meus lábios por sobre os seus e entrelacei nossas mãos. Embora tudo que eu conseguisse pensar nos braços dela era no quão ridícula eu era.

O coração da garota que eu amava estava partido e tudo que eu podia fazer era olhar pra ela de longe, com meus olhos aflitos.

Ficamos lá por mais alguns minutos, aproveitando nosso momento perdido antes de eu ouvir o assobio de Jin.

Era nosso sinal. O tempo tinha acabado.

Tirei forças de onde não tinha pra afasta-la dos meus lábios, do meu corpo, dos meus olhos, de mim. Seu olhar quebrado ficaria pra sempre na minha memória, dolorosa.

—Temos que ir. Eu sinto muito. — Eu peço uma milésima vez. O tamanho da minha culpa nunca diminuía. — Eu te amo, mais que tudo nessa vida Roseanne... Tudo.

E nossos dedos se soltaram, o sinal tocou e milhares de alunos apareceram, se empurrando, nos separando.

Mesmo no meio daquela aglomeração eu podia capturar seus olhos castanhos chocolate, me dizendo tantas palavras e angustiando meu coração.

Eu odiava ver o meu castanho no meio de tanto vermelho. E minhas bochechas fartas rosadas por um motivo tão vil. Suas sombrancelhas franzidas... O bico em seus lábios róseos... Era terrível.

Era terrível porque eu era o motivo.

E meus traços nunca poderiam se comparar aos dela. Talvez ela pudesse capturar minha dor pelos meus olhos úmidos, mas minha expressão tinha se perdido. Se perdido desde meus cinco anos.

E ela tinha me encontrado. E ela tinha que ir embora. E eu não conseguia vê-la indo embora. E ela não conseguia me ver ficar sem toca-la.

Não havia nada que eu pudesse fazer com essas minhas duas pernas. Nada que eu pudesse fazer com esse coração doendo. E acima de tudo... Nada que eu pudesse fazer sendo uma Kim.

—Jisoo, vem comigo. — Jin me chama, tocando de leve meu ombro, me despertando da dor.

Olho na direção dele, surpresa.

—Obrigada... Por isso. — Peço, minha voz saindo falhada, a dor tinha voltado com tudo.

São apenas alguns segundos que eu esqueço, então volta.

Ele apenas assentiu, me oferecendo o braço. Segurei.

Olhei ao redor — procurando pelos meus olhos, mas Rosé já tinha ido.





Notas da Autora

Gente, desculpa pelo puta sumiço serio 😭😭😭😭

Eu tava corrigindo Você Em Mim, ainda tenho que fazer um especial pra Nos Bastidores... Enfim.

Mas aqui temos um momento significativo de Chaesoo sofrido. Como vcs acham que elas vão lidar com essa distância? Ideias? :v














Tocando Minha Alma 🐿🐰 (Chaesoo)Onde histórias criam vida. Descubra agora