Capítulo 13

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Aproximadamente 5 anos atrás

Wilhelm parou de vender pipoca na escola de Simon.

Simon não podia fazer nada a não ser aceitar o distanciamento dele. Foi ele que ultrapassou o limite e ainda por cima surtou. Wilhelm tinha toda a razão de ficar chateado, mas mesmo assim. Ele deveria entender, não?

Simon suspirou pela sexta vez na noite e rodeou a sala da casa de um colega com os olhos. Era festa de final de ano e metade da turma já estava bêbada. As meninas desfilavam em seus shorts curtos e não tinha um menino que não tivesse braços fortes. Seus colegas eram de famílias ricas e o conforto de uma vida de luxo estava estampado em seus rostos.

Simon deu um generoso gole no seu copo de cerveja, sem saber quantos já havia tomado. Não queria pensar em nada. Não queria pensar no porquê se sentia o tempo todo tão agoniado por dentro. Apostava que Wilhelm não estava sentindo do mesmo jeito. Se estivesse, teria enviado uma mensagem como sempre fazia e não desaparecido.

Ao procurar um lugar para sentar na sala, Simon notou que o menino que sentava na última fileira da sala o encarava. Quando resolveu dar atenção para ele, percebeu que havia uma promessa nos olhos dele e os lábios dele se curvaram de leve, num indício de sorriso malicioso. Seu coração deu um pinote no peito e desviou o olhar. Não ousou olhar de novo, como poderia? Seu corpo inteiro ficou inteiro, prendeu até a respiração, esperando que não fosse descoberto. Descoberto. O que ele estava tentando esconder?

Será...?

Simon era inteligente o suficiente para saber o que estava tentando esconder do mundo e dele mesmo, mas se recusava a aceitar. Era frustrante. Ergueu a cabeça e seu olhar cruzou mais uma vez com o do menino.

— Ela não é tão bonita assim — disse o amigo do menino que encarava Simon sentado no sofá da sala. — Mas depois de umas quatro cervejas, ela vai ficar bem gata.

O menino respirou fundo. Apesar da má interpretação, aquelas palavras fizeram seu pau inchar. — Não tô a fim.

— Para com isso, vamos lá, chega nela.

— Quero chegar em outra pessoa.

— Quem?

O menino movimentou a cabeça na direção de Simon. — Ali.

O amigo esticou o pescoço para ver onde havia indicado. — A loira?

— Não.

— Não quero te desanimar, mas ela é muita areia pro seu caminhão.

— Não tô falando dela, do falando do menino de cabelo cacheado.

Ele virou a cabeça para olhar para o menino com uma expressão confusa, como se não soubesse se ria ou não. — Não sei se você percebeu, mas ele não tem um par de peitos.

— Eu percebi.

— Não zoa com a minha cara.

O menino balançou a cabeça, mantendo o contato visual com o amigo. — Não tô zoando.

Então houve silêncio, o silêncio terrível que fez o estômago do menino doer.

— Tá falando sério?

O menino não conseguiu forçar as palavras para fora da sua boca e o amigo cruzou os braços, como se quisesse evitar qualquer projétil gay lançado em seu caminho.

— Você é gay?

O menino assentiu num pequeno movimento de cabeça.

— Tipo, você gosta de homens gays.

O Passado Define [Wilmon AU]Onde histórias criam vida. Descubra agora