Capítulo 11

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Aproximadamente 5 anos atrás

Simon encontrou Wilhelm e seu carrinho de pipoca na porta da escola. Era meio dia, mas parecia noite. As nuvens carregadas esparramadas pelo céu o escureciam. O som dos trovões ecoavam, choveria a qualquer momento.

Como sempre, os dois estavam sentados no meio-fim, batendo papo e zoando as pessoas que passavam na rua. Essa era a melhor parte do dia para Wilhelm.

— Por que você não namora? — Wilhelm perguntou.

Simon fez uma careta. — Ah, nem.

— Não tem ninguém que chame sua atenção na sua sala?

— A turma é chata.

— Ninguém nunca deu em cima de você? — Wilhelm virou o rosto para encarar Simon. — Eu chegaria em você.

Simon riu. — Só tem casalzinho na minha sala, eu sou o único solteiro.

— Que dó. — Wilhelm simulou uma feição de pena, que logo se transformou em um olhar cheio de segundas intenções. — Eu namoraria você, claro, se você fosse gay.

Simon abaixou a cabeça para esconder um sorriso. Se fosse há algumas semanas, Simon teria surtado, mas, de um certo modo, ele se viu gostando de Wilhelm. Como amigo, claro. E claro também que não queria que ele soubesse disso. E muito menos dos pensamentos perturbadores que estavam forçando sua mente para uma trilha nada apropriada.

Às vezes, quando Simon olhava para seus colegas de turma, principalmente os mais fortes, braços tonificados, ombros largos... Ele sentia... Algo... Em suas partes íntimas. E nesse exato momento estava sentindo a mesma sensação.

— Bom, eu não sou, então, não vai rolar.

Ele fez beicinho. — Tudo bem.

— Por que você não encontra um cara legal? — Simon perguntou.

— Eu?— Wilhelm falou, soltando um som prolongado de Pffffff, e olhou para seu próprio corpo, como se estivesse se auto avaliando. — Muito difícil! Eu não sou bonito e nada em forma, tipo, ninguém iria me querer.

— Que isso! Como assim ninguém? Existem lugares... Você sabe... Onde gays se encontram e coisas assim?

— Sim, eu acho, mas eu não quero um estranho tocando em mim, entende? — Wilhelm falou com os olhos grudados nos de Simon.

— Claro.

— Mas se eu me apaixonasse e essa pessoa também gostasse de mim... — ele divagou, seu sorriso evoluindo para um sorriso malandro. — Eu faria, com certeza.

— Você é um safado.

— Ô, Simon — Wilhelm disse num tom de súplica. — Por que você não pode ser gay? Eu ficaria fácil com você!

Simon sentiu a pele do seu rosto queimar. — Você vai conhecer alguém na nova escola. Com certeza vai ter vários gays para você se apaixonar — disse e fez uma pausa. Seu olhar se delongou no rosto de Wilhelm. Antes de Simon pensar se seria prudente dizer, disse mesmo assim: — Você é bonito.

— Você acha? — ele perguntou, com uma voz baixa e o par de olhos vulneráveis dele o deixou sem palavras.

— Vai chover — desconversou. — Eu preciso ir para o segundo tempo. Aula de reforço é uma bosta, mas o que eu posso fazer? Tenho que ir.

— Simon.

— Oi.

— É...

— Sim?

O Passado Define [Wilmon AU]Onde histórias criam vida. Descubra agora