Os primeiros raios de sol vazaram pela fresta da janela do quarto de Wilhelm, chegando aos pés da sua cama. Ainda sonolento, ele se espreguiçou no colchão e olhou para o céu azul.
Todo dia que acordava, Wilhelm se sentia grato por ter um lar e uma família. O mais realístico seria ele acabar sozinho pelo mundo, mas ele teve sorte... Sorte. Wilhelm não gostava dessa palavra e não sabia o porquê. Deu um pulo para fora da cama. Toda vez que emperrava em alguma característica sua que não sabia explicar, sentia necessidade de se mover.
Tomou um café com torradas e se aprontou para fazer uma corrida pelas redondezas. Não era um corredor sério, que contava os quilômetros percorridos e se preocupava com as calorias queimadas, não ligava para isso, apenas corria para espairecer a cabeça. Correu pelas ruas ao ritmo das batidas e, depois de dois minutinhos, gotas de suor já se formavam em sua testa.
Quando seu exercício chegou ao fim, encontrou a mulher de cabelos pretos ondulados no passeio da sua casa.
— Ei, você!
— Oi.
— Eu sou a nova vizinha. — Ela estendeu a mão. — Prazer, sou a Renata.
— Prazer, Renata. — Limpou a mão na bermuda para pegar na mão dela — Wilhelm.
— Ei, Wilhelm — Renata sorriu e olhou com atenção. — Engraçado, eu te conheço de algum lugar.
— Eu sempre morei aqui, mas fiquei fora por um tempo, voltei pra cá recentemente — Essa era a explicação que dava quando encontrava alguém na rua que dizia conhecê-lo.
— Você é irmão do Erik, não é?
— Sou sim, mais novo.
— Ele é muito simpático.
— É mesmo.
— Depois quero agradecer ele por ter me ajudado com as dicas. Estava em dúvida se alugava a casa ou não.
— Ele é muito prestativo mesmo.
— Fala para ele que mandei um oi.
— Falo sim.
— Até.
Wilhelm entrou na casa a passos largos. Tirou o tênis na porta da sala e foi para a cozinha tomar um copo de água. Um ventilador girava na velocidade máxima na tentativa de amenizar o calor daquela manhã de verão. Sua camisa estava colada no peito e o suor escorria pelo seu rosto.
— Você acorda muito cedo — Erik comentou. — Antes você dormia até o meio dia nos sábados.
Wilhelm bebeu um gole generoso de água. — A vizinha mandou um oi para você.
— Quem? — Ele arregalou os olhos — A Renata?
— Por que a surpresa?
Erik limpou a garganta. — Por nada. O que mais ela falou?
— Ele falou que você é simpático.
O sorriso que tomou conta do rosto do irmão fez Wilhelm sorrir também. — Sério?
— Acho que você deveria convidar ela para um almoço para dar as boas-vindas.
— Não inventa, Wilhelm.
— Tenho certeza que ela vai aceitar.
— Não é isso que você está pensando — ele disse na defensiva. — Ela é bacana assim com todo mundo.
— Eu tenho um bom olho para as pessoas.
— Como assim?
Wilhelm apenas deu os ombros. Não saberia explicar como conseguia ler bem as pessoas. — Não precisa ficar com vergonha. Você tá namorando por acaso?
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O Passado Define [Wilmon AU]
RomansaSem passado e com futuro ameaçado. É dessa forma que Wilhelm se sente depois que é encontrado ferido e sem memória na rodoviária de uma pequena cidade. Quem ele é? Para onde ia? Onde está sua família? Wilhelm não sabe a resposta para nenhuma dessas...