Capítulo 9

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Os primeiros raios de sol vazaram pela fresta da janela do quarto de Wilhelm, chegando aos pés da sua cama. Ainda sonolento, ele se espreguiçou no colchão e olhou para o céu azul.

Todo dia que acordava, Wilhelm se sentia grato por ter um lar e uma família. O mais realístico seria ele acabar sozinho pelo mundo, mas ele teve sorte... Sorte. Wilhelm não gostava dessa palavra e não sabia o porquê. Deu um pulo para fora da cama. Toda vez que emperrava em alguma característica sua que não sabia explicar, sentia necessidade de se mover.

Tomou um café com torradas e se aprontou para fazer uma corrida pelas redondezas. Não era um corredor sério, que contava os quilômetros percorridos e se preocupava com as calorias queimadas, não ligava para isso, apenas corria para espairecer a cabeça. Correu pelas ruas ao ritmo das batidas e, depois de dois minutinhos, gotas de suor já se formavam em sua testa.

Quando seu exercício chegou ao fim, encontrou a mulher de cabelos pretos ondulados no passeio da sua casa.

— Ei, você!

— Oi.

— Eu sou a nova vizinha. — Ela estendeu a mão. — Prazer, sou a Renata.

— Prazer, Renata. — Limpou a mão na bermuda para pegar na mão dela — Wilhelm.

— Ei, Wilhelm — Renata sorriu e olhou com atenção. — Engraçado, eu te conheço de algum lugar.

— Eu sempre morei aqui, mas fiquei fora por um tempo, voltei pra cá recentemente — Essa era a explicação que dava quando encontrava alguém na rua que dizia conhecê-lo.

— Você é irmão do Erik, não é?

— Sou sim, mais novo.

— Ele é muito simpático.

— É mesmo.

— Depois quero agradecer ele por ter me ajudado com as dicas. Estava em dúvida se alugava a casa ou não.

— Ele é muito prestativo mesmo.

— Fala para ele que mandei um oi.

— Falo sim.

— Até.

Wilhelm entrou na casa a passos largos. Tirou o tênis na porta da sala e foi para a cozinha tomar um copo de água. Um ventilador girava na velocidade máxima na tentativa de amenizar o calor daquela manhã de verão. Sua camisa estava colada no peito e o suor escorria pelo seu rosto.

— Você acorda muito cedo — Erik comentou. — Antes você dormia até o meio dia nos sábados.

Wilhelm bebeu um gole generoso de água. — A vizinha mandou um oi para você.

— Quem? — Ele arregalou os olhos — A Renata?

— Por que a surpresa?

Erik limpou a garganta. — Por nada. O que mais ela falou?

— Ele falou que você é simpático.

O sorriso que tomou conta do rosto do irmão fez Wilhelm sorrir também. — Sério?

— Acho que você deveria convidar ela para um almoço para dar as boas-vindas.

— Não inventa, Wilhelm.

— Tenho certeza que ela vai aceitar.

— Não é isso que você está pensando — ele disse na defensiva. — Ela é bacana assim com todo mundo.

— Eu tenho um bom olho para as pessoas.

— Como assim?

Wilhelm apenas deu os ombros. Não saberia explicar como conseguia ler bem as pessoas. — Não precisa ficar com vergonha. Você tá namorando por acaso?

O Passado Define [Wilmon AU]Onde histórias criam vida. Descubra agora