O alarme disparou às 5 horas da manhã, mas Simon já estava acordado.
A dor de cabeça com a qual acordou não foi muito impressionante, mas ele se perguntou se era uma desculpa boa o suficiente para matar a aula. Talvez voltar para a faculdade de economia não foi uma das decisões mais inteligentes, mas o que estava decidido estava decidido. Não iria desistir. Não dessa vez.
Depois de fechar as portas do Transato, Simon pegou o ônibus para a faculdade. Trabalhar durante o dia e estudar à noite. Essa estava sendo sua rotina nas últimas duas semanas.
O prédio estava surpreendentemente movimentado naquela sexta à noite. Pequenos grupos de estudantes entravam e saíam da entrada principal, enquanto outros se reuniam em volta dos carros estacionados no estacionamento ou fumavam sob as árvores próximas.
Observando-os individualmente, Simon deduziu um ponto em comum: noventa por cento deles eram jovens - ou mais jovens do que ele.
— Juro que não tem ninguém da minha idade aqui — disse para si mesmo enquanto digitava uma mensagem para Júlio.
SIMON: Eu preciso falar com você
SIMON: É urgente
JÚLIO: O que foi?
Simon entrou na sala e esperou estar devidamente sentado na última fileira para enviar a notícia.
SIMON: Wilhelm voltou
Ainda não conseguia acreditar. Wilhelm estava vivo. E aparentemente bem. Só não sabia onde vivia, como vivia, porque não havia o procurado para descobrir. Ainda.
Ensaiou várias vezes pegando o ônibus para chegar até a cidade dele. Estudou o trajeto minuciosamente. Seria um bate e volta. Só que algo o segurava para comprar a passagem. Faltava coragem ou era excesso de medo. Poderia ser orgulho também. Era um misto de sentimentos... Ruins. Não eram bons.
Wilhelm só voltou por causa do Erik. Precisou de uma morte acontecer para ele querer voltar. Voltar era uma opção. Só que ele não voltou por sua causa. Ele claramente não quis. E isso doeu. Muito.
Foi então que viu o quanto foi bom ter voltado a estudar. As aulas de análises de investimentos e viabilidade eram excelentes para manter sua cabeça ocupada. Fora o quentinho no coração em ver o sorriso orgulhoso no rosto do seu pai. Aos poucos estava tomando as rédeas da sua vida.
— Simon — Júlio falou assim que passou pela porta do Transato após as onze horas da noite. Ele franziu o cenho quando viu sua figura prostrada na poltrona. — Você tá com um aspecto horrível.
— Boa noite para você também — disse com uma risada cansada.
— Eu sabia que você queria voltar a estudar, mas caramba.
— Faz parte. — Esfregando os olhos. — É melhor do que ter muito tempo livre.
Júlio assentiu, cruzando os braços na frente do corpo. — Então...
— Wilhelm voltou — completou com um profundo suspiro. — Ele apareceu como se nada tivesse acontecido.
Como se eu não tivesse esperado por ele, como se eu não tivesse sofrido horrores todo esse tempo, esperando que fosse recebê-lo de braços abertos com um sorriso de quilómetros no rosto? Claro que essa parte ficou apenas no seu pensamento.
Júlio puxou a cadeira atrás do balcão para se sentar à sua frente. — Onde ele está?
— Morando numa cidade que fica umas 3 horas daqui.
— E o que você vai fazer?
— Não sei.
— Não vai procurá-lo?
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O Passado Define [Wilmon AU]
RomanceSem passado e com futuro ameaçado. É dessa forma que Wilhelm se sente depois que é encontrado ferido e sem memória na rodoviária de uma pequena cidade. Quem ele é? Para onde ia? Onde está sua família? Wilhelm não sabe a resposta para nenhuma dessas...