- Júlio, você está olhando para uma mulher casada - Wille disse enquanto Júlio encarava uma mulher atraente atravessar a rua.
Ele virou o pescoço rápido em sua direção e, com olhos surpresos, perguntou: - Como você sabe?!
- Não precisa ser um Sherlock para saber.
- Tem certeza? - Júlio questionou duvidoso. - Ela não tem aliança.
Wille revirou os olhos. - Aliança torna óbvio, mas existem outros sinais.
- Você deveria estar lucrando milhões com suas habilidades. - Júlio exclamou, mas a expressão em seu rosto rapidamente transformou-se em uma careta de remorso. - Me desculpe, eu não quis ser insensível.
Wille balançou a cabeça com uma expressão neutra, mostrando que não era nada, apesar de sentir o peso doloroso de tudo que fez para acumular a riqueza que tinha guardado. Era lógico que Júlio sabia que nunca seria capaz de se perdoar. Cada nota de dinheiro em sua conta representava uma vida arruinada e isso o corroía por dentro.
- Como foi o encontro com Simon? - Júlio perguntou depois de um tempo. - Você está me enrolando para contar.
Wille enrugou a testa. Ele estava certo, definitivamente não queria falar sobre Simon. - E a Larissa? Não está encontrando ela mais?
Ele riu da mudança de assunto. - Não tanto quanto antes.
Os dois caminhavam lado a lado, carregando sacolas de compras. O sol poente iluminava as ruas da cidade, conferindo aos prédios um tom dourado e mágico. Era bonito. Uma pena não poder ficar muito tempo fora.
- Fique à vontade - disse, abrindo a porta do lugar que considerava seu esconderijo.
Morava em um conjunto de três torres suspensas, cada uma com dez andares perfeitamente alinhados. Os apartamentos eram uniformes, como se fossem cópias exatas uns dos outros. A segurança era reforçada em todas as entradas e saídas do edifício.
Ao entrar no seu apartamento, Júlio foi recebido por um espaço modesto, porém confortável. O quarto era aconchegante, com uma cama king-size, coberta por um delicado edredom branco. A cozinha funcional, equipada com os utensílios mais básicos para cozinhar. Uma varanda espaçosa, coberta por uma cortina grossa. A sala de estar era composta por um sofá de couro e uma estante de livros bem organizada.
- Nada mal - ele comentou. - Eu esperava algo pior, bem pior.
- Vou aceitar isso como um elogio.
- E como está o trabalho? - Júlio perguntou, colocando as sacolas do supermercado no balcão da cozinha.
- Não é ruim - explicou, começando a organizar as compras. Sempre fazia supermercado para quinze, às vezes vinte e cinco dias, assim evitava ficar saindo de casa. Era arriscado estar à vista das pessoas. - Eu descarrego mercadorias de caminhões em um porão. Não tem muito segredo.
- Você deveria encontrar outro tipo de emprego - Júlio falou ficando pensativo, as sobrancelhas unindo em confusão, depois de uns segundos emendou: - Já pensou em fazer faculdade?
Wille franziu o cenho. - Faculdade?
- Você ama ler sobre anatomia e neurociência - ele apontou a estante de livros com a cabeça. - Por que não faz medicina?
- Como você?
- Você não me acha legal?
- Eu acho que você não tem vida.
- Exatamente - ele comemorou como se fosse uma coisa boa. - Assim como você.
Os dois riram.
- Não posso, é muito arriscado - Wille disse por fim.
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O Passado Define [Wilmon AU]
Storie d'amoreSem passado e com futuro ameaçado. É dessa forma que Wilhelm se sente depois que é encontrado ferido e sem memória na rodoviária de uma pequena cidade. Quem ele é? Para onde ia? Onde está sua família? Wilhelm não sabe a resposta para nenhuma dessas...