O aroma da grama recém-cortada do centro terapêutico enchia o ar enquanto os raios quentes do sol da tarde atingiam o rosto de Wilhelm sentado no banco de ardósia. Iria sentir falta daquele lugar, principalmente daquela pessoa que caminhava em sua direção. Felice.
- Aí está você - ela disse assim que se sentou ao seu lado.
- Obrigado por tudo - o coração de Wilhelm estava apertado. - Eu nunca teria conseguido sem você.
Felice sorriu e segurou sua mão com ternura. - Foi uma honra ajudá-lo a encontrar seu caminho.
- Isso não é uma despedida - avisou, não querendo chorar. - Eu não vou sumir.
- Eu sei - ela disse sem vacilar. - E você sempre será bem-vindo aqui.
Wilhelm torceu o nariz. - Eu não vou sumir, mas também não vou voltar. Minha vida agora é lá.
Felice nada disse, apenas sorriu.
No primeiro dia de emprego no hospital, Wilhelm sentiu um misto de ansiedade e entusiasmo. Ele foi escalado para começar em uma UTI adulta de 32 leitos, um ambiente muito diferente do centro terapêutico.
Enquanto caminhavam pelos corredores, Wilhelm observava tudo ao seu redor, absorvendo cada detalhe. Sua mente girava com pensamentos sobre os desafios que enfrentaria e como ele poderia aplicar o que aprendeu no centro terapêutico.
- Não precisa ficar com medo - disse Larissa com um sorriso acolhedor. - Aqui nós cuidamos uns dos outros, assim como você fez no centro terapêutico.
- Obrigado - respondeu, um sorriso tímido se formando em seus lábios. - Eu prometo dar o meu melhor.
E assim começou a nova jornada de Wilhelm. Respirou fundo enquanto vestia a roupa privativa e colocava a touca. A UTI adulta parecia ser um mundo à parte, um universo repleto de máquinas e monitores que zumbiam constantemente, mantendo os pacientes vivos.
- Vamos rever as rotinas e responsabilidades do setor - avisou Larissa. - Você será responsável por dois pacientes de alto risco, cuidando de todas as tarefas necessárias, desde a administração de medicamentos até o banho no leito.
Larissa explicou sobre o controle dos sinais vitais a cada duas horas, banho no leito, troca de curativos, medicações em bomba de infusão e administração de medicamentos de horário.
- Aqui está uma cópia do protocolo da unidade. Ele contém informações importantes sobre tudo o que já foi falado.
Wilhelm folheou o documento. - Vai ser muito útil.
- Você vai pegar o jeito, não se preocupe.
Ao final de seu primeiro dia, Wilhelm sentiu o peso da responsabilidade ao ser apresentado às bombas de infusão que continham as famosas e temidas drogas: vasoativas, sedativas e analgésicos. Ele observou os tubos entrelaçados e o líquido colorido fluindo através deles, imaginando como seria capaz de manusear aquelas máquinas complexas. A vida dos pacientes dependia dessas drogas para sobreviver, tornando essa responsabilidade um tanto tensa, algo que já estava acostumado, era uma realidade que conhecia bem.
Na hora de ir embora, Wilhelm encontrou Júlio na cafeteria do hospital. Ele acenou para sentar na mesa dele.
- E então? Como foi seu primeiro dia? - ele perguntou, sorrindo.
Wilhelm primeiro soltou um longo suspiro, depois respondeu: - Intenso.
Júlio assentiu, compreensivo. - A jornada do enfermeiro não é fácil, mas a curiosidade é a maior propulsora dos estudos.
- Eu não vou decepcionar - disse. - Essa oportunidade é tudo para mim.
Júlio sorriu e permaneceu sorrindo enquanto olhava em seu rosto. Quis saber o que estava passando pela cabeça dele. Então, ele finalmente disse algo:
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O Passado Define [Wilmon AU]
Storie d'amoreSem passado e com futuro ameaçado. É dessa forma que Wilhelm se sente depois que é encontrado ferido e sem memória na rodoviária de uma pequena cidade. Quem ele é? Para onde ia? Onde está sua família? Wilhelm não sabe a resposta para nenhuma dessas...