— O que você está fazendo aí em cima? — Ana perguntou, levando a mão à altura do rosto para bloquear a luz do sol e assim enxergar Wilhelm.
Ele estava no parapeito da janela do segundo andar do restaurante. — A lâmpada queimou.
— Podemos chamar uma pessoa para trocar.
— Eu consigo fazer.
— É perigoso, você pode cair.
— Relaxa. — Wilhelm tirou a lâmpada queimada e a substituiu por uma nova. — Pronto, feito.
— Cuidado, Wilhelm! — Ana exclamou ao ver ele começar a escalar abaixo.
Wilhelm foi de um lado para o outro, aproximando-se da calçada, suas mãos usando como suporte os ornamentos de concreto de alto relevo da parede. Ele pulou a pouca distância que faltava, dobrando os joelhos para amortecer o impacto.
— Você podia ter descido pelas escadas, sabia?
— Assim era mais rápido — ele falou, esfregando as palmas das mãos para tirar a poeira.
Ana balançou a cabeça em desaprovação e foi para o balcão. Wilhelm olhou para ela e depois para a mesa que arrumava umas três vezes antes de soltar a pergunta que não queria fazer para Erik:
— Ana, eu era diferente dos outros meninos?
— Como assim?
— Eu já namorei?
Ana fez uma pausa para pensar. — Não, eu nunca te vi com uma menina.
— Eu já falei do Simon para você?
Ela riu. — Já, você não desgrudava dele. Erik não gostava.
— Por quê?
— Você sabe o porquê — ela respondeu com um gracejo.
O olhar de Wilhelm derivou para a janela do restaurante enquanto sua cabeça concluía que Erik sabia que ele era gay. Queria pensar mais sobre isso, mas, pelo vidro um pouco embaçado, viu Alex atravessar a rua.
— Já volto — avisou para Ana e foi receber Alex na entrada do restaurante.
— E aí, Wilhelm — ele falou e contornou o lugar com os olhos. — Nossa, aqui não mudou nada.
— Tá com tempo para conversar?
— Claro.
Alex se acomodou em uma das primeiras mesas e Wilhelm sentou na frente dele. Não sabia exatamente o que queria conversar com ele, só queria saber um pouco mais sobre como era, como se conheceram. Qualquer nova informação era útil.
— Você mora no bairro?
— Não mais, me mudei há pouco tempo — Alex respondeu, com um sorriso no canto da boca. — Minha empresa cresceu muito, fui para um bairro melhor.
Wilhelm registrou a pontada de desprezo na fala dele. Pensou em perguntar se ele não gostava do bairro, mas seria perda de tempo, pois a resposta era óbvia. — Eu voltei, mas eu não me lembro de nada, por isso queria conversar com você.
Alex ergueu as sobrancelhas em surpresa, mas Wilhelm notou que era uma expressão forjada. Ele já sabia sobre sua amnésia. — Sério?
— Nós éramos amigos?
— Huuum — Ele fez suspense, claramente se divertindo com a situação. — Não diria amigos.
— Você conhece o Simon?
— Estudamos juntos... — ele respondeu, deixando a frase no ar, como se quisesse mostrar que havia mais história para contar.
— Me conta o que você sabe.
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O Passado Define [Wilmon AU]
RomantizmSem passado e com futuro ameaçado. É dessa forma que Wilhelm se sente depois que é encontrado ferido e sem memória na rodoviária de uma pequena cidade. Quem ele é? Para onde ia? Onde está sua família? Wilhelm não sabe a resposta para nenhuma dessas...