CAPÍTULO 38

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JAKE

Uma batida ecoa na porta e escuto ela se abrir. Escondo meu caderno atrás das minha costas com rapidez.
– Hum, oi?
Gaby.
Gaby a prima da Isabelly está parada na frente da porta, olhando para mim com  olhos cansado e meio triste.
– Oi — digo.
Um silêncio desconfortável preenche o espaço.
– É, desculpa. Acho que até agora você já sabe que eu desconfiei de você até o final. — ela se balança de pé nas pontas dos pés e olha para baixo com as mãos nos bolsos.
Engulo o nó que se formou na minha garganta.
– Tudo bem, eu entendo. — digo olhando para Isabelly.
– Sabe eu ainda carrego mágoas do que você fez a Isabelly. — meu corpo se tenciona. — Não sei por que você partiu o coração dela aquela vez. Mas acredito que você gosta dela mesmo.
– Você não sabe o quanto. — sem nem pensar eu digo sem desgrudar os olhos da Isabelly.
– Eu sabia. Basta olha para como você olha para ela que já descobre.
– Oi? — me assunto com essa análise dela.
– É verdade. Eu só não quero que você a magoe mais, ela já sofreu o bastante nessa vida. — Gaby diz com a voz baixa se sentando em uma cadeira do outro lado do quarto.
– Eu não vou. E um logo ela vai saber de toda a verdade. — digo.
– Que verdade? — curiosa Gaby pergunta. — Quer saber não precisa contar, isso é algo que vocês tem que resolver entre vocês dois primeiros.
– Obrigado! — digo olhando para a Gaby.
– Pelo o que? — confusa ela pergunta.
– Por cuidar dela sempre — Volto a olhar para Isabelly. — Ela tem sorte de ter você. Você pode cuidar dela sempre, por favor?
– Eu sempre vou cuida-lá. — a voz dela dia firme.  — E você também.
Olho para ela e ela nem espera eu dizer nada.
– Vocês salvaram um ao outro aquela noite. Espero que você continue a protegendo.
– Ela me salvou aquela noite. — corrijo. — Mas eu sempre vou cuidar dela!
  Outra batida é escutada na porta. Lilly aparece na porta.
– Vamos voltar para o quarto Jake? Já está na hora de alguns remédios.
Aperto meu cabelo nas mãos. Não queria sair algo, queria ficar olhando mais um pouco para a Isabelly mas os remédios já estão na hora e quanto antes eu melhorar vai ser melhor.
– Tudo bem.
Vejo ela entrar e atrás dela o Richy entra. Os dois me ajudam a sentar na cadeira de rodas  e me levam para o meu quarto.
Os enfermeiros aparecem com os remédios e troca de gases e faixa. Depois que eles terminam tudo meu celular vibra no meu bolso.
Estranho.
Pego meu celular e ligo a tela de notificação. Tem uma mensagem de um número desconhecido.
" Desculpa a demora do resgate cara, perdi a localização várias vezes e isso complicou tudo. Ainda bem que vocês estão vivos pelo menos, não é? E aliás de nada".

DARKNESS .

Esse idiota. Foi o que eu pensei, com a demora ele deve ter perdido o sinal algumas vezes. Ainda bem que no final deu tudo certo.
"Obrigado." Respondo.
"Agora você está devendo uma para mim."
" Eu sempre cumpro minhas dívidas."
 
Largo o celular e o sono começa a atacar minha mente. São 20:00 da noite e os remédios já devem estar fazendo efeito no meu corpo.


ISABELLY

Meu corpo dói ainda um pouco. Meus olhos estão pesados e meus ouvidos captam o barulhinho da máquina ao meu lado. Estou me sentindo meio sonolenta, não sei. Não sei que horas são. O último acontecimento ainda está tão recente, devem ter passado algumas horas desde tudo. Forço meu olhos pesados a se abrirem e meu corpo a se sentar na cama. Logo olho para uma poltrona no canto da sala e vejo uma mulher atenta com os olhos arregalados se levantando rapidamente e vindo em minha direção.
– Isabelly até que enfim. Como você está? Está bem? Sente dor? Quer que eu chame o médico? — preocupada ela pergunta.
Quem é você? — pergunto de súbito.
A mulher dá um tropeço para atrás, quase se desequilibrando e fica pálida na hora olhando para mim com medo.
Que sou eu?? Não meu deus! Não, isso de novo não. Eu não vou aguentar. — ela vira de costas para mim falando desesperada com as mãos agarrando o cabelo solto.
– Para de drama sua feia. — solto uma gargalhada leve.
Gaby se vira bruscamente para mim e seu corpo relaxa enquanto ela tem um sorriso estampado no rosto.
– Nunca achei que eu ficaria tão feliz por você me chamar de feia.
E ela corre me abraçar. Seu abraço é cheio de carinho, felicidade e o restinho de preocupação.
Nunca fiquei com tanto medo de fechar meus olhos e não abri-los mais, igual senti quando eles se fecharam naquela noite. Lutar pela sua vida já é difícil, agora lutar por 2 vidas é mais ainda. Lutei pela minha vida e a do Jake e ele lutou pela dele e a minha. Enfrentamos tanto medo aquele dia que mesmo estando em um hospital agora e toda machucada já é uma vitória. Isso me faz lembrar da Hannah, eu não vi ela mais no meio daquela confusão. É possível que o Jake esqueceu ela? Não, isso é meio improvável, não é possível. Será que ela fugiu? Como ela está agora e onde?
Gaby termina de me abraçar e diz com tristeza na voz:
– Eu fiquei com tanto medo de te perder de novo.
– Eu imagino, me desculpa. — digo baixinho.
– Desculpa eu, eu vim te proteger e não consegui de novo. — ela pega na minha mão.
– Sabe o que eu pensei no meio daquela situação? — pergunto. — Pensei que se eu não saísse viva você iria querer morrer só pra brigar comigo por eu não ser forte. — aperto sua mão sorrindo.
– Que bom que eu fui um dos motivos de você lutar. — ela diz.
– Bom e meus pais já estão sabendo?
– Eu liguei para eles, você pode imaginar que eles surtaram né mas falei pra eles não virem, foi difícil mais consegui convencer,e nem contei que você estava desacordada se não eles pegariam o primeiro avião e estariam aqui.
Como assim desacordada?? — assustada pergunto. — Quanto tempo desacordada?
– Hum, 3 dias. — ela coça a cabeça?
– O que?? — grito. — Como assim? Explica isso.
– Bom, você inalou muita fumaça e perdeu muito sangue. Nas  primeiras horas foram horríveis por que não tinha sangue seu e ninguém era compatível, tiveram que trazer de outro hospital. — Como sempre eu lutando pela vida. Penso  — Você deve ter ficado fraca e isso gerou esses dias com você desacordada.
Mais 3 dias???
– Bom era pra ser só algumas horas mas demorou mais. Eu já estava preocupada. — minha prima diz.
– Meu deus Gaby e eu achando que era algumas horas só. E os outros? O Jake? Hannah?
Pergunto meio com medo da resposta.
– O Jake está no quarto ao lado daqui, está em observação esses dias. Ele levou um tiro na perna  , perdeu bastante sangue e inalou fumaça tbm. Então por esses motivos ele está aqui se recuperando ainda. — a voz da minha prima se torna triste. — E a Hannah ela está em casa, ela conseguiu sair da casa. O Jake mandou ela sair pelo segundo andar no meio daquela confusão. Só que ela acabou perdendo o bebê.
Meu corpo se arrepia e meu coração fica pesado.  Sinto muito pela Hannah, eu lembro que ela estava com a mão na barriga várias vezes. O medo e tudo isso devem ter feito ela perder o bebê. E sinto um alívio por saber que o Jake está bem e no quarto ao lado, não vejo a hora de vê-lo.
– Isso tudo foi um pesadelo. — digo e olho a Gaby indo se sentar na poltrona. Ela vai sentar e senta em um caderno. Gaby sente o caderno na sua bunda e levanta pegando o caderno e olhando com a cara feia.
– Não sei de quem é isso, talvez seja do Jake. Ele estava aqui antes de mim.
Meus olhos se arregalam.
– Ele estava aqui? Comigo desacordada? — pergunto subitamente, sentindo uma alegria subir pela minha espinha.
– Sim, ele insistiu com a Lilly e conseguiu que trouxessem ele aqui.
Meus lábios abrem um sorriso bobo e me sinto mais idiota ainda quando a Gaby olha com a cara feia pra mim.
– Então isso deve ser dele mesmo, já estava aqui mas não quis olhar. Mi ha preocupação com você me deixou atordoada até. Mas o que será que é isso? É um caderno velho e por que ele andaria com isso. — ela observa o caderno e vai abrir quando interrompo.
– Deixa eu ver — peço com a mão estendida.
Ela levanta e traz pra mim. Pego o caderninho e olho. É antigo e já está meio que desgastado. O caderno já está meio amarelado e meio amassado com algumas folhas estufadas, devem ser as escritas. Mas o que seria isso? Começo a abrir quando escuto a voz da Gaby.
– Isso é invasão de privacidade, vai que é um diário.
– Bom se fosse eu ele estaríamos quites em questão de privacidade mas acho que não é um diário, não é a cara dele. Deve ser algumas anotações de computador não sei. — dou de ombros olhando o caderno com um desenho de um carro na capa.
– Se for ele é descuidado. — minha prima diz em uma careta.
– Talvez ele saiu com pressa daqui e esqueceu.
– Realmente ele saiu com pressa quando a Lilly veio por que era hora dos remédios dele.
Mal escuto minha prima e já estou abrindo o caderno. Abro na primeira página e encontro uma letra ilegível. Olho para o lado e minha prima está quase encima de mim pra tentar ler, fecho o caderno rapidamente.
– Hum bom será que você poderia me deixar sozinha?  — pergunto.
– De jeito nenhum. — ela retruca.
– Gaby por favor, só quero ler isso aqui.
– Mas eu também quero.
GABY!  — minha voz sai firme. Ela me encara e desiste.
– Tá bom, tá bom. Mas depois eu volto, e vou deixar você descansar também. Acho que agora consigo ir tomar um banho sem me preocupar.
– Vai lá. Ah e pode falar para os outros que eu acordei só fale que eu estou descansando e amanhã fala com eles. E não comente desse caderninho com ninguém. Quero ler antes. Pode fazer isso por favor? — peço.
Ela olha pra mim e para o caderno e solta um suspiro.
– Tudo bem.
Sorrio e ela se aproxima dando um beijo na minha bochecha e sai dando tchau pela porta.
Sozinha estou novamente, apenas na companhia de um caderninho antigo e me sentindo intrusa por Ler sabe o que, que está escrito aqui. Sendo só Jake já sei que qualquer coisa é uma invasão de privacidade dele mas não consigo evitar de ler. Algo na minha mente está dizendo para mim ler.

A VINGANÇA JÁ FOI SELADA Onde histórias criam vida. Descubra agora