ABC do Desapego (GaaLee)

XIII - Acabamos por aqui

E se no fim de semana, depois daquele café da manhã desastroso, o clima entre eles foi estranho, tudo só ficou mais estranho ainda na segunda-feira, quando Lee foi levar o filho à escola, e encontrou-se com o senhor Gaara.

Eles se cumprimentaram apenas com um bom dia, com Lee parecendo apressado para sair dali. E a tarde, quando foi buscar a criança, a mesma coisa. E o comportamento continuou estranho entre eles ao longo da semana. Para a sorte do senhor Gaara, o pequeno Metal pareceu esquecer do beijo que presenciou entre o pai e o professor, e teve uma semana normal na escola. Mas, o professor se incomodava com o comportamento de Lee. Ele sabia que ele o estava evitando, e aquilo estava começando a irritá-lo. E naquela sexta, quando Lee foi buscar o filho na escola, Gaara decidiu tentar se "reconciliar" com ele. Afinal, era sexta feira, e Gaara bem que gostaria de mais uma foda deliciosa com o senhor Lee durante o fim de semana.

— Oi papai! — Metal disse ao ver o pai que tinha vindo buscá-lo.

— Oi filho... Como foi a aula? — Lee perguntou pegando o pequeno no colo, como fazia todos os dias.

— Foi legal, hoje a gente aprendeu sobre os animais marinhos.

— Que legal filho. Agora vamos... — ele disse apressado ao ver o senhor Gaara vindo em sua direção.

Mas não conseguiu fugir dele rápido o suficiente. O ruivo lindo, logo estava à porta da sala, o encarando com seu sorriso. Aquele sorrisinho fofo que, como uma máscara de bom moço, escondia o diabinho que ele era.

— Olá senhor Lee.

— Ahn... oi Gaa... digo... senhor Gaara.

— Será que, podemos conversar um minuto?

— Eu não sei, eu preciso ir logo... — Lee pedia parecendo nervoso.

— Por favor, Lee — pediu com aqueles olhinhos perfeitos — não vai demorar.

E Lee respirou fundo aceitando ouvir o que o senhor Gaara tinha a dizer. O professor pediu que Matsuri olhasse as crianças por um instante enquanto ele e o senhor Lee foram até a sala vazia ao lado. Gaara entrou logo atrás do moreno fechando a porta.

— E então, senhor Gaara, o que queria conversar comigo? — perguntou apressado, querendo terminar logo com aquilo.

Gaara chegou mais perto dele, bem perto, e num golpe rápido, segurou seu rosto e o beijou na boca.

Lee ficou os primeiros dois segundos sem reação, mas logo segurou o ruivo e o afastou de si.

— O que está fazendo?

— Quero você, Lee! Estou cansado de fingir que não quero. A semana toda, com você me evitando, foi um tormento. Eu te quero, e sei que você me quer também!

Lee ficou boquiaberto, tanto pelo beijo roubado quanto pela declaração.

— Sim Gaara. Eu te quero! Mas, não da forma como você me quer.

— Lee... não seja bobo... — disse se aproximando novamente, acariciando os braços dele — O que nós temos é tão gostoso. Vamos continuar assim.. Você vai ao meu apartamento, nós transamos... e eu faço tudo o que você quiser! — disse com o tom de voz mais sensual que tinha, esfregando o corpo dele por cima da roupa.

— Tudo o que eu quiser? — Lee perguntou levantando a sobrancelha.

— Tudinho... — sussurrou chegando os lábios bem perto.

Lee também se aproximou dele, sem desviar o olhar, aproximando seus lábios em um quase beijo.

— E que tal sair comigo num encontro? — disse se afastando novamente, deixando o ruivo apenas com o arfar.

Gaara precisou de alguns segundos para recuperar o ar.

— Sair com você?... Encontro?!

— É. Um encontro de verdade, com um jantar romântico, num bom restaurante.

— Lee... — resmungou frustrado — Por que está dificultando tudo? Por que você quer romance?! — perguntou choroso — Lembra como foi gostoso nas primeiras vezes?! Você e eu no meu apartamento, só fazendo muito sexo! Aquilo não foi bom?!

— E quanto a última vez lá em casa? — Lee perguntou de volta — Com um jantar preparado com carinho, com música, dança...? — Não foi bom pra você?! Os beijos... o banho de banheira juntos... Você não gostou daquilo?!

— É claro que eu gostei, Lee. Mas aquilo, leva a algo que eu não quero...

— Compromisso... — Lee completou, e o professor baixou a cabeça em concordância.

— Exatamente. Não posso me comprometer.

— Do que você tem medo, Gaara? — Lee perguntou segurando o queixo dele, o fazendo olhar para si.

— Eu sou uma pessoa difícil de se amar, Lee.

— Deixa que eu decido isso!

Gaara apertou os lábios e depois suspirou.

— Desculpe, Lee. Só o que eu posso te oferecer, é o meu corpo, e uma foda gostosa — disse se afastando dele.

Lee também suspirou, só que frustrado e com um olhar triste.

— Eu quero o seu coração.

— Isso eu não posso te dar.

— Ok... — Lee concordou com um sorriso triste, e Gaara viu que ele estava se segurando para não chorar — Eu quero te amar de verdade, e você só quer me usar pra se aliviar... Eu... Não posso continuar com isso! — Lee sentiu uma lágrima escorrer do olho, mas limpou logo. Porém, sua voz embargada denunciava sua tristeza

— Lee...

— Acho que acabamos por aqui.

Gaara pensou em dizer alguma coisa, mas não conseguiu. O senhor Lee virou e saiu limpando os olhos, e quando Gaara finalmente saiu da sala, ele já havia partido com o filho. Deixando o ruivo com nada além de um coração cheio de remorso.

As semanas se seguiram com a rotina de sempre. Senhor Lee e senhor Gaara cumprimentando-se com nada mais do que um "bom dia" meio sem sal.

Gaara sentia um desejo enorme de estar com aquele homem novamente, mas da forma como Rock Lee queria, ele não poderia. Não poderia dar seu coração a ele. Era complicado demais. Difícil demais. Gaara estava acostumada a uma vida de relacionamentos que deram errado. Seus pais, sua irmã, tudo o que via quando pensava em amor, era o sofrimento que ele poderia causar, e por isso se recusava a abrir seu coração.

Já Lee, sentia todos os dias o coração partido. Era difícil ver o senhor Gaara todo dia e tratá-lo como se não o amasse. Mas não ia mais se submeter a ser objeto sexual dele, o satisfazendo as custas de ferir o próprio coração.