𝑶 𝑸𝑼𝑨𝑹𝑻𝑶 𝑫𝑨 𝑴𝑨𝑵𝑼

495 18 6
                                    

Thaysa – Três semanas se passaram depois do que aconteceu, meu olho estava bem melhor e o inchaço havia passado, sobrava apenas uma sombra roxa que ainda o rodeava, eu fiquei com as marcas do cigarro, passava alguns cremes todo dia e melhorou bastante, as marcas dos tapas e beliscos sumiram nos primeiros dias, mais uma coisa que não ia passar tão cedo eram as lembranças e o nojo que eu sentia, eu acordava assustada e R.G sempre do meu lado. Desde aquela noite a neném sempre mexe bastante ou fica toda dura dentro da barriga, isso me causa um certo desconforto e dor as vezes, nós fomos no médico dois dias após o ocorrido e o médico me disse que era pelo susto e eu também fiz alguns exames, mas graças a Deus não havia contraído nenhuma doença e ela estava bem. R.G e eu estamos bem próximos, um namoro define oque estamos tendo, a gente se beija, a gente brinca, conversa sobre o futuro, revelamos bastante nossas intimidades um pro outro e ele sempre me levava pra distrair a cabeça e pra matar meus desejos que se tornaram contínuos, porém em relação a sexo eu continuava travada, ele nunca força a barra eu e meus hormônios provocamos ele, mas na hora H eu sempre travo, ele me diz que tudo bem e a gente apenas dorme junto. As outras meninas e Rita quando souberam me deram todo o apoio necessário, Rita veio duas semanas seguidas e só foi embora nessa porque a irmã precisava dela também. Em minha cabeça, sempre quando eu estava só a cena se repetia de novo e de novo, era doloso lembrar, mas aos poucos essas lembranças vinham com menos freqüência.

                             ***

Hoje é segunda feira e R.G vai comigo comprar as coisas do quarto da bebê, enfim decidi as cores, vai ser lilás e branco, eu já estava maquiada e pronta esperando ele, peguei minha bolsa e desci as escadas, Manu começou a se esticar todinha dentro da barriga, respirei fundo e sentei no sofá, começei a falar com ela pra ver se ela se acalmava.

— Ei amor, calma, nada de mal vai acontecer minha linda – Ela foi relaxando calmamente e R.G desceu as escadas, veio até minha barriga e a beijou, colocou a mão e falou com ela, na mesma hora ela relaxou por completo e chutou a mão dele, o fitei brava e ele riu. — Sua puxa saco.

R.G – Três semanas passou depois da merda que aconteceu e thaysa tava baqueada ainda, mas eu tava sempre ali com ela e com minha filha, eu me controlava pra caralho em relação ao sexo, não forçava nada e Roberta me procurava quase toda hora mas eu negava, o dia que ela disse que Thaysa tinha gostado do que aconteceu eu fiquei muito louco, dei uns tapas naquela puta interesseira e mandei ela sumir.

                            ***

Hoje vamos lá no shopping comprar os móveis do quarto da neném e as outras coisas. Eu desci e ela tava com a mão na barriga e uma cara de bunda, falei e passei a mão na barriga dela e ela chamou a nenem de puxa saco, dei risada e peguei a mão dela.

— Vamo minhas lindas – Ela sorriu e se levantou, eu gostava pra caramba quando ela dava esse tipo de sorriso, acalmava meu corpo inteiro.

Thaysa – Chegamos no shopping e passamos em muitas lojas, apenas duas me agradaram, encomendamos os móveis e acessórios pra decoração do quarto, fomos na segunda loja que eu mais gostei e começamos a olhar as coisas, eu sempre fui muito gentil com vendedoras, mas essa já estava irritando, sem falar que ficava toda hora em cima do R.G, peguei na mão dele disfarçadamente e sorri.

— Amor, que tal vermos algumas fraldas primeiro? – Olhei ela.

— Linda quando eu precisar eu chamo ta bom?– Ela saiu e eu soltei a mão dele. — Cala a boca tá.

Caminhei olhando alguns pacotes de fralda, comecei com 10 pacotes tamanho RN e com 2 de outros tamanhos, quando ela nascer e conforme for crescendo a gente compra mais, peguei, talco, lencinho, contonete, pomada, álcool em gel e muito mais coisa que ELE lembrou e eu não. Assim que comprei as primeiras roupinhas para pelo menos os dois primeiros meses e uma linda saidinha de maternidade o R.G inventou de ir em uma joalheiria, e eu não tava entendendo, ele conversou com o atendente e eu observei, ele piscou e foi até o outro balcão me deixando sentada, ele escolheu alguma coisa e mandou gravar, depois de uns 5 minutos ele deu duas notas de cem para pagar e voltou até onde eu estava e abriu uma caixinha, senti meus olhos encherem assim que vi uma pequena pulseira de ouro com plaquinha e o nome Emanuelle gravado ali.

— Como é linda amor – Levantei abraçando-o e depositei um selinho em seus lábios, ele sorriu e limpou meu rosto.

R.G — Para de ser chorona mulher – Ela mostrou língua e eu dei risada. — Bora comer pra ir embora, tenho carregamento pra entregar.

Fui com ela até a praça de alimentação e pedi um almoço reforçado, eu bati minha montanha e ela também, comprei uma sobremesa de playba pra ela que ficou toda contente. A gente já tava pra ir embora quando ela ficou branca assim que veio uma velha toda no requinte cumprimentar ela, não sei porque, mas já não gostei.

Thaysa – Estávamos pegando as sacolas para voltar pra casa quando ouvi um Oi, eu sabia a quem pertencia a voz, olhei pra cima encarando ela e me retrai sentindo meu corpo ficar mole.

— Você ? – Falei sem ânimo e ela sorriu falsa, mas algo estava estranho nela, aquelas roupas eram as mesmas de quando a vi pela última vez, ela nunca repetia roupas, havia rugas e uma aparência cansada nela.

Rubi — Sim eu mesma querida – Olhei o cara todo tatuado e mal encarado do lado dela. —Esse é o pai da criança? – Ele me olhou com todo o desprezo do mundo e rebateu pra thaysa.

R.G – A coroa me olhou de cima a baixo e perguntou pra thaysa se eu era o pai, rebati na hora mais falando com a thay.

— Essa é a ladra enrrustida de rica? – Ela falou merda pra thaysa e eu levantei perdendo a porra da paciência que nunca achei. — Coé a tua o velha mal comida? Tá falando com ela assim porque? – thaysa levantou e segurou meu peito.

Thaysa – Minha tia olhou pra minha barriga e debochou me perguntando se eu já tinha começado a pedir esmola ou virado puta de bandido na favela. R.G levantou ficando muito nervoso, me levantei em seguida e entrei no meio, olhei pra ele e o repreendi.

— R.G, não! – Ele ficou por trás e me abraçou encarando ela, fitei a mesma que olhava debochada. — Já você.....não eu não pedi esmola e creio que não chegarei a pedir, muito menos virei puta, graças a Deus e a ele que me acolheu, lá....lá na favela, onde eu tanto repudiei e que você odeia, é lá que eu vi que o dinheiro não é felicidade, que o dinheiro não é amor, que o dinheiro não é tudo, e olha você.... acabada, mal tratada, mal comida como ele disse, e sabe esse marginal aqui atrás? Ele esteve comigo no PIOR momento da minha vida, ele me sustenta, ele cuida de nós duas – Passei a mão em minha barriga.

— Eu me orgulho em dizer que moro em uma comunidade hoje, eu agradeço você por tudo que fez, porque talvez eu não conseguiria conhecer o verdadeiro amor, o amor que nasce no meio do barro, o amor da cominidade, e diferente do seu marido que rouba gente pobre pra dar pra rico, esse aqui, rouba dos ricos para ajudar os pobres, não defendo oque ele faz, roubo é roubo e crimes são crimes, mas me orgulho dele ter me mostrado a verdade da vida, prefiro estar lá dentro do que nesse seu mundinho de hipocrisia – Vi seus olhos marejarem e ela sair pisando duro, me virei pra R.G que me deu um beijo cheio de compreensão e desejo.

                               ***

Cheguei em casa e R.G saiu rápido, deixei as coisas nas embalagens e esperei os móveis do quarto chegarem, isso logo aconteceu, deixaram tudo no quarto da Manu e se foram. Eu entrei no banheiro e tomei um longo banho, após sair me vesti apenas em uma lingerie preta de laço e tirei uma foto bem plena com minha barriga de grávida, me vesti e logo escutei e postei a foto no Insta.

Da Zona Sul pro Morro | ᴀᴅᴀᴘᴛᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora