Da Zona Sul pro Morro | ᴀᴅᴀᴘᴛᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ

𝑹𝑬𝑨𝑮𝑬

Thaysa – Um mês havia se passado, Rita infelizmente teve que se demitir, a irmã dela teve alta e agora exigia seu tempo máximo. O morro estava bem gerenciado com Thiago que se revelou um ótimo amigo, assim como todos os outros mais chegados de R.G. Eu corria do meu jeito pra terminar o enxoval da minha princesa, e pagar o hospital, dinheiro não era problema, Thiago comandou mais dois assaltos em um banco, sempre que isso acontecia eu morria de medo, isso não era certo e podiam acabar mortos ou presos. Eu entrei no oitavo mês de gestação, eu estava acima do peso normal, com tudo isso eu descontei minhas angústias na comida e minha barriga estava bem grande, não por gordura e sim pelo fato de minha filha estar saudável, e também se fosse eu não ligaria, nunca liguei pra esse tipo de coisa.

Fiz mais duas ultra-sonografias e em toda consulta o Dr.moraes me dizia que ela estáva ótima, fiz também alguns exames de rotina, com ela e comigo estava tudo bem, mas com R.G.... cada vez mais problemas e eu já morava dentro do hospital, vinha descansar quando alguém ia me buscar e insistia além da conta pra eu vir embora. Estavam todos muito preocupados, eu chorava dia e noite, eu sentia que a cada dia um pedaço de mim se debilitava com ele, e os médicos já estavam desistindo, o risco de alguém o descobrir ali era grande e os médicos acabariam indo presos junto com ele por acobertarem  um criminoso mesmo que em coma.

                                  ***

Eu vim pra casa noite passada depois de muita insistência do C.F e da Tati ( a nova namorada dele), eles me trouxeram de carro e eu vim direto pro quarto e apaguei, acordei as 05:00 AM por falta de sono, me levantei e tomei um banho, coloquei um vestido de alcinhas cinza que estava bem coladinho por conta da gravidez, meus pés como sempre bem inchados e meu rosto bem gordinho e com enormes olheiras, passei uma maquiagem bem leve apenas para disfarçar a cara de tristeza e desci as escadas com minha bolsa, passei um café, coisa que aprendi uns dias antes de Rita se demitir, fiz dois sanduiches de presunto e queijo e tomei meu café, eram 06:30 AM quando meu celular tocou, era do hospital, os médicos me disseram que ele teve outra parada a poucos minutos e não estava respondendo aos remédios desde o começo da madrugada, a ferida da bala que passou pela artéria se abriu e só os pulmões que tiveram um bom resultado, pela primeira vez não tiveram que ser drenados e a ferida da bala que os atingiu começou a cicatrizar, tirando isso todo o resto era uma enorme tragédia e pra piorar me disseram que os médicos iriam desligar os aparelhos, eu desliguei incrédula e tremendo, liguei para os meninos e C.F chegou de moto rápidamente, os outros iriam de suas casas, mesmo sendo ainda muito cedo todos se agilizaram. Cheguei no hospital e nem dei entrada como acompanhante, subi direto. Eu corria desesperada pelos corredores brancos e ainda quase sem movimento, entrei no quarto e vi a enfermeira trocando um curativo ensanguentado no ombro dele, me aproximei exaltada. — Chama o médico responsável por ele agora – Ela terminou e se retirou.

Dr.Edgar – Estava tomando meu café até ser interrompido por umas das enfermeiras do meu andar, me levantei e fui até a sala que o traficante estava internado, a jovem que o acompanhava todo esse tempo estava com um olhar raivoso e desanimado ao mesmo tempo, respirei profundamente e lá estava eu novamente tentando explicar os motivos pelo qual os aparelhos deveriam ser desligados de uma vez.

— Bom dia.....olha, mandei ligarem pra você porque ele teve outra parada no fim da madrugada e também ele não consegue responder aos medicamentos, ele com certeza está com dores e não responde aos incentivos que damos, olha é preciso fazer isso, tem gente precisando de um lugar no hospital e você está grávida, precisa se cuidar melhor, sei que tem gente que fica bem mais que esse tempo em coma, mas por favor, ele não reage, ele está morrendo aos poucos, as únicas coisas boas em todo esse tempo foi o pulmão dele que não se encheu de sangue novamente e a ferida em todo esse tempo está se fechando, eu nunca vi um quadro que tinha tudo para dar certo se complicar tanto....e outra, estamos colocando nossa carreira na medicina em jogo, mesmo com nosso juramento, eu não vou ser preso, ou troca ele de hospital ou desliga os aparelhos.

Thaysa – Eu e C.F ouvimos tudo que ele dizia e só senti raiva naquele momento, pela primeira vez desde que tudo isso aconteceu vi C.F além de preocupado, super raivoso.Sentia as lágrimas molharem meu rosto e olhei em todos aqueles aparelhos. — Eu não vou fazer isso.

C.F – Eu fiquei putasso com aquele médico, me aproximei dele e segurei ele pelo jaleco. — Ae meu truta, tu não vai fazer isso não, morô? A única coisa que vai fazer é atender bem ele, se ele ficar aqui 30 anos tu vai fazer isso, é egoísmo da nossa parte? Eu sei que é....mais maluco se você não cuidar direitinho, vou socar um cano três oitão no seu rabo e te pipocar ao contrário se tá entendendo filho da puta? – Soltei ele que saiu apressado e bufando, fui pra perto da Thaysa que chorava muito e abracei ela. — A gente não vai perder ele tá?.

Thaysa – Apertei a camisa dele enquanto chorava e logo me afastei, fui pra perto da cama e olhei R.G, ele estava pálido e mais magro, seu corpo ainda era forte e grande mas exalava um cara prestes a partir. Bati no peito dele com raiva e decepção comigo mesma.

— Você sempre foi tão forte, tão decidido, e agora está assim, eu te amo Renato, você precisa reagir, você tem que reagir, se não por mim, pela nossa filha...– Peguei a mão dele com cuidado e coloquei sobre minha barriga.

— Por ela.....ela precisa de nós dois, você me prometeu que estaria comigo.....agora você quer partir, REAGE SEU IDIOTA –Bati uma última vez no peito dele e me sentei aos prantos, chegaram todos e ficaram ali no quarto, C.F contou tudo e tamires, daniela e até a Tati vieram pra perto me abraçando. Cada um foi embora em sua hora, mas a maior parte do dia ficaram ali comigo me dando força pra qualquer decisão que eu viesse tomar. Eu passaria a noite ali com ele, a Manu começou a se agitar, me levantei achando estranho, ela se mexia inquieta em meu útero e chutava como se tivesse fazendo embaixadinhas, ela sossegou por um tempo e eu me sentei parando de andar, me arrumei na poltrona e peguei no sono segurando a mão do R.G.

| Então gente como eu falei que teria cap sexta e sábado? Não lembro mais o dia certo. E não postei,hoje eu vou postar 3 capítulos para compensar e no próximo vocês vão se emocionar assim como eu 😫❤️