𝑺𝑬𝑴𝑨𝑵𝑨𝑺 𝑫𝑬𝑷𝑶𝑰𝑺

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Tamy – Eu e T.H estávamos na casa dele, depois fazer amor eu fiquei deitada em seus braços o olhando. — Amor.....tô preocupada com a Thay..... ela tá muito quieta faz uns dois dias, distante e muito....mentirosa, falei que ia na consulta com ela, e ela enrolou, disse que a tia Rita ia, ela tá mentindo...... – Falei com extrema certeza e ele me olhou rindo.

T.H — Gata como pode ter tanta certeza em? Deve ser porque seis duas tão distantes a uma cota, se deve tá sentindo falta né não? – Ouvi o rádinho e o R.G falando no mó apavoro, peguei e respondi —Calma carai, vê se respira pra falar

R.G – Sai de casa cedão umas cinco horas, voltei pro almoço e fui subir pra chamar a thaysa pra comer, nossa convivência tava sendo até boa, ela é boa pessoa, então tava tudo certo, ouvi Rita me gritando e chorando.

— Calma Rita não tô entendendo fala devagar.
Rita - A MENINA R.G, A THAYSA, VOCÊ SAIU AS CINCO E ELA UNS DEZ MINUTOS DEPOIS, EU ACHEI QUE ELA TINHA IDO COM VOCÊ PRA ALGUM LUGAR FILHO, EU MANDEI MENSAGEM E ELA DISSE QUE NÃO FOI E QUE NÃO IA VOLTAR, FILHO ACHA ELA E VAI FAZER ALGUMA BESTEIRA. – Falei pra ele em prantos e ele ficou em desespero, pegou a arma e saiu rápidamente

R.G – Quando Rita começou a falar fiquei com mó preocupação, mais depois começei sacar qual era a da thaysa, mandei um rádio pros moleques, pra ficarem atentos se vissem ela e depois passei diretamente pro T.H e o burro não entendeu nada então repeti.

— T.H A PORRA DA THAYSA FOI TIRAR O MEU FILHO, E SE EU NÃO ACHAR ELA A TEMPO AQUELA FILHA DE UMA PUTA VAI MATAR ELE, EU TENHO CERTEZA, VOU PEGAR VOCÊ E A TAMY PRA GENTE IR ATRÁS DELA, MANDA ELA PROCURAR A CLÍNICA DE ABORTO MAIS PERTO.

Tamy —Eu sabia, eu tinha certeza Thiago, ela tá fodida – Eu me troquei rápidamente e ele vestiu apenas uma camisa e uma bermuda, fomos pra frente da casa dele. R.G chegou rápido e entramos, coloquei a localização do nome fictício que a clínica usava e dei o celular pra ele, ele estava muito cego de raiva, mas também a thaysa estava procurando viu, mesmo assim tentei livrar a barra dela.

— R.G....sabe que se ela foi mesmo fazer isso, e se acharmos antes de ter feito, se não vai poder fazer nada pelo fato dela estar grávida né? – Ele me olhou como se eu o tivesse lembrado de algo importantíssimo.– Senhor que ela não tenha feito essa besteira...

Thaysa –  As coisas estavam indo até bem lá, o problema é que não me via com uma criança nos braços, eu não estava preparada pra isso.......e sinceramente dói só de imaginar, e o pior, ele crescer em um lugar desses então passei uns dias ajuntando dinheiro dizendo que eram pra consultas, ele como pai preocupado me deu e eu guardei, chamava um Uber pra algum lugar e depois de umas horas chamava pra voltar.
Esperei a hora dele sair e depois de uma meia hora eu já estava lá, o problema é que lá só abria as dez horas da manhã, ótimo terei que esperar, fui tomar um café em uma padaria que tinha a umas duas quadras do lugar, voltei e esperei.... esperei....quando enfim a recepcionista veio abrir o lugar, eu simplesmente fiquei nervosa, me bateu um medo, algo estranho, logo fui chamada e a enrolação lá dentro foi maior ainda, esperei bastante até me darem a anestesia e quando eu já estava bem dopada, com as pernas abertas para fazer o procedimento, ouvi um barulho alto e tentei me sentar, a mulher que iria realizar aquilo cai no chão e quando me sento vejo R.G.

— Ta fazendo....o-que aqui.....? – Falei grogue.

R.G – Assim que disse o nome completo da thaysa percebi que a recepcionista ficou toda exaltadinha e nervosa dizendo que ninguém tinha ido pra lá com essa descrição ou nome, peguei minha arma apontando na fuça da vagabunda.

— Dona, não me testa, ou você deixa eu entrar ou eu meto duas balas na tua cabeça – Ela deu passagem e saímos procurando a sala, na última que olhei pelo vidro estava ocupada e quando vi a thaysa meu sangue subiu, entrei e a mulher que tava no meio das pernas dela veio falando que eu não podia estar ali, meti o pipoco e fui até a thaysa que tava dopada, só pelo jeito de falar se via, segurei os cabelos dela dando um puxão e vi sangue nas pernas dela, dei um tapa com força nela.

— Sua filha da puta – Falei baixo morrendo de ódio e só vi ela apagar, nessa hora me bateu mó arrependimento, peguei ela no colo e fomos pro hospital, lá ela foi levada com sangramento e mandaram eu aguardar, eu tava no desespero, eu só sabia andar de um lado pro outro. — Caralho o que foi que eu fiz, não me controlei.

Tamy – Estávamos na sala de espera com Renato completamente em desespero, não sentou, não bebeu e não comeu nada desde que chegamos aqui, quando ele finalmente sentou já era 04:50 da tarde, logo o chamaram, ele foi pra uma sala com o médico e quando voltou nos contou oque o obstetra disse. Depois de alguns minutos, falei pro Thiago pra irmos embora e ele concordou.

R.G - O médico me explicou oque tava acontecendo, ela e o bebê precisavam de mais peso, estavam sem vitaminas e por cima, pra ferrar, ela teve um forte sangramento, pelo começo de aborto, ele me mandou ir ver ela, ela estava em repouso e sairia em algumas horas, ele me dispensou, voltei pra sala de espera e contei tudo pra Tamy e pro Thiago, na moral, pedi a ajuda deles, eles foram embora, assim que combinamos de ficar na cola dela. Fui pro leito que ela tava dormindo e me sentei em uma poltrona do lado da cama, coloquei a mão na barriga dela começando a fazer carinho e bati um papo com o bebê.

— Ei, filhote....ou...filhota, quero pedir pra me desculpar, e desculpar a mamãe, ela tá na mó insegurança sobre você, mais ela é legal tá ? Eu já amo você, e tenho certeza que ela, lá no fundo já te ama sabe, ela é doidinha, mas ela é bonita, marrenta e ignorante mas é legal....as vezes – Ri baixo.

— Só te peço desculpas, e por favor, aguenta firme aí dentro tá? – Sequei meus olhos, eu nunca choro, por nada, mas lembrar que minha mãe vivia tentando me abortar e agora a thaysa fazendo isso, me doeu lá no fundo, ouvi uma fungada e olhei pra ela, que também tava chorando eu me afastei e fiquei encarando ela, odiava a porra de pedir desculpa mais era preciso.

— Olha thaysa, não fiz certo em te bater mais tava puto pra caralho me desculpa tá?.

Thaysa — Eu havia acordado há um bom tempo indentificando estar em um quarto de hospital, estava cheia de dores no corpo e em desespero pra ver alguém conhecido, porém assim que vi ele entrar fingi estar dormindo, mas foi impossível não chorar ouvindo o que ele dizia, chorei calada e sorri em algumas partes, mas me denunciei assim que funguei pelas lágrimas constantes, ouvi oque ele disse, dessa vez direcionado a minha pessoa, suspirei e começei a falar.

— É fácil pedir desculpas R.G......???? Em? Me bater e pedir desculpas.....sim eu te desculpo mas não vou ter esse filho, uma hora ou outra vou tirar isso .

R.G – Cala a porra da boca mano, se não sabe que tá falando, pensa um pouco menos em você e pensa nessa criança e em mim, só um pouco, outro dia me disse que sua mãe matava e morria por você, então oque acha que ela diria se visse a filha de caô, tirando a favela, e também humilhando gente com menos dinheiro ou se visse tu tentando abortar um inocente por não ter coragem de assumir o próprio filho em ?.

Thaysa – Assim que ele falou sobre minha mãe achar algo da vida que eu tava levando eu caí em prantos, há uns dias atrás estavamos os dois comendo juntos e eu falei da minha mãe, como ela era, ajudava todo mundo e não se importava com classe social e agora ele estava usando isso contra meu modo de pensar e agir. — R.G eu não tô pronta, não tô preparada, tô sofrendo, você sabe....

R.G — Mano....não fala de sofrimento perto de mim não caraí, eu tô lá no topo da favela hoje, mas já tive lá em baixo mina, eu já pedi oque comer pra bacana no farol, por isso hoje não dou mole pra chegarem lá na favela falando mal do meu povo não, eu tenho dinheiro hoje mais eu continuo na favela, porque foi lá que aprendi que tudo na vida é lição e fica pra aprendizagem, olha, seja uma pessoa como sua mãe e melhor do que a minha foi, eu vi matarem minha mãe na minha frente, por ela ter dívida dentro do tráfico, ser viciada e comprar na lojinha pelas costas do meu pai. Então, se o beó e trocar fralda, eu te ajudo, se o beó é o leite secar, eu compro um estoque, se o problema é seu corpo mudar, eu pago plástica, se o beó e casa, eu já te coloquei na melhor que já levei alguma mina antes, se o beó é o meu jeito de falar, nóis dá um jeito, mano, só não tira o meu privilégio de ser pai de um filho de uma mina bacana e inteligente igual você, mais mano, na moral.....se tá acabando com a imagem que criei de você – Suspirei e me aproximei da thaysa, abracei e beijei o topo da cabeça dela, começando a secar seu rosto — Tô aqui Juliana, pro que acontecer.

Thaysa – Eu não tinha ação nenhuma, só sabia chorar ouvindo tudo que ele falou, tentava secar minhas lágrimas mas estava sendo em vão, apenas chorava mais e mais, senti o seu abraço quente e apenas concordei sussurrando um obrigado.
Estava ali oque eu precisava esse tempo todo, um choque de realidade, e dele falando que ia estar comigo ao invés de tentar me obrigar.

Da Zona Sul pro Morro | ᴀᴅᴀᴘᴛᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora