𝑫𝑬𝑼𝑺,𝑶𝑼𝑪𝑨 𝑴𝑰𝑵𝑯𝑨 𝑶𝑹𝑨𝑪𝑨𝑶

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Thaysa – Eu entrei no hospital e fiz a ficha como mulher do R.G, o médico disse que ele perdeu muito sangue e estáva saindo da cirurgia, eu estáva arrasada, pedi então para vê-lo, o cirurgião me disse que por poucos minutos. Entrei na sala vendo ele pálido e desacordado, senti algo dentro do meu coração se quebrar em mil pedaços. Me aproximei sentindo meu rosto queimar e fiz carinho nos cabelos dele, estava todo entubado, com agulha na veia, e mais um monte de coisas, e eu senti as lágrimas rolarem sem pausa alguma.

— Logo agora......você me prometeu R.G.....Que não ia me deixar, que não ia nos deixar – A médica entrou.

Dr.Marta — Por favor senhorita, preciso que se retire, ele precisa de máximo repouso, daqui umas horas posso permitir novamente sua entrada no quarto – Acompanhei ela até a porta e sai também.

Thaysa – tamy e Thiago me esperavam do lado de fora, me perguntaram como era que ele estava e eu neguei com a cabeça enquanto tentava me acalmar.

— Nada bem – Passei a mão na barriga enquanto a neném chutava, eu teria que ser forte, por ela e por ele, eu não deixaria nada acontecer com ele e muito menos com ela.

                                  ***

Passei o dia todo no hospital, T.H foi embora pra mandar comando pra favela, tamires ficou comigo até umas 13:00 PM, pediu pra eu ir junto e bati o pé que não ia sair dali e ela foi dizendo que mais tarde traria uma roupa limpa pra eu poder tomar um banho, fui na lanchonete do hospital algumas vezes comer e tentar beber alguma coisa, além de qualquer coisa eu também tinha a responsabilidade de cuidar da minha filha, eu comi apenas por ela porque eu mesma estava sem vontade alguma. Voltei para as cadeiras que ficavam de frente para o quarto e apoiei minha cabeça na parede pegando no sono pela primeira vez desde que soube da notícia. Fui acordada por F.P que me cutucou com calma, eu levantei rápidamente.

— Oque foi? Ele está bem? – Ele me puxou para um abraço e eu deixei minha dor tomar conta de mim, eu chorei até não poder mais, segurar aquela agonia em meu peito, era terrível aquela dor, apertei a camisa de T.H deixando molhada pelas lágrimas derramadas e ele fez carinho em meus cabelos, Me sentou e se abaixou na minha frente segurando minhas mãos apertado, tentando me passar forças mas eu sei bem que ele também está sentindo essa dor.

T.H – Eu entrei no hospital com uma blusa de touca pra não dar bandeira e procurei a thaysa, achei ela cochilando na parede e a chamei, ela tava toda assustada e minha reação foi uma só, puxei ela e abraçei sentindo ela molhar minha camisa, sentei ela e depois tentei fazer ela ficar calma.

— Mano, pela bebê, se tem que ir pra casa, se acalmar, comer, dormir direito, tu tá grávida, vai fazer mal pra ela – Sorri de canto e daniela mais Renan apareceram, confortaram ela e uma senhorinha de jaleco branco apareceu chamando pela thaysa que virou rápido igual foguete.

Dr.Marta — Thaysa Santiago? Pode entrar pra ver ele, apenas você e mais alguém – Determinei e entrei na frente pra verificar os remédios por via de soro, adicionei mais alguns para dor. — Sejam rápidos.

Thaysa – F.P entrou comigo e foi pra perto do amigo, me encostei na maca e segurei a mão dele, F.P suspirou e pegou o prontuário já que  não souberam nos explicar, coçou a cabeça e voltou a olhar R.G naquele estado. — Eu fui tão grossa com você....– Passei a mão em seus cabelos suados e senti a quentura de sua cabeça, desci a mão para o pescoço estranhando e ele começou a tremer, não.... não, ele estava convulssionando na minha frente.

— F.P CHAMA UM MÉDICO – Ele saiu rápido e eu comecei a apertar o botão de alerta ao lado dele que chamava os médicos. — Não meu amor, por favor – Ele estava espumando pela boca e F.P me puxou ouvindo o médico me mandando sair.

— Não, por favor, ajuda ele – F.P me tirou de lá e depois de longos minutos a médica apareceu, me disse que ele estava com muita frebre pela perda de sangue, ele mal respirava, precisava de sangue urgentemente ou poderia chocar se continuasse daquele jeito, não sabiam quanto tempo conseguiriam pra ele até conseguirmos o sangue pelo fato do hospital estar carente de doação. Senti minha vista escurecer e apaguei.

                                  ***

Estava em uma sala deitada na cama, era o hospital, lembrei na notícia que recebi e me levantei, Daniela me segurou dizendo pra ter calma ou eu desmaiaria novamente. — Preciso fazer alguma coisa – Olhei para fora do quarto e os meninos andavam de um lado para o outro em busca de uma solução e em uma fração de segundos lembrei de alguém que tinha aquele tipo sanguíneo, olhei as meninas.

— Meu celular, cadê meu celular? – Tamires me entregou e eu liguei pra ele implorando por ajuda, disse que nunca mais iria o incomodar e Junin logo chegou para a transfusão de sangue, depois disso ele se foi me olhando com desprezo e olhando os meninos com medo, eu não liguei, desde que R.G ficasse bem, não me importava com o que Junin achasse. Os médicos me mandaram para casa e assim que tivessem boas notícias me avisariam, eu só fui por insistência de todos os que ali estavam e por cansasso, quando cheguei me toquei que já havia se passado mais de 42 horas. Eu fui direto pra casa do R.G, eu não passaria mais um dia fora daquela casa, eu tomei um banho longuíssimo e depois me vesti, coloquei um vestido soltinho e uma sandália, me olhei no espelho e logo sai de casa, as meninas me ligaram me chamando para ir a uma das igrejas que tinha aqui no morro do Alemão, fomos em uma pertinho de casa, na hora da pregação o pastor disse a seguinte frase: Tudo é uma fase, isso logo vai passar, tem coisas que não são para morte e sim para um propósito maior. Ele começou a louvar um hino e eu chorei deixando o Senhor levar todas as minhas dores e renovar minhas forças e comecei a pedir que ele ouvisse minhas orações.

— Pai, ouça minha oração, não sou fiel a ti e nunca fui, mas sei que tu és amor, então, me permita viver com o amor da minha vida, sei que não valorizo, mas mesmo ele sendo assim ele também é teu filho então ouça minha oração.

Da Zona Sul pro Morro | ᴀᴅᴀᴘᴛᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora