Castelo de Água - Capítulo 1

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Nota da Autora (LauraaMachado): Oi gente! Como vocês estão?

Esse é o primeiro capítulo da minha história, Castelo de Água! Espero que gostem!

E, se alguém quiser saber, eu o escrevi ouvindo a música "Where You Go" da Ciara feat Future!

Boa leitura!



A mulher colocou minha xícara de café do lado do prato cheio de macarons que eu tinha acabado de comprar e eu lhe fiz um aceno com a cabeça para agradecê-la. Meu francês estava longe de ser bom e, depois de ter passado por alguns momentos desconfortáveis nos últimos dias, eu achava melhor não arriscar começar assunto com ninguém. Não que um 'Obrigada' fosse uma porta para a mulher se sentar na minha frente e me contar de toda a sua vida, esperando conselhos espertos de uma americana estranha. Mas eu já tinha percebido que parecer receptiva demais fazia as pessoas pensarem que podiam me pedir referências e fazer piadinhas para as quais eu só conseguia fingir rir. E aquilo não estava me ajudando em nada.

O povo era amigável, até demais, pelo que eu conhecia de franceses. E aquela cidade era pequena, o que devia lhes conceder a impressão de que eram amigos de todos, que poderiam conhecer a todos. Até os vendedores das lojas mais comuns faziam questão de sorrir para mim quando eu só queria que eles pegassem meu dinheiro o mais rápido possível. E ainda faziam comentários sobre o que eu estava comprando. Eu queria ouvi-los me dizendo que comer muito macarrão pronto não era saudável? Não, definitivamente não precisava daquilo. E tenho certeza de que era o que o cara tinha me falado no supermercado na noite anterior!

Mas eu precisava admitir que a cidade era bonita. Era realmente muito pequena, pude fazer o caminho todo a pé da estação até o hotel, que eu tinha conseguido reservar durante a viagem de trem de Paris até lá. E nem me cansei muito. Mas o que lhe faltava de tamanho, sobrava de beleza. Aquele cara do avião, quem quer que ele fosse, sabia do que estava falando. Assim que eu cheguei perto da ponte principal, já podia avistar o castelo. Até parei de andar, me dando um tempo para contemplá-la.

Parecia quase de mentira, de tão incrível que era. E nem estava levando em conta o sol calmo de primavera que refletia com o movimento que a brisa fresca produzia nas águas do rio Loire. Nem estava me preocupando com o céu azul claro sem uma única nuvem que servia de fundo para tudo aquilo. Não. Meus olhos só conseguiam ver o castelo e cada casinha de paredes brancas e telhado cinza que formavam a vista. Cada passo que eu dei na ponte que atravessa o rio e me deixava praticamente de frente ao castelo foi lento. E andar em câmera lenta foi a única coisa que conseguiu me fazer não tropeçar ou acidentalmente me jogar na frente de um carro que passava.

Meu hotel não ficava longe. Fui andando pelas casas quase medievais com um sorriso enorme no rosto. Era daquilo que eu precisava. De um lugar maravilhoso, um lugar incrível, um lugar diferente de tudo que eu conhecia. E estava pronta para escrever. Só precisaria chegar ao meu hotel e me sentar na frente do computador.

Então me explique porque, quatro dias depois, tudo que eu tinha conseguido fazer era começar o mesmo capítulo milhares de vezes e apagá-lo inteiro depois de cada uma? Era uma cidade linda, já estava até cansada de repetir aquilo para mim mesma, ainda mais só na minha cabeça. Mas não estava me ajudando em nada. Não era como se eu pudesse fazer a minha personagem, Marianne, ir para a França, encontrar vampiros na última morada de Leonardo da Vinci. Eu devia ter pedido para a atendente no aeroporto uma passagem para a Romênia.

Era uma segunda-feira, o que significava que a maioria dos restaurantes estava fechada. Pois é, restaurantes fechados durante o horário de almoço de um dia de semana! Como eles esperavam que eu sobrevivesse? Não queria ter que cozinhar e nem usar o micro-ondas de novo do hotel. Não tinha tempo para isso e nem queria voltar tanto àquele supermercado. O atendente já estava de marcação comigo, regulando minha alimentação. E eu já estava morrendo de saudades daquela liberdade que tinha em Nova York, de poder simplesmente entrar no Google quando tivesse fome e encontrar um restaurante que entregasse, mesmo que às duas da manhã. Quão ridículo era aquilo? Eu tinha viajado para uma cidade aonde eu não conseguia comida indo ao restaurante nem ao meio-dia!

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