Castelo de Água - Epílogo

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Nota da autora (LauraaMachado): Primeiro, queria agradecer de verdade todo mundo que leu essa história do começo ao fim! De verdade, principalmente quem comentou, vocês são essenciais nessa carreira que eu espero que dure para sempre!

Segundo, desculpa pela demora! Não me dou muito bem com prazos e esse era o 'capítulo' mais importante, o que fez meu jeito perfeccionista ser ainda mais um empecilho!

E, por último, sim, eu ouço tudo que vocês escrevem nos comentários. Mas preciso que saibam que eu não mudei absolutamente NADA do meu planejamento para essa história. E, se aconteceu o que vocês queriam, era só porque eu planejei bem. Haha.

Espero que gostem! Muito obrigada!

Ah, escrevi ouvindo "Wish You Were Here" da Avril Lavigne.



Podia sentir o celular no bolso do meu casaco vibrando constantemente e tive a certeza de que Alicia não pararia até eu atender. Mas não me importei. Aquilo podia esperar. Ela podia esperar.

Andava devagar, tentando encaixar meus passos no ritmo da música. Não era frenética, era calma e, se prestasse atenção à letra, até mesmo introspectiva. Era perfeita para aquele final de tarde, para o começo do inverno e aquela cidade.

Como eu amava aquela cidade! Do sinal de pedestre a todos os pedestres que o ignoravam. Dos táxis amarelos que pareciam nunca ver o sinal que eu fazia até o metrô que caía aos pedaços. E cada uma das pessoas que estavam ali comigo, tentando ganhar a vida, se apaixonando cada dia mais por todos os defeitos que os outros viam em Nova York.

Fazia muito tempo que eu não ia para aquela vizinhança, muito tempo que não parava no café da esquina e conseguia comprar meu Mocha Latte sem ter que falar nada, já que Annie sabia exatamente o que eu queria. Já fazia anos que eu não via Gus, o dono da banca de jornais que nunca me julgou por comprar revistas de adolescente com mais de vinte anos de idade. E até a Sra Lewis, que cuidava da floricultura do marido dela e sempre me dava as rosas que estavam amassadas demais para eles venderem. Ela já tinha me salvado uma vez de uma briga com Esteban e eu tinha passado todo aquele tempo sem nem pensar direito nela. Ou em qualquer uma das pessoas que continuavam sua vida naqueles quarteirões, que costumavam estar no meu caminho praticamente todo dia por vários anos.

Era estranho pensar na rotina que eu tinha quando fazia faculdade ali perto, nas coisas que eram normais para mim, que até me passavam despercebidas. Coisas que faziam parte da minha história, mas das quais eu tinha praticamente me esquecido completamente. Estranho pensar que alguém que tinha me ajudado tanto, trocado tantas conversas comigo, podia e tinha virado alguém em quem eu nunca pensava. Uma pessoa inteira, com sentimentos, pensamentos, planos e problemas, que continuava sua vida depois de eu chegar e ir.

Era quase como se eles tivessem parado no tempo. Algumas coisas tinham mudado, letreiros atualizados, propagandas novas e uma garota na floricultura que arrumava as flores e que eu nunca tinha visto antes. Mas o resto era tão familiar, tão intensamente nostálgico, que eu não pude evitar de sentir como se tivessem esperado por mim. E eu queria abraçar todos de uma vez só.

Ao invés disso, simplesmente continuei meus passos calmos no ritmo da música da Jennifer Lopez até chegar na livraria da outra esquina. Ela, sim, continuava a mesma. Os mesmos sofás velhos, só um pouco mais rasgados. Os mesmos livros empoeirados e arrumados na ordem que Marshall gostava, mesmo que não fizesse muito sentido para mais ninguém. E o mesmo lugar reservado para as minhas obras, com uma foto minha logo atrás, orgulhosamente exibindo o fato de eu ter conseguido pagar meus estudos com o salário que ganhava dali.

Novos Começos - Saga Castelos [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora