Nota da autora (LauraaMachado): Não sei se vocês vão gostar tanto desse capítulo, mas quero dizer que foi uma honra escrever para vocês! E que eu realmente espero que essa história, mesmo sem grandes dramas e acontecimentos, tenha conseguido afetar vocês de algum jeito!
Talvez de todas as coisas do mundo, a pior que alguém poderia deixar tomar conta de si era ambição. Quando comecei a escrever e ver que faria algum sucesso, quando comecei a ter leitoras que se apaixonavam completamente pelas minhas histórias, esse era o meu maior medo. Ambição. Deixar que me consumisse. Não queria ser o tipo de pessoa que o sucesso subia à cabeça, mas, pior que isso, não queria ser daquele tipo que nunca estava satisfeita com nada. Quanto mais atenção eu recebia, mais sentia falta na próxima vez. No começo, tinha me acostumado com o crescimento e, a cada capítulo que postava quando ainda só tinha meu blog, mais eu esperava que as pessoas comentassem e se apaixonassem.
Mas a verdade era que só de ter uma pessoa lendo já estava bom o suficiente. Eu até demorei, mas acabei percebendo que precisava dar valor a cada um que falava alguma coisa, cada um que voltava no próximo capítulo. Que o importante não eram os números se acumulando, mas as pessoas atrás das telas dos computadores, que davam seu tempo para algo que eu tinha escrito.
E, por isso, quando meu primeiro livro foi lançado, eu não esperava nada. Nem pensava em fazer sucesso, estava feliz só de ter meu nome em uma livraria, por mais obscura e escondida que minha saga ficasse lá dentro. Eu sabia que não devia ser ambiciosa demais, que se eu quisesse sempre mais, acabaria sem nada.
E era bem isso que estava tentando entender naquele momento. A grama me pinicava, mas eu ignorava junto com a conversa de um grupo que fazia piquenique atrás de mim. Estava tentando só me concentrar no barulho do rio, que corria a alguns metros dos meus pés, e me convencer de que eu precisava seguir meu próprio conselho.
Não devia ser ambiciosa. Não devia querer demais. Não queria arriscar ficar sem nada.
Estava deitada, o sol me cegando a ponto de eu não conseguir nem abrir os olhos. E apesar dos milhares de coisas que me incomodavam, ainda me sentia profundamente sortuda.
Já tinha passado da fase de duvidar que aquilo tudo estava acontecendo comigo. Já tinha até me acostumado com cada coisa que me dava frio na barriga e involuntariamente me fazia ficar nas pontas dos pés. Ainda contava os segundos para a próxima vez em que eu teria a chance de ter os lábios de Johann nos meus ou até mesmo só de sentir o toque da sua pele na minha. Mas ele já tinha deixado de ser um estranho há muito tempo. Pelo contrário, eu sentia que o conhecia muito bem. Bem demais.
Era tão absurdo pensar que eu provavelmente nunca mais o veria na vida depois de ir embora.
Era mais do que absurdo, era inconcebível. Ele já era uma grande parte da minha vida, talvez uma parte que tenha estado bastante vaga antes de conhecê-lo. Mas eu pensava nele o tempo todo, queria correr para ele para falar das coisas mais idiotas que eu via na internet ou pela cidade. Queria estar o máximo de tempo possível na sua frente, ouvindo-o falar para mim do que ele tinha visto. Era estranho pensar que toda a vida que eu tinha construído ali e meus novos hábitos, por menores que fossem, tudo seria deixado para trás. E eu que deixaria.
Me levantei e sentei olhando para o rio.
Eu queria ser ambiciosa. Queria tentar agarrar tudo que eu tinha naquela cidade e nunca mais largar. Queria levar Johann comigo, continuar a minha vida em Nova York, mas não o deixar para trás. Não queria abrir mão do que eu já tinha demorado vinte e cinco anos para conquistar, mas tão pouco queria ter que voltar a viver sem ele. Não queria ser racional, não queria pensar naquilo. Queria ir contra meu próprio conselho e ser bastante egoísta.
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Novos Começos - Saga Castelos [Completo]
Teen FictionEm um conjunto de contos, quatro escritoras resolveram contar sobre quatro tipos diferentes de novos começos. Uma nova escola, um novo emprego, uma nova família e um novo país.