XI - No Meio Da Noite

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Abri os olhos lentamente, tudo estava escuro exceto pelo pela luz do luar que entrava pelas grandes janelas da enfermaria, o som de uma respiração calma e o coração dele batendo contra o meu ouvido me trouxe calma, fiquei por um tempo olhando para porta, ambos estávamos deitados em uma maca. Meus olhos não doíam mais, porém era como se eu enxergasse tudo mais colorido e com mais detalhes, podia sentir a aura das pessoas distantes, uma sensação totalmente diferente de uma visão normal.

— Está acordada? — a voz dele me chamou atenção e eu ergui minha cabeça para encará-lo — Roxo combina com você — ele ergueu uma das mãos fazendo um carinho no meu rosto enquanto fitava meus olhos com admiração.

— Cadê todo mundo? — perguntei com a voz meio arrastada pelo sono.

— Eles disseram algo sobre: "Nos dar privacidade" ou algo assim... Yuki foi para o quarto, junto com o Dai. Minha tia foi se deitar, meu avô e minha mãe foram levados 'pra um quarto de hóspedes, assim que a rainha terminou o trabalho aqui ela saiu, não sei onde está.

— A tia Hina 'tá bem?

— Ainda inconsciente, mas sem nem um dano físico... Papai e o tio Sasuke ainda não deram sinal, reforçaram a segurança e tem dois guardas aqui na frente, dizem que é para nos proteger... Mas creio que seja para não fugirmos, melhor dizendo, você fugir.

— Coisa daquela bruxa velha...

— Ahn... Usar "bruxa" como xingamento me magoa profundamente — ele deu uma risada anasalada e eu corei franzindo os lábios.

— Desculpa...

O silêncio se instalou por um momento, olhar para aquelas piscinas azuis seria minha sina eterna, sem nunca conseguir desviar ou conseguir não me hipnotizar cada vez que as miro. Tirei minha mão de suas costas desmanchando parcialmente o abraço, deslizei minhas unhas calmamente pelo seu dorso sentindo elas "afundarem" em cada curva de seu abdômen, então subindo até o rosto dele indo para a nuca, fazendo um cafuné em suas mechas douradas.

— Como assim... "Nos dar privacidade"? — mordi meu lábio inferior, questionando o que eu já sabia a resposta e o que viria a seguir.

— Não morda os lábios assim, suas presas vão te machucar — ele levou a mão até os meus lábios passando o dedão neles tirando de entre os dentes — Sarada, na noite de lua cheia-.

— Sou eu, não sou? — me afastei dele tirando sua mão que ainda repousava em mim, sentando sobre meus pés, colocando as mãos sobre minhas coxas, abaixando a cabeça e torcendo para que fosse verdade o que todos suspeitavam — Por favor... Diga que sim, porque não vou saber lidar com isso se eu não for sua.

— Teria como ser diferente? Acho que a Lua soube escolher muito bem... Sou apaixonado pela minha melhor amiga desde que tinha 11 anos e ela era apaixonada pelo meu irmão mais velho — pisquei atônita ao escutar tais palavras, lembrando vagamente do dia da Lua Cheia, ele se sentou na maca e segurou minhas mãos — Quando eu completei a fase de aprendizado e controle, na lua cheia eu tive a visão da minha marca, uma meia lua com uma flor de cerejeira, eu tinha certeza que seria você. Mas não quero forçar você a gostar de mim — interrompi ele colocando meu dedo indicador em sua boca.

— Boruto, não estou me sentindo pressionada a fazer nada.

Murmurei suspirando e então ficando extremamente vermelha com a ideia que passou por minha mente, com uma súbita coragem se apossando de mim, joguei minha cabeça para trás respirando forte, tirando meus dedos de sua boca e olhando para baixo encontrei suas orbes azuis que expressavam dúvida, curiosidade e um pouco de... Desejo?

Endireitei meu tronco e me aproximei dele colocando uma perna em cada lado das dele, o olhando de cima assisti ele me observar em silêncio, levei minhas mãos para o seu rosto desenhando seus traços com meus dedos como se quisesse gravar aquilo em minha pele, escorreguei então minha mão para a sua nuca enrolando minha mão em seu cabelo enquanto levava a outra para o seu ombro e fincava minha unhas ali, nervosa e sem saber ao certo o que eu estava fazendo.

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