XV - Eu Vou Te Encontrar

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⚠️alerta de gatilho⚠️


Ela parecia muito irritada, andava de um lado para o outro começando a me deixar tonta, ela puxou levemente os cabelos roxos para trás mas sua franja sempre retornava ao mesmo lugar, e a ansiedade dela me deixava consequentemente ansiosa. Ela levou uma das mãos ao pescoço fazendo uma massagem em si enquanto murmurava coisas quase incompreensíveis em Latim.

— Se continuar andando assim, vai acabar formando um buraco no chão, Sumire.

— Mas que droga — ela parou abruptamente e eu me encolhi cobrindo minha boca para não rir de sua feição irritada — Você acha isso engraçado? — ela deu um risinho.

— Ué, mas quem está rindo é você! — acusei já não conseguindo prender a gargalhada.

— Isso não tem graça, estamos a três dias nisso — ela suspirou parando de rir, se jogando na poltrona de couro no canto da sala, um breve silêncio nos tomou, ouvindo apenas os estalos do fogo da lareira — Três dias, eu não faço a mínima ideia de como ler seu olho, o mapa, sei lá como chamar... Se eu arrancasse da sua cara, ficaria uma cicatriz muito feia?

— NEM OUSE — abri a boca em espanto e ela riu maldosamente, bufando e suspirando sem parar — Devemos ter deixado alguma coisa passar em branco... Você não deixou algum pergaminho para trás? Alguma coisa de seu pai?

— Não posso voltar de onde saímos, muito menos ir para casa, vão me pegar se eu passar por algum portal ou usar magia.

— Vão é?

— A senhorita nem ouse... Ontem a noite eu percebi... — tentou formular alguma frase, mas então simplesmente apontou para seu próprio pescoço me olhando, entendi que ela se referia ao meu, levei minha mão a minha marca — Estão tentando nos rastrear, sua mãe está desacordada mas libera magia inconscientemente para curar o próprio corpo, não é o suficiente para nos rastrearem mas é o bastante para ele saber como você está... Sua marca... Bem, ela brilha algumas vezes. Acho que o seu namorado tomou algum tipo de poção rastreadora ou algo do gênero... Funciona pois suas almas estão ligadas. Só posso usar magia no momento certo, quando eu tiver certeza de onde o que eu procuro está, e então... Vamos seguir caminhos diferentes.

Mais um um espaço silencioso, nesses três dias pude me acostumar com a personalidade de Sumire, ela é... Legal? Não sei dizer. As vezes me pergunto se ela está apenas me enganando mais uma vez com o objetivo de me usar, mas então ela cura as feridas da minha mãe, me alimenta e não me vigia, parece que ela apenas confia que eu não vou fugir, até porque eu nem ao menos tentei, esse acordo entre nós, por agora, me parece seguro. Mas... Se o Bolt e minha família me acharem primeiro... Não seria ruim.

— Sumire... — murmurei chamando a atenção dela — Você não... Pensa em voltar? A nossa vida, sabe? Estudar magia, seguir uma profissão no submundo, namorar...

— Sarada. Não me aceitariam depois de tudo o que minha família e eu fizemos. E ele não... Hum...

Seu olhar era vago e seu brilho havia sumido, os olhos em tom violeta azulados marejaram e ela engoliu em seco se levantando, a Kakei forçou uma tosse e depois levantou a cabeça com um claro sorriso falso, uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha e isso de certa forma partiu meu coração. Ela é só uma adolescente... Assim como eu. Por que diabos jogam tantas responsabilidades em nossas costas sendo que nem nosso cérebro terminou de se formar?

— Tenho certeza que vou encontrar... O que procuro... Eu acho. Eu... Preciso alimentar o Nue, com licença.

Ela passou lentamente por mim até apressar os passos até a porta e fechá-la rapidamente antes do primeiro soluço escapar de seus lábios. Ela está quebrada, queria saber como ajudar a consertar.

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