VI - Sentimentos...

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Esse som, já tinha ouvido em algum lugar... Era como gotículas de água pingando em um lago, ou como o orvalho da manhã caindo em uma poça. Está tudo tão escuro e frio, o cheiro deste lugar... Parece que eu estou em uma caverna com um aroma forte de sangue, mas não qualquer tipo de sangue... Fada, deve haver alguma por aqui...

"Filha..."

"Filha..."

Esses sussurros não saiam da minha cabeça, minha respiração tornou-se pesada.

— Filha — a voz de repente tornou-se clara, passando de um sussurro para uma voz firme — Você precisa me encontrar... — apesar de olhar para todos os lados eu não via nada além de pedras, pó de fada e escuridão, nem uma saída, estou presa aqui e o sentimento de estar presa em um lugar desconhecido estremeceu meu corpo — Sarada preste atenção! — levei um susto quando uma mão tocou meu ombro e o barulho de água cessou, senti como se o ar entrasse de uma vez em meus pulmões e me virei para ver de quem era aquela mão.

— Ma... Mãe? — os olhos esmeraldinos me fitaram, seu corpo parecia todo machucado e o sangue seco em suas feridas fizeram eu querer vomitar, segurei o nariz com força tentando impedir que o cheiro entrasse em minhas narinas, tampando ao mesmo tempo minha boca para que eu não vomitasse.

— Precisa me encontrar antes que seja tarde... Ele... Ele não pode me ouvir agora... Mas se ele souber... Não posso perder vocês! — ela estava totalmente preocupada, olhava para os lados desesperada como se algo fosse acontecer ou alguém fosse chegar a qualquer momento, me apavorei por um instante, mas logo fui tomada por tristeza e raiva.

— Mãe, do que você está falando? Onde você está? Por que não voltou 'pra mim e o Dai? Por que não voltou 'pro papa? — lágrimas de sangue desceram pelo meu rosto e vi sua feição mudar de preocupação para uma reconfortante, aquela doce expressão que ela fazia quando eu era uma criança, "está tudo bem", acompanhado daquele sorriso.

— Querida — passou a mão pelo meu rosto, mas ela não estava realmente ali, sua mão translúcida brilhou e eu me assustei, parecia um fantasma — Eu amo muito você, seu irmão e seu pai. Seus olhos são a chave, apenas me encontre, por favor... — ela tocou minha testa com os dois dedos como o papai sempre fazia e desapareceu como luz, se transformando em pó brilhante que se espalhou pelo imenso lago da caverna.

— Por que você sempre vai embora? — o barulho da água voltava a soar pelo local bem mais alto do que antes, ensurdecedor... Me agachei segurando minhas pernas contra o meu peito e firmando minhas unhas contra as palmas da minha mão que tremia, o ar me faltava novamente — Você me abandonou, de novo...

[🌹]

— Sarada... Irmã, acorda — senti um cafuné em minha cabeça e logo despertei observando o local, estava deitada no colo do meu irmão no meu quarto — Teve aquele pesadelo de novo?

Depois do dia em que fui amaldiçoada por um feitiço, tenho tido vários "pesadelos" em que alguém importante para mim morria e eu ficava sozinha. Durante a minha quarentena meu irmão decidiu que não me deixaria sozinha, então ele e Boruto se revezam para ficarem comigo e isso está durando... Irmão e namorado superprotetores idiotas... QUER DIZER, melhor amigo.

— Esse pesadelo era diferente! — me sentei na cama para encará-lo melhor, ainda meio trêmula, suspirei e olhei nos olhos verdes dele e tive ainda mais certeza do que eu dizia — Era ela Dai! Não era um pesadelo, era uma visão!

— Visão? — ele silabou não entendendo o que eu falei.

— Ela pedia ajuda, dizia que se "ele" descobrisse estávamos todos condenados... Disse que precisamos achar ela. Nossa mãe está viva, nii-san.

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