XIV - Rival

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— Você tá melhor? — perguntei para a garota que ainda tremia, chorando baixo.

— Acho... Que sim — passei a mão nas costas dela e senti minhas presas machucarem meus lábios.

— O sangue dele te atraí? — ela perguntou limpando as lágrimas e sentando no chão com as pernas cruzadas, olhei para a gosma preta que saia de dentro do homem morto e tudo o que eu senti foi vontade de vomitar.

— Não... Na verdade me dá asco... O que tá me deixando com fome é o seu cheiro... Não me leve a mal, não como a dias — ela olhou para a mão onde havia um corte, o sangue dela brilhava e fez meu estômago roncar, mesmo ela não sendo humana, o sangue dela parecia diferente dos outros seres mágicos.

— É "O-" — ela murmurou puxando a cordinha trançada que prendia os dois lados da manga, depois a arregaçando e estendendo o braço para mim, me afastei dela e olhei em seus olhos que tinham um tom de roxo brilhante, em dúvida do que ela queria com aquilo — Morde logo, eu não tenho onde arranjar sangue agora, sou uma traidora foragida lembra?

Olhei para o braço dela e algumas de suas veias saltaram aos meus olhos que podiam ver perfeitamente desde as veias as artérias circulando pelo corpo dela, meu coração acelerou e a fome falava mais alto, ela aproximou o braço de mim novamente, as lágrimas dela parando aos poucos.

— Não posso fazer isso, eu nunca "bebi direto da fonte", não sei se vou conseguir parar...

— Você conseguiu se afastar e dizer "não" tenho certeza que vai se controlar.

— Tem certeza?

— Não deixei você se alimentar a pedido de Danzo, era o único jeito de injetar a poção em você, na verdade perecia mais com uma forma de tortura. Mas eu preciso de você viva, a poção que foi inoculada em você por duas semanas serviu para que não consiga usar seus poderes por um bom tempo, o que significa que estou segura — encarei seu braço, ela suspirou e abaixou a cabeça, parecia cansada — Bebe logo! O que você tem a perder? Se eu morrer não vai fazer diferença 'pra ninguém.

— Mandona chata do caramba — puxei o braço dela com certa facilidade, já que ela não se recusou, e dei uma mordida fincando minhas presas no lugar certo, ela não esboçou nada, nem uma reação de dor, mesmo quando eu comecei a beber.

— O acordo é o seguinte: Me ajuda a achar o que eu preciso, eu solto você e a sua mãe, não vou atacar, machucar ou fazer nada com você e sua família. Contanto que me mostre o caminho.

Ergui meus olhos para ela que apenas me observava, sua pele ficava mais branca a cada segundo. Mesmo pálida, mas sua expressão continuava impassível, as lágrimas secas em suas bochechas não diminuíram sua postura orgulhosa.

— Eu juro 'pra você que irei cumprir o acordo, mas se mesmo assim não quiser ajuda... Me perdoe, mas terei que tomar outras medidas — posicionou a mão livre na espada e eu senti meu corpo arrepiar de medo, soltei o braço dela, e os furos no braço dela fecharam instantaneamente, sendo cauterizados por uma aura azul — Tá sujo aqui, ó — ela limpou nela me mostrando onde estava sujo, passei o dedão embaixo dos meus lábios, no queixo e em seguida lambendo o resto de sangue nos meus dedos.

— Eu não confio em você, mas é o que tem pra hoje, não é mesmo?

— É isso ou na marra, fofinha — ela sorriu em deboche e se levantou meio cambaleante, passando as mãos no rosto para limpá-lo.

— O que você quer que eu ache? E como sabe que eu posso achar?

— A Árvore Tenebrium. É uma lenda antiga... Provavelmente não deve conhecer — franzi o cenho e me levantei para encará-la melhor — Reza a lenda que seu fruto divino concede imortalidade e um poder obscuro que ninguém descobriu ao certo do que se tratava. Até Danzo junto ao meu pai criarem o projeto de codinome: Gozu Tenu, todos achavam que não era real, mas meu pai conseguiu informações em pergaminhos antigos que revelavam a localização da árvore.

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