Flores Vermelhas

V - A Marca

— Não acredito que eu estou de "quarentena".

— Isso não é quarentena, você não está com nem uma doença contagiosa, isso é um isolamento para sua segurança — Yuki ajeitou os óculos e cruzando os braços.

— Ótimo, 'tô presa! — sentei no sofá de braços cruzados com a cara amarrada.

— Sara, é só uma semana! Vão reforçar as barreiras mágicas em torno da escola, e você não está 100% bem! — meu irmão me repreendeu - resolveu ser responsável justo agora, Daisuke? -.

— E as aulas?

— Pode ficar tranquila amiga, eu passo minhas anotações 'pra você — ChoCho disse sentando do meu lado sorrindo.

— O diretor disse que seria melhor assim, só quem mora aqui pode entrar.

— Ma-mas e meu irmão? E o Bol- meu namorado? — olhei para os dois que estavam em pé perto das poltronas.

— Nós conseguimos uma permissão especial 'pra entrar também — suspirei aliviada.

— Ainda tem aquela adaga que o papai te deu de aniversário? — assenti em dúvida de onde o Uchiha mais velho queria chegar com aquilo — Dorme com ela embaixo do travesseiro, se entrarem sem permissão use, sem hesitar.

— E eu que sou o irmão superprotetor... — o loiro resmungou cerrando os olhos.

— 'Tá, se vocês só queriam me avisar que eu vou ficar presa por uma semana, vão logo... Vocês ainda tem aula.

— Certo... Vamos indo, eu trago o seu café daqui a pouco — Yuki disse suspirando, assenti vendo todos aos poucos saírem do apartamento.

Fechei os olhos me recostando no sofá, joguei minha cabeça para trás e a dor se instalava de novo, senti o outro lado do sofá ceder e uma mão puxar meu tronco para baixo cuidadosamente me fazendo deitar em seu colo.

— Está com dor de novo, florzinha? — ainda sem abrir os olhos senti ele começar um carinho no meu ombro.

— O que ainda faz aqui?

— Grossa! — ele parou o carinho e só então abri meus olhos o vendo de braços cruzados, puxei sua mão de volta para o meu corpo.

— Desculpa — ele bufou e passou seus dedos pelo meu braço traçando linhas imaginárias por ele — Tenho dores de cabeça às vezes, me deixam rabugenta. Você tem aula, não devia ficar aqui.

— Dai e eu conversamos, sabemos que não gosta de ficar sozinha, então não vamos deixar você sozinha.

— Obrigada — me virei deitando totalmente no sofá e olhando nos olhos incrivelmente azuis dele que prestavam atenção no que sua mão fazia — Vocês são a melhor família que eu poderia ter.

Ele parou me olhando nos olhos, sua expressão indecifrável deixava meu coração acelerado, segurei o rosto dele com as duas mãos e ele ficou totalmente vermelho e sem reação. Apertei as bochechas dele formando um biquinho em seus lábios.

— Eu amo seus olhos — murmurei baixo e ele ficou mais vermelho ainda, dei risada e soltei seu rosto pegando o controle da TV na mesinha de centro — Vou assistir Castelo Animado pela milésima vez.

Avisei e virei para olhar a televisão melhor, senti ele se remexer de baixo de mim, parecia desconfortável, não falei mais nada e apenas procurei o filme pelo catálogo da Netflix.

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O barulho alto do apartamento ao lado ecoava pelas paredes do prédio o que fazia minha dor de cabeça piorar, estou a quatro dias isolada e só isso parece uma ETERNIDADE, enquanto os outros adolescentes curtem a festa de boas vindas na casa dos meninos eu estou mofando na sala com uma dor de cabeça dos infernos e cega.