A canção da eternidade do povo de Lot nunca fora esquecida, a menina Estrella aprendera aos três anos de idade. Diante do seu fim, ela apenas cantava e... cantava! Até sentir seu fôlego ir embora...
De repente, um som de trombetas preencheu o lugar, era ao mesmo tempo glorioso e assombroso. Estrella sentiu a terra tremer, levantou do chão procurando de onde vinha o barulho. Os soldados ficaram pálidos, olhavam estarrecidos para o céu, mas foi de dentro do Vale Seco dos Galhos Frágeis que saíram guerreiros montados em seus cavalos. Por um caminho livre dos galhos e de pedregulhos, somente conhecido e protegido por um povo guerreiro, a ajuda veio.
— Os guerreiros do Vale! — Cara Pálida tremulava a cabeça. — Não é lenda!
Tentavam eles fugir, mas estavam cercados, gritos de horror saíram da boca de Olho de Ferro.
Antes de desabar de volta ao chão, em choro e alívio, Estrella reconheceu, alinhandos na linha de atrás dos guerreiros do Vale, os membros do Ninho dos Miseráveis. Reunidos novamente, de uma forma inesperada, dez pássaros formavam a irmandade cristã que Estrella tanto amava. Somente o Príncipe Cardeal estava distante do Ninho.
Ela fechou os olhos quando o corpo de Cara Pálida caiu como um baque no chão. O mesmo fim teve Olho de Ferro.
— Filha... — a voz conhecida, a voz amiga, a primeira pessoa a ajudá-la em Haviláh. Zair segurava os ombros trêmulos da garota, tentando diminuir os espamos musculares de Estrella. — Estão salvas!
A voz dela sumira. Não era seu fim. Grata, abraçou as pernas de Zair. Depois que conseguiu erguer-se do chão com ajuda do Acolhedor de Cristãos, ela abraçou cada um dos pássaros. Tom aproximou-se com a rainha desacordada em seus braços:
— Precisamos tirá-la daqui. A rainha necessita urgentemente de socorro médico.
— Não podemos levá-la à nenhum hospital do Reino, Xaim saberá. Precisamos esconder nossa rainha — disse Azulão de mãos dadas com azulinho.
— Tenho um lugar que o rei nunca irá procurar — disse Zair, mas antes tinha que prestar honra aos Guerreiros do Vale.
Caminhando em direção ao Ancião. Perante ele, Zair dobrou seus joelhos e recostou seu rosto na areia preta:
— Grato para todo sempre, tem minha honra, assim como minha vida. De agora em diante serei um protetor do Vale, salvarei os cristãos, farei parte dos seus guerreiros, assim como minha esposa.
Antigamente, as leis dos Guerreiros do Vale, tinha uma regra maior: uma vida, por outra vida. Uma vida era salva, enquanto a outra se uniriam aos Guerreiros. Duas pessoas foram salvas, duas ficariam, antes de vir para o Vale, Zair conversou com Prússia.
— Zair, menino Zair, era a criança mais curiosa e gentil que pisou nesse Vale, colocou a vida em risco por minhas filhas, as salvou — o guerreiro Ancião com suas vestes pretas, tinha uma pele que reluzia em um tom de marrom escuro. Os cabelos entrançados desciam até o joelhos. Ele levantou Zair, o líder sabia que seu genro cresceu com um missão em seu coração, proteger os Lotianos, o lugar dele não era no Vale, então continuou:
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Estrella: A Garota Estrangeira - Livro 1 (EM REVISÃO)
RomanceInspirado na história da rainha Ester. Estrella é uma garota solitária. Aos doze anos perdeu seus pais e amigos em um massacre que dizimou metade do povo de Lot, a outra parte foi vendida para outros reinos. Ela sobreviveu há dois naufrágios, suport...