VI - MI

1K 36 6
                                    

Obrigada por me servir neste fim de semana - disse ela depois de tirar a coleira às três da tarde de domingo.

Seus dedos faziam carinho no meu pescoço exposto e minha pele se deliciava com o amor que sentia em seu toque.

- Obrigada por me permitir te servir - eu disse.

Jamais quis que ela pensasse que eu não aproveitava tanto quanto ela de nossos fins de semana. Em especial considerando os erros que cometi.

Era loucura, mas eu me sentia diferente depois de ela ter tirado a coleira. Era difícil descrever. Eu não a chamaria de um peso. Não era um fardo, mas, assim que ela foi retirada, soube exatamente o que Pansy quis dizer quando falou em me colocar em certo estado mental.

Dei uma espiada nela e senti um sorriso surgir em meus lábios.

- Vai se sentar comigo? - perguntou ela. - Para que possamos conversar?

Algo nela também tinha mudado. Ela estava diferente. Agia de um modo diferente. Menos segura de si. Eu me perguntei se não seria minha imaginação.

O eu dos dias de semana a provocava. O eu da semana anterior teria uma resposta mordaz e rápida.

Mas passei os últimos dois dias e meio cedendo a meus desejos mais primitivos e eles não incluíam dar respostas implicantes. É claro que ela sabia disso.

- Eu tinha esperanças de que você ficasse mais - ela se interrompeu, procurando pela palavra - desinibida sem a coleira.

Tudo bem, isso era demais.

- Acha que eu estava inibida nesse fim de semana? Quando fiquei assim? Quando estava curvada e nua no banco de açoitamento? Ou quando estava amarrada à sua mesa acolchoada? - Bati o dedo na testa. - Ah, já sei. Foram os grampos de mamilo, não foram? Sem dúvida nenhuma os grampos de mamilo.

Não tive a oportunidade de chegar à minha próxima resposta petulante. Respirei fundo, preparando-me para uma boa provocação sobre as atividades da noite de sábado, mas as mãos dela pegaram o meu rosto e ela me puxou para um beijo longo e apaixonado.

- Aí está você - comentou quando nossos lábios se separaram, suas mãos ainda em meu rosto. Seus olhos se fixaram nos meus. - Eu sabia que você estava aí em algum lugar.

Passei as mãos em seu cabelo, puxando as mechas lisas.

- Nunca fui embora - eu disse.

- Eu sei. Só tive medo de que você não falasse. De que isso fosse estranho.

- Preciso de alguns minutos. Eu só tenho que... - franzi a testa - ... me adaptar é a palavra certa?

- "Adaptar" funciona - disse ela, apontando para o sofá. - Pode se sentar comigo? Pareceu ajudar sexta-feira à noite.

Ela se sentou primeiro, dando um tapinha no lugar a seu lado.

- Coloque seus pés no meu colo. Vou fazer uma massagem neles.

- Estou tentada a dizer que você já foi muito generosa comigo. - Eu me acomodei no sofá, colocando os pés descalços no colo dela. - Mas sou louca por massagens nos pés.

Ela sorriu e pegou meu pé esquerdo, seus dedos longos fazendo mágica ao afagar entre meus dedos e puxá-los.

- Eu fui muito generosa? Como assim?

- Deixando que nós fôssemos nós mesmas - respondi. - Quem quer que quiséssemos ser.

- Isso significa que você não vai desistir e me dizer que não quer mais minha coleira?

O treinamento - Pansmione | Parte 3/3Onde histórias criam vida. Descubra agora