XXIV - MI

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Há algo importante de que preciso me lembrar. Em meu sonho, luto para lembrar o que era. Alguma coisa ia acontecer. Algo que eu sabia que não devia esquecer. Alguma coisa. Alguma coisa.

Enquanto eu despertava, fiquei consciente de braços quentes me envolvendo, braços quentes e a sensação de alguém me observando. Aos poucos, abri um olho. Pansy!

— Oi — disse ela, abrindo aquele sorriso de parar o coração que sempre me derretia. Não havia nada melhor do que acordar nos braços dela. Nada. Nada. Nada.

— Oi — falei, retribuindo o sorriso dela. — Que horas você chegou em casa?

— Lá pelas quatro. — Ela olhou por sobre meu ombro para o relógio na mesa de cabeceira. — Umas três horas atrás.

— Você não estava dormindo?

— Não. Dormi no avião. Fiquei deitada aqui abraçada a você. Vendo você dormir. — Seu dedo correu por minha orelha. — Sabia que você tem uma pequena sarda bem aqui também?

Senti meu rosto esquentar.

— Não.

Ela semicerrou os olhos mirando a sarda.

— Eu nunca tinha percebido. — Depois seus lábios se fecharam ali e ela beijou gentilmente o ponto bem atrás do lóbulo de minha orelha. — Estava com muita vontade de fazer isso, mas não
queria que você acordasse.

— Até parece que eu teria reclamado — comentei, espreguiçando-me contra ela. Ora, ora, ora.

— Você está pelada.

Ela riu, mas seus olhos ficaram sérios.

— Sim, e você não está.

— Espero que não se importe. Tomei emprestada uma camisa sua.

— Ah, não, não me importo nem um pouco. Fica melhor em você. Eu estava pensando que na verdade não é certo, eu nua e você vestida.

— Não precisa ficar chateada. Sua empregada trouxe suas camisas da lavanderia alguns dias atrás. — Passei a mão por seus seios. — Você pode pegar uma e assim não ficará nua.

— Hmmmm — murmurou ela. — Não, obrigada.

Estendi a mão para ela, puxando-a para perto, e senti seu cheiro.

— Saudade.

— Saudade — falou ela com os lábios em meu cabelo.

— Da próxima vez, vou com você.

— Da próxima vez, vou arrastar você comigo — disse ela, afastando-se para olhar em meus olhos.

Eu me embriaguei na visão dela. Enfim em casa. Na cama. Comigo. O sol brilhava forte pela janela atrás dela.

— Não quero sair desta cama o dia todo — declarei. — Você não tem nenhum plano para hoje, tem?

— Ah, tenho — disse ela, esfregando o nariz por meu rosto. — Tenho muitos, muitos e muitos planos.

— E quais seriam? — perguntei, na esperança de que os planos dela coincidissem com os meus.

— Para começar — disse ela, seu hálito fazendo cócegas em minha orelha e a mão provocando minha barriga —, vou nos trazer o café da manhã e vou usar você como minha mesa...

— Eu vou poder usar você como minha mesa também?

— Claro que sim. Depois pretendo passar horas fazendo amor com você em todas as posições possíveis e quando terminarmos — ela abriu lentamente a camisa que eu vestia e sua voz ficou mais baixa —, vamos inventar algumas posições novas.

O treinamento - Pansmione | Parte 3/3Onde histórias criam vida. Descubra agora