Capítulo 18

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Ana ficou em silêncio, entortando seus lábios antes de se levantar da mesa.

— Ana… – a cacheada começou a dizer,
porém a menor a interrompe.

— Tenho coisa da escola pra fazer, Vi. E também quero assistir filme, hoje é sexta. – ela sorri fraco, indo até a loira e dando um beijo em sua bochecha. — Manda um beijo pra Cláudia e Maria Joana por mim. – Ana pediu, e Vitória a observou sair da casa.

Durante o fim de semana, nenhuma das duas deu o braço a torcer para procurar a outra. Na segunda, Ana estranhou não ter visto Vitória na escola. Na terça-feira, ela não a viu novamente.

— Será que aconteceu algo com ela? – Pedro perguntou para Ana, que faz uma careta.

— Vira essa boca pra lá, Pedro! Ela só não deve estar se sentindo bem. – ela responde, torcendo para que esse sumiço não tivesse nada a ver com a última conversa que as duas tiveram, que inclusive, não teve um fim.

— Assim espero. – Ester comenta, assentindo com a cabeça.

Ana estava sentindo um aperto grande no peito, como se precisasse resolver aquela situação. Não gostava daquela situação que havia sido criada entre ambas. Sabia que não tinha feito nada errado, mas também, não podia evitar se preocupar com os sentimentos da cacheada a qual tinha tanta afeição.

Então, na quarta, após não ver a garota na aula mais uma vez, decidiu que precisava fazer algo. Assim que a aula acabou, ela seguiu por outro caminho, andando em direção à residência de Vitória.

Deu três batidas na porta, endireitando sua postura quando a porta foi aberta. Porém, ao invés da cacheada, viu Claudia do outro lado da porta.

— Oi, Ana! Tudo bem? – a mais velha disse sorrindo.

— Oi, Cláudia! Tudo ótimo, e com você?

— Ah, tô bem… Mas sei que não veio até aqui pra conversar comigo. – Cláudia disse dando uma risadinha e Ana concordou timidamente. — Vitória tá no quarto dela, sobe lá.

A mulher deu espaço para que a morena entrasse e assim ela fez, sorrindo levemente enquanto passava por ela. Cláudia trancou a porta novamente, se despedindo brevemente e logo voltando a regar as plantas.

A cada passo que Ana dava em direção ao quarto da maior, sentia seu coração disparar um pouco mais. Assim que chegou na porta do cômodo, sentiu sua barriga gelar levemente. Respirou fundo e endireitou sua postura novamente, batendo algumas vezes na porta.

— Entra. – escutou a voz conhecida de dentro do quarto. Hesitou um pouco, pois sabia que a loira não imaginava que era Ana do outro lado da porta. Resolveu bater de novo, mas a cacheada apenas repetiu, com a voz arrastada: — Entra.

Ana suspirou, tomando coragem e abrindo a porta. O quarto de Vitória estava escuro, e ela estava deitada na cama, completamente enrolada no edredom, bem no cantinho.

— Vi. – Ana disse, seguindo alguns passos em direção à sua cama, lentamente. Contrariando o que ela havia imaginado, Vitória não esboçou surpresa. Não esboçou nem mesmo um sentimento.

— Oi. – respondeu ela, sem mover um músculo. Ana se aproximou mais, ficando em pé ao lado de sua cama.

— Por que não tá indo para a escola?

— Não quero. – Vitória respondeu, simples. — Por que veio aqui?

— Fiquei preocupada contigo. – a morena respondeu.

— Não precisa. Tô bem. – respondeu de prontidão.

— Vi, não… – Ana suspirou, percebendo que aquela conversa seria difícil. — Tu tá chateada comigo, não é?

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