A sexta-feira chegou, e junto com ela a ansiedade para a festa de Renata Alvarenga. Renata era uma das meninas mais populares do Colégio Tradicional, e na cabeça de Ana, ela e seus amigos nunca seriam convidados para uma festa em sua casa, mas isso aconteceu, e após muito insistir, Ester e Pedro conseguiram convencer Ana Clara a deixar seus estudos naquela noite de sexta.
Ana borrifa perfume em seu pescoço pela última vez, guardando o frasco novamente. Ela dá alguns passos para trás, agora conseguindo ver seu corpo inteiro no espelho.
Ana escolheu usar uma blusa preta de uma das suas bandas favoritas com uma calça e jaqueta jeans, um cinto de couro e botas escuras de cano curto.
A morena respira fundo, pegando seu celular e saindo de seu quarto. No caminho para a saída de casa, ela se perguntava pela milésima vez o porquê de ter aceitado ir a essa festa. Seus pais se despediram rapidamente, eles estavam animados pois essa foi uma das únicas vezes em que a filha pediu permissão para ir à uma festa, mesmo sabendo que não era necessário porque ela nunca deu trabalho, então eles não iriam impedi-la.
Ao abrir a porta, Ana viu Ester a esperando, encostada na parede enquanto observava a lua. Ela a cutuca levemente, fazendo-a a olhar.
— Vamos? – ela pergunta, tentando soar mais animada do que realmente estava, e a garota apenas assente com a cabeça.
— O Pedro vai encontrar a gente no caminho. – Ester diz. Ana ajeita o óculos em seu rosto, começando a caminhar com a amiga ao seu lado.
Enquanto caminhava sem pressa, observava o céu, que a presenteava com uma noite bonita e estrelada. Do outro lado da cidade, em um bairro nobre, já na festa, Vitória Falcão observava as mesmas estrelas, pensando se havia feito certo em aceitar o convite daquela garota que era, aparentemente, a mais popular da escola.
Não conhecia ninguém naquela nova escola. Se sentia perdida, mas não se importava. Estava acostumada em ter poucos amigos ou até mesmo nenhum: preferia mesmo estar em seu mundo. Seus amigos geralmente não eram da escola, e ela tinha Maju, então nada importava.
Vitória se lembrava de Ana, da amizade que tiveram há anos atrás. Afinal, Ana não havia mudado tanto: aos olhos de Vitória, ainda era a mesma menininha do olhar caído e sorriso de dentes pequenos. Até havia pensado em tentar retomar essa amizade, mas não sabia se Ana também se lembrava – faziam muitos anos. Então, na dúvida entre se apresentar e perguntar o nome daquela garota, ou apenas começar uma conversa normal como se os anos não tivessem passado, ela resolveu não fazer nenhuma das duas opções, e continuar no mundo recluso em que vivia. Pelo menos até aquela noite, quando Luiza Vidal se aproximou, com seus dentes branquíssimos e seu corpo perfeito.
— Curtindo a festa? – perguntou a ruiva, oferecendo um copo pra Vitória, que aceitou a bebida desconhecida.
— Me questionando porque vim, na real. Não conheço ninguém. – respondeu a cacheada, tomando um gole daquele líquido claramente alcoólico demais. Se esforçou pra não fazer careta.
— Agora conhece. – Luiza respondeu, abrindo um sorriso largo. Enquanto observava a garota de cima a baixo, Vitória imaginou estar em uma música de Olivia Rodrigo, aonde ela desejava não se importar e nem se comparar tanto com todas as meninas perfeitas.
— Qual é seu nome, afinal? – perguntou Vitória, tomando mais um pouco da bebida em seu copo. — E o que foi isso que você me deu? Por acaso serei sequestrada? – a ruiva riu, negando com a cabeça.
— Luiza Vidal, prazer. – estendeu sua mão, a qual a loira apertou, se questionando se era necessário dizer o seu sobrenome também. — E eu não vou te sequestrar, Vitória Falcão. A menos que você queira. – terminou, dando de ombros e bebendo de seu copo.
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Todas as noites
RomanceNuma cidade pacata, tudo se transforma em novidade, então, a chegada da nova aluna no tradicional colégio de Araguaína passa a ser comentada por todos. Ana Caetano não se importava o suficiente pra isso, ou ao menos pensava que não. Um pouco de álco...