Capítulo 9- A verdade e a despedida

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2980 palavras

"Mas eis a hora de partir: eu para morte, vós para a vida. Quem de nós segue o melhor rumor ninguém o sabe, exceto os deuses." Sócrates

Música do capítulo : Sleeping at last - Saturn (vídeo no final)

— Crianças venham todos! Preciso de todos vocês aqui! — Lady Nana.

Alguns momentos depois, todos saíram de quartos meios sonolentos como zumbis.

— Café! Fiz para todos acordarem, pois, precisamos conversar — Falou Lady Nana em tom sério

— Eu penso que não precisamos ter essa conversa... — Tentou começar Serafim, mas logo foi impedido por Lady Nana

— Precisam sim, meu bem! Não é porque os amo que significa que minha paciência é longa. Todos vocês precisam saber tudo para se preparar para o que está por vir... sabíamos que esse dia chegaria e ele chegou então todos precisam saber de tudo para não haver falhas de comunicação. Sabemos o que isso aconteceu no passado não é mesmo? Mentira nunca protegeu ninguém. Quem começa desembuchando? Ninguém? Pois, bem começo eu! Precisaremos preparar Mainá, pois logo o trabalho dela começará — Lady Nana pragmática

— Mas já? — falou Serafim

— Que trabalho? — indagou Mainá

— Eu posso fazer o trabalho dela, ela não precisa pensar nisso agora... — falou Sunan

— Vocês sabem que as coisas não funcionam assim e agora ela é uma de nós até a maldição se quebrar ou até a morte querer... — Falou lady Nana

— Mas que trabalho? Que maldição? O que está acontecendo? E não quero que ninguém faça nada por mim! Quero a verdade! — indagou Mainá cada vez mais confuso

— Você foi enfeitiçada com uma maldição da terra criança. Seu pai sabia do seu destino e do seu irmão, mas nada podia fazer para impedir a vossa morte por isso ele se foi e se afundou no mundo sombrio. Inconformado ele pediu aos ancestrais e a nossa terra que os livrassem da morte prematura e os tornasse parte deles. Mas um feitiço que impede a morte tem seu preço. Seu pai pagou com a vida, pois foi de encontros às duas leis supremas da natureza: o livre arbítrio da morte. Mesmo sem concordar vocês fizeram parte da trama e ajudarão a morte em seu trabalho de fazer a passagem e os avisos de suas mortes. Vocês é o que no nosso Nordeste se chamam mau agouro, por mais longe que a vossa vida sempre é ligada a Bahia, foi aos que seu pai pediu a Lady Nana.

— Não sei o que comentar a respeito no momento. Estou querendo debochar, mas acredito ser a expressão da senhora que me faz acreditar que estar a falar sério. Acredito que ainda não processei, mas não há escolha não é mesmo? Se precisa ser feito, será feito. — Afirmou Mainá com convicção

— Em duas semanas você já vai transformar na temida coruja da morte — Falou Lady Nana

— Então eu virei a bruxa cuca? — falou Mainá arqueando as sobrancelhas em deboche

— Quase isso, mas não vem crianças, apenas avisa aos mortos que a morte vai chegar e leva suas almas para o outro lado... — falou Lady Nana pacientemente

— Uma pergunta que está me assombrando esses dias é: porque você está aqui? Quem é você? E, porque está nos ajudando? Eu lembrei-me muito tempo depois que a senhora estava na casa e agora aqui. O que desejas? — Falou Mainá em tom desconfiado.

— Sou a moça que seu pai pediu para tomar conta de vocês antes de partir. Não estou em nenhum dos dois mundos, mas até tudo se resolver estarei com vocês como uma mamãe coruja... Acredito que isso responde suas perguntas básicas no momento...

O canto do pássaroOnde histórias criam vida. Descubra agora