Capitulo 26- A última brecha do destino

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3878 Palavras

"A amizade é simplesmente a amável concordância em todas as questões da vida." Cícero

Música do capítulo: Older - Sasha Sloan

" Minha visão está turva, embaçada... Minha cabeça dói... onde estou? " Pensava Serafim tentando abrir os olhos e se levantar se perguntando o porquê estava tão difícil...

— Titio! Titio! Ele acordou!!  — Gritava uma vozinha infantil animada piorando um pouco sua dor de cabeças.

Ele abriu os olhos com dificuldade e forçou seu corpo a se levantar, apertando um pouco os olhos para conseguir enxergar com menos incômodo.

Percebeu estar no hotel onde eles estavam hospedados pelos tapetes nas paredes de madeira e a luxuosa cama de dossel. Quando olhou para o lado, uma linda menina mestiça o encarava.

Na luz do dia ela tinha por volta 7 dos anos, cabelos lisos e negros que estavam amarrados, deixando apenas a franja a mostra, o que era um pouco diferente para a moda tradicional da época. Seus olhos eram de um lindo castanho esverdeado ornado por um rosto oval e furinhos nas bochechas que denunciavam covinhas, mas ele não saberia dizer pelo seu rosto sério. Ao contrário dos tailandeses tradicionais que tinham uma pele mais bronzeada, a sua era de um branco reluzente. Ela tinha uma rara beleza e, se ela for realmente sua responsabilidade, sentia que teria mais dor de cabeça no futuro do que está tendo no momento...

— Você está bem, Khum? — Disse a menina em voz mais baixa sentando-se ao seu lado preocupada

— Estou, pequena, obrigado!  — Respondeu o rapaz gentil olhando para o rostinho que tentava parecer valente, mas estava na cara que estava com medo de tudo. Até dele. Afastando-se rapidamente quando ele levantou. Sua postura lembrava muito Mainá quando tinha sua idade.

— Que bom! Agora que está bem posso ir embora sem me sentir culpada pela sua morte! — Disse a menina saltando da cama mudando rapidamente para uma postura altiva e malandra, indo procurar o irmão para partir dali.

Serafim ficou embasbacado com a resposta rápida vinda de uma criança tão pequena. Neste momento, Sunan entrou no quarto com um garotinho que saltitava na sua frente alegremente quando foi puxado pela irmã e saiu em fuga correndo.

— Vá atrás deles, por favor... — Disse Serafim a Sunan que levou um tempo para entender e ir atrás das crianças. Ele não conseguiria nem dar dois passos sem desfalecer de novo. Sua cabeça doía como nunca.

Os dois poderiam até ser pequenos, mas eram ágeis como pequenos ratinhos....

De repente, Sunan viu uma pequena cabecinha atrás de um dos barris de bebida que, quando percebeu que fora encontrada, ainda tentou correr, mas parou quando ouviu uma voz grave e parecia bem assustadora

— Volte aqui mocinha! Você não vai para lugar nenhum! Você não é um adulto que pode ir e vir quando der na telha! — Repreendeu-a Sunan.

— E você não é meu pai para me dar ordens! — Rebateu a menina

— É assim que você retribui a alguém que salvou sua vida? Fugindo sem dar nenhuma satisfação? Tens ideia do quão perigoso é? — Respondeu Serafim

— Eu não vou com você, eu não vou fazer o que quer que você queira! Eu prefiro a morte! — Gritava a menina descontroladamente em uma tentativa de se proteger. A única que conhecia: fazer bastante barulho. Seu irmão correu para abraçá-la.

Sunan percebeu que, apesar de todo o ocorrido, ela ainda tinha bastante receio dele. Com razão, pois ela já provou o que há de pior no ser humano. Ela não tinha quem a protegesse então era bem desconfiada. A cena tocou bastante Sunan, pois sabia como a menina se sentia. Estava apavorada e sem muitos recursos para se proteger. Apesar de preocupado, ele não poderia reagir emocionalmente com ela, pois ela estava muito fragilizada e se sentia responsável pelo irmão. Ele não tinha tato com crianças, a maioria não chegava perto dele, pois o considerava assustador, com o tempo ele passou a ter pavor de interagir com crianças...

O canto do pássaroOnde histórias criam vida. Descubra agora