Capítulo 20- O lado da moeda que restou...

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1802 palavras

"É triste perceber que não sobrou nada, nem ódio, nem rancor e muito menos amor, apenas o vazio"

Música do capítulo: Dear agony- Breaking Benjamin

Sukassen's

Somchai ouve uma leve batida na porta.

— Pode entrar

— Filho, passei para ver como você está... — Falou khum Chakrii em um tom preocupado

— Estou bem, pai, mas um pouco ocupado, tem algo que o senhor deseja de mim? — perguntou somchai polidamente, mas distante

— Estou preocupado contigo, meu filho,  estou vendo-o afundar cada vez mais no trabalho e queria falar para você tirar umas férias. Eu assumo. Você passou por muita coisa... — Falou Khum Chakrii relutante.

— O trabalho dignifica o homem e torna seu corpo mais forte, precisamos ser firmes em nosso trabalho mesmo nos momentos mais difíceis. — Respondeu Somchai repetindo as mesmas palavras que seu pai o disse quando seu filho morreu e ele queria pedir folga para ficar com a esposa. Talvez se ele pudesse ter ficado um pouco mais em casa ele poderia ter dado um pouco mais de apoio a sua esposa quando ela precisou. Mas ele precisava cuidar da empresa. Centenas de famílias dependiam daquele sustento e ele não podia sucumbir.  Se ao menos Sunan estivesse ali para conversar e dividir o fardo... Nunca fora muito próximo a ponto de trocar confidências com sua família de sangue e agora não tinha amigos.

Estava completamente só.

Khum Chakrii entendeu imediatamente a referência daquela frase empalidecendo.  Seu filho jamais falou daquela forma tão fria e distante. Ele estava distante como jamais esteve. Era como se seus sentimentos houvessem sido desligados.

Ele mal olhava para seu pai. Apenas respondia com a cabeça baixa enquanto parecia procurar algo.

— Filho, eu preciso insistir.... — Khum Chakrii foi interrompido por Somchai com um gesto de mão.

— Não há necessidade. Não há mais ninguém me esperando.  Existe algo mais que o senhor deseja? Eu estou realmente ocupado... — Falou Somchai em um tom que sugeria que Khum Chakrii se despedisse sem nem sequer levantar a cabeça.

— Soube que está vendendo a casa e está se mudando... — Tentou conversar Khum Chakrii

— Sim, estou me mudando para Sukhumvit é mais próximo do trabalho e eu já tinha lá uma casa menor. Ficar naquela casa só me faz lembrar de tudo que eu perdi e de como fui tolo.... — Falou Somchai em tom indiferente enquanto remexia os papéis procurando um documento.

— Você pode parar um momento!? — Esbravejou senhor Chakrii impaciente

Khum chakrii pode ver Somchai respirar fundo e sentar-se na cadeira de maneira adequada. Como se estivesse se contendo. Mais uma vez.

— Pois não... O que deseja? — O tom de Somchai era respeitoso, mas distante

— Meu filho, você não pode continuar dessa forma! Vai acabar ficando doente! Está trabalhando demais e deveria dar uma pausa depois de tudo que passou...

— Esse descanso veio um pouco tarde, meu pai, eu não preciso mais dele. Não se preocupe, trabalharei o suficiente até que os filhos de minha irmã tenham idade para assumir a empresa. Estarei aqui até lá.

— E os seus filhos? Não pensa em se casar novamente? — O tom de Khum Chakrii era cada vez mais preocupado

— Meu filho está morto. Minha esposa também. Não tenho intenção de me casar de novo. Meu grande amor foi minha esposa e ela está morta. Meu filho foi morto por minha própria mãe. Uma mulher que eu confiava e amava. Como teria coragem de me casar novamente? Nem se Mainá estivesse viva eu pediria para voltar para mim, pois perdi esse direito no momento que não protegi minha família. Que direito eu tenho de trazer outra pessoa para esse inferno novamente? Eu penso diariamente que poderia ter feito algo diferente, mas como eu podia imaginar que a minha própria família seria capaz de tudo isso? Minha mãe que sempre foi  amorosa, era uma psicopata e meu pai me abandonou quando eu mais precisei. Era impossível pensar nesse fim, mas ele aconteceu e agora eu lidarei com as consequências da minha fé cega. Respondi todas as perguntas, meu pai. O que mais o senhor quer de mim? — Falou Somchai com a voz embargada e cansada. Ele estava por um fio.

O canto do pássaroOnde histórias criam vida. Descubra agora