Parte Sete

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Chicago 1960

Dessa vez, Off sabia que estava com grandes problemas e realmente não queria ouvir mais uma lição de moral de Tay ou Arm.

Porém ele ouviria de qualquer forma.

—O que diabos você está fazendo com o Atthaphan? —Tay começou, no exato momento que ele pisou fora do carro preto luxuoso, arrumando a gravata borboleta. —Off! Ele vai acabar com a sua vida sabia?

—Ele acaba com ela a anos sem saber.

—Jumpol! Aquele cara não é do tipo que dá para, se dominar.

—Eu discordo disso. —Off respondeu, folheando um jornal enquanto andava para dentro da barbearia. —Consigo dominar aquela fera como ninguém.

—Não é melhor você apenas deixar ele ser brinquedo de seus homens? —Off tirou o chapéu colocando no cabideiro, se voltou para Tay, a mão no ombro com um aperto forte.

—Eu sou seu amigo, mas se você falar de Gun assim novamente, vou esquecer desse fato e você vai acordar com a boca cheia de formigas amanhã. —A voz saiu suave, como um afago carinhoso.

Tay apenas engoliu em seco, seguindo o outro que empurrou uma porta falsa, chegando a um clube escondido atrás de uma barbearia no subúrbio. Ali todas os crimes da alta sociedade de Chicago rolavam livres a qualquer horário do dia.

—Bom dia senhor Off, olá Tay. —Arm os recepcionou em meio aquela expeça nuvem de fumaça de charuto. Jumpol olhou em volta as muitas pessoas conversando nas mesas de jogos.

—Meu convidado está aqui?

—Sim senhor.

—Ele trouxe o que eu supus? —Arm assentiu, fazendo um sinal de OK com as mãos, que significava homens armados. Off suspirou balançado a cabeça. —Tay você despachou o tigre? —Tay assentiu coçando o lado direito da cabeça, o que fez Off morder o lábio superior avaliando o fato de que, eles foram realmente para as docas, onde chegaria um farto carregamento de whisky a tarde, então se os homens da equipe tigre dele estava lá, isso significava que ele estava em desvantagem naquele momento.

Afinal, Dom Phunsawat tinha homens armados ali dentro do covil dele e nas docas.

—Ele sabe sobre o antro? —Jumpol perguntou, puxando um charuto do bolso, que foi prontamente aceso por Arm.

Tay negou com a cabeça e depois assentiu uma vez. Isso era bom, o homem não sabia onde estava Gun a essa altura.

—Então, eu ainda estou no comando do jogo.

E era isso que bastava, ele pensou aliviado enquanto caminhava com seu braço direito e esquerdo para a sala privativa.

Empurrou a porta de madeira preta, dando de cara com o velho, sentado em uma poltrona sorrindo abertamente.

—Se não é Off Jumpol!

Off, podia ser um chefe de negócios clandestinos, mas em nada ele tinha de semelhante com a Máfia Italiana, além de descender de Tailandeses, o que o aproximava mais da forma Oriental de resolver problemas, ele também não era dado a falsidade.

—Corta o papo, o que você quer se metendo aqui?

Phunsawat arqueou a sobrancelha, desejando realmente começar aquela discussão. Mas tudo o que fez foi sorrir calorosamente.

—Acho que você tem algo que me pertence.

—Devíamos perguntar a esse algo, a quem ele pertence. —As mãos do velho se fecharam em punhos. E isso não passou despercebido pelo jovem mafioso. Na verdade foi prazeroso, ver a raiva velada.

—Vai casar com minha filha? Já que você está sujando o nome dela na sociedade toda de Chicago!

Ele sabe que isso é sobre o Gun.

Mas se assim ele quer.

Posso fazer isso sim, ela é uma linda moça! Me concederia a mão dela?

—Off Jumpol seu cretino!

—Já que uma donzela tão inocente está com o nome arrastado no chão, acho que não seria errado o homem que apoderou-se de sua virtude a desposasse.

A feição que antes trazia um sorriso falso de Dom Phunsawat, se tornou cada vez mais sombria.

Por que os dois homens que se encararam, sabiam bem que aquela conversa, não era sobre Pim Phunsawat e sim sobre Gun.

Então Off lhe presenteou um sorriso sarcástico.

—Devolva o meu garoto!

—Não estamos falando sobre Pim? —O rosto inocente de Off era mais do que vitorioso.

—Saiam vocês quatro, quero conversar a sós com Jumpol.

Tay e Arm viraram a cabeça para Off, enquanto os homens do velho apenas saíram da sala. Mas Jumpol assentiu para os homens tranquilamente, então mesmo observando preocupados eles saíram.

Deixando os homens se enfrentarem.

—O que você fez com o meu garoto?

Off apenas riu, caminhando pela sala e se encostando na longa mesa de Carvalho do seu escritório.

—Acho que o senhor tem uma ideia.

—Você é um filho da...

—Posso te entregar sua filha. —Off começou, observando o outro. —Ficamos quites?

—O que quer dizer?

—Lhe entrego a garota, Gun é meu.

—Nunca! Não vou deixar que fique com ele! E ele também jamais aceitaria isso.

—Eu tenho um jeito todo especial de convencê-lo.

O Velho mafioso ficou instantemente vermelho, ele sabia muito bem o que Off queria fazer com o seu filho. Na verdade sabia disso desde que eles eram jovens, não foi atoa que ele fez o que fez com a irmãzinha de Jumpol, foi como um aviso e um alerta, para se afastar de Gun.

—Meu filho jamais...

—Eu deixarei seu filho escolher o que quer! —Off começou, apertando a beira da mesa realmente irritado, estava prestes a enfiar um belo soco na cara do que seria seu ... sogro?

Eles voltaram ao silêncio ameaçador.

—Casasse com Pim. —O velho macabro resmungou cortando o silêncio, Off arregalou os olhos. —Afinal... Se Gun souber o que estão falando sobre ela na sociedade, ele mesmo o obrigaria a casar com ela.

Off sabia que era verdade. E ele estava preparado para aquela situação.

—Eu já disse, não tenho problema em me casar com ela.Sério e decidido, a ponto de deixar o velho visualmente confuso. —Afinal, adoraria ter dois pelo preço de um.

—Ora seu! —A mão do velho foi parada pela de Off no ar.

—É bom você retirar todos os seus homens daqui e das docas. Ou você vai receber seus dois únicos herdeiros no caixão. —Esse sussurro, foi o que fez o velho recuar.

E assim, temporariamente criando vários cenários de como vencer aquele moleque irritante, o velho saiu batendo a porta do escritório.

Jumpol respirou fundo, de olhos fechados.

—Pensei que não seria tão simples assim lidar com ele.

—Off o que... —Tay entrou no escritório correndo. Mas Jumpol, arrumava o colete, caminhando para a saída.

—Eu preciso ir para casa, tem algo que deixei inacabado. Mas... Mantenha ainda todos em alerta, não confio nesse homem.

Assim, praticamente correndo porta a fora, Off estava com a mente focada em terminar aquilo que começou naquela manhã.

Vendetta • OffGunOnde histórias criam vida. Descubra agora