Capítulo 8

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— Tobirama?

O chamado foi feito em meio à admiração, um olhar direcionado para a frente, para as flores, para seus brotos e pólen.

— Sim, Izuna?

— O que você queria ser quando criança?

Sua cabeça finalmente virou para Tobirama, as mãos enveludadas para trás do corpo enquanto permaneciam em pé, um do lado do outro. O Senju ainda fitava seu norte, entretido demais com a abelha que pousou em uma das pétalas de murta do jardim da casa de Izuna.

— Eu não sei. — respondeu o loiro, ainda atento aos movimentos naturais nos arbustos cheios — Na verdade, acho que a única coisa que eu desejava quando mais novo era ficar com meus irmãos. Tenho quatro. — ele sorriu ao falar, finalmente virando para o observar também, corando um pouco; mas sem quebrar o contato visual. Ele estava um pouco mais corajoso ultimamente. Isso era bom

— Você é o mais velho?

— Sou o mais velho do meio. — explicou — Não os via muito quando menor, porém, os vejo muito agora que voltei para a França.

Seus olhos cintilaram de curiosidade, o maior quase pôde ver estrelas em seus olhos e riu baixo por isso, quase uma tosse disfarçada. O Uchiha bradou vitorioso em sua mente, sabia que ele tinha nascido ou ao menos vivido por um tempo no exterior. Seu sotaque o entregava — por mais que agora estivesse meio fraco por sua convivência com franceses à meses.

— Como assim? — perguntou, excitado, se aproximando um pouco mais

A vergonha do carteiro finalmente se mostrou, e agora ele se pôs a desviar o olhar, virando o rosto para este não ficar tão perto do Beaufay. Sua face enrusbeceu e agora ele fitava o chão. A decepção já veio rápido para o interior do moreno, que já sabia que Tobirama recuaria. O Senju riu forçadamente e baixo.

— Acho que já respondi muitas das suas perguntas hoje, Izuna. — deu de ombros, os deixando encolhidos em seguida ao se afastar — Quem sabe outro dia.

O menor bufou solitário, voltando a olhar emburrado para frente quando o olhar do louro logo voltou a sua direção. Este observou os traços de Izuna, seu maxilar firme, o nariz reto e arredondado, seus olhos finos como pedras preciosas em meio a luz do sol e a boca grossa como os lábios de um príncipe encantado charmoso de livros românticos. Falando com honestidade, o Uchiha tinha seu charme exclusivo. Seus cabelos eram tão belos quanto o ondas do mar em meio a uma noite escura, um céu noturno cheio do brilho das estrelas, volumoso por suas nuvens macias como os fios dele. Eles chegavam até a cintura mais ou menos, presos por alguma armação simples com sua franja ainda batendo no rosto.

Tinha ido ali somente o visitar de novo, e acabou passando tempo demais, até o sol atingir seu ponto de partida, o céu alaranjado sendo tudo que iluminava o ambiente. Por sorte, as nuvens estavam distantes; não iria pegar chuva em seu caminho para casa.

O Beaufay então, percebendo a atenção sobre si, virou o rosto a tempo de ver o mais alto alternar o dele para a direção oposta. O observou por alguns segundos; a face rígida e quente, vermelha como o céu que os rodeava. Seus cabelos balançaram minimamente com a brisa que passou, os olhos tremeram, brilhantes e rubros como rosas murchas. A roupa de tons bege lhe caía bem, se misturando de forma elegante com a pele clara realçada pelos últimos raios solares. Ele era bonito...

— Senhor Beaufay.

O chamado o fez virar o rosto repentinamente, quase como se tivesse levado um susto com a presença inusitada de Heather — não que não estivesse. A Remy os olhava estranho, seriamente, como se tivesse reprovação em seus olhos, especialmente para o carteiro, como se ele fosse algum tipo de erva daninha em meio a uma plantação de flores.

Torta de Maçã (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora