Capítulo 11

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Desta vez, naquele dia, Izuna acordou mais cedo do que nunca. Havia desde cedo se arrumado de uma vez para não ter tal trabalho mais tarde, e conversado com Heather sobre a entrega do jornal cedinho. Ela o olhou desconfiada de início, mas baixou o olhar quando perguntou o porquê dela sempre ir receber. Disse que era uma tarefa de todo o empregado — pegar e entregar o jornal para o chefe. Na verdade, era mesmo o trabalho de qualquer um, então não ficou desconfiado de sua resposta. Contudo, quando falou que iria receber o jornal àquele dia, a Remy o olhou com receio no mesmo instante.

— Senhor Beaufay, não acho certo fazer isto. — pronunciou com todas as letras, certo receio na voz

O Uchiha franziu o cenho.

— Por quê?

— Ora, tenho de fazer o meu trabalho da forma certa. — disse, e desta vez o Beaufay não a contrariou; porém, comprimiu os lábios assim que ouviu a próxima frase — E além disso... — depois sussurrou, como se não quisesse que ouvissem algum tipo de segredo — Não seria bom para sua imagem ser visto desta maneira, conversando casualmente com o carteiro daquela forma que faz.

— O que quer dizer? — perguntou, a voz grave e rouca, provavelmente assustando a mulher com sua seriedade, tanto que lhe olhou com certo medo antes de baixar o olhar novamente

— Não estou falando isso por nada, senhor. Sei que é um homem de bem e que irá me entender se eu explicar a situação. — engoliu em seco, cerrando os olhos de um jeito que os fios doeram no coque justo — O senhor é um homem muito respeitoso e gentil, senhor Beaufay. É muito simpático com todo mundo, e tenho receio de que acabe sofrendo por conta disto.

— Tobirama não é ninguém mal, Heather.

— Sei que não, o problema não é ele... — parecia prestes a dizer mais algo, todavia, suspirando, negando com a cabeça, e não demorou mais do que algumas dezenas de segundos para o moreno entender o que ela queria dizer

— Isso é sobre meus pais, não é?

Ela não reagiu quase que de maneira alguma. Somente apertou as mãos umas contra as outras e se virou para ir até a cozinha.

— Irei terminar de preparar o café da manhã.

O maior não insistiu em saber de alguma coisa, já estava muito claro. Não sabia se seus pais sabiam sobre sua relação com Tobirama ou não — seja qualquer uma delas —, no entanto, de algo haviam colocado o dedo. Era possível que Heather tivesse sido escolhida a dedo deles por conta disto. Talvez fosse mandada a fazer algo, ou então a falar algo. Uma informante talvez. Ou se somente era alguém que se preocupava consigo. A Remy parecia não demonstrar, entretanto era cuidadosa com ambos de forma que parecia não ser somente por conta de seu trabalho. Sabia que ela tinha conhecimento sobre suas intrigas com a família, não tinha vergonha de falar isso para ninguém. Talvez só estivesse tentando o proteger da família.

Nem sabia o que poderiam fazer se percebessem sua proximidade exagerada com o Senju. Seria um caos total.

Então a campainha tocou, o marido de Delilah suspirou e seguiu até a porta da frente. Seus passos eram feitos com cuidado e cautela. Não sabia como seu corpo e mente reagiriam assim que abrisse aquela porta; não estava pronto para nada daquilo, literalmente nada. Era verdade o que tinha dito sobre não ter pensado direito sobre aquilo que aconteceu. Não sabia o que esperava, muito menos o que sentia dentro de si. E como disse também, tudo que mais queria, e precisava naquele momento, era o loiro ao seu lado para lhe auxiliar. Sabia bem que ele poderia fazer isso. 

Quando abriu a porta, ele estava lá, alto e tão louro como sempre foi, branco. O maior lhe encarou de cima, e Izuna sorriu doce para ele, recebendo outro sorriso de mesmo teor em troca. Era como se estivesse mergulhando em um mar de chocolate belga. Jogou um dos lados da franja para trás assim que o carteiro lhe ofereceu uma carta somente, de seus pais como sempre. Estava os ignorando de novo.

Torta de Maçã (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora