Capítulo 9

197 25 85
                                    

Izuna suspirou, passando a mão sobre a testa suada. Tobirama o observou ir até a mesa da cozinha novamente, se sentando na cadeira em frente a sua enquanto sorria terno e pequeno. Hoje não chovia, estava nublado. A bolsa do Senju residia na madeira maciça e lisa da mesa, seu boné em suas mãos abaixo desta. O Uchiha apoiou o rosto sobre uma mão aberta, estendendo o sorriso e encarando com insistência o loiro à sua frente. O maior respirou fundo, tentando permanecer com o contato visual; mas tanto ele próprio como o Beaufay sabiam que ele não tinha capacidade para tal coisa, e depois de alguns minutos daquela forma, seu olhar abaixou, envergonhado assim como a face, que se tornou vermelha, rubra como um morango maduro.

O moreno soltou uma risadinha, achando graça da situação, corando minimamente enquanto ainda mantinha o olhar insistente, tentando arrancar cada casquinha dele.

Naquele momento, o menor fazia tortas. O carteiro nunca o tinha visto cozinhar, por isso foi uma surpresa quando invés de Izuna o levar até a sala de música, o guiou até a cozinha, pegando potes e misturando ingredientes como um profissional. Heather os tinha deixado à pedido do próprio Uchiha e Tobirama o olhava em silêncio o tempo inteiro, concentrado e deslumbrado com as artes culinárias do outro. Lembrou do dia em que perguntaram os talentos um do outro, e novamente o Beaufay o tinha pegado de surpresa com mais um deles.

O Senju apertou a boina em suas mãos, olhando para ela sabendo que o moreno fazia o mesmo consigo, quase queimando seus cabelos com a intensidade que o olhava. Suspirou, contendo a vontade de voltar a olhar para ele também, sentar ao seu lado, segura-lo pelos ombros e trazer os rostos para perto. Queria e fantasiava tantas coisas que sua mente parecia prestes a explodir. Contra a vontade do cérebro, seu olhar se ergueu, e conseguiu enxergar o sorriso grande e lindo dele, suas bochechas levemente rubras e os olhos negros, brilhando em sua direção como num sonho.

Seu cenho franziu, e engoliu em seco quando sentiu a respiração quase falhar, o coração palpitar em direção à ele. Estava louco. Sua boca se entre-abriu, como se algo fosse dizer. Contudo, nada saiu de seus lábios, que permaneceram estáticos e mudos. Porém, algo mais fez barulho no ambiente, o temporizador apitou algumas vezes, atraindo a atenção do mais baixo para longe de si.

Izuna se levantou apressado e perdido, murmurando algo sobre luvas ou algo do tipo. Ele procurava pela bancada inteira, se desesperando um pouco enquanto não a achava. Lhe fez lembrar um pouco sobre essa situação que já havia acontecido e de como foi engraçada. Com o coração ainda batendo acelerado, o loiro quis o ajudar, se levantando da mesa e se aproximando a passos lentos. Todavia, sua visão se virou para onde as luvas nescessárias estavam, laranjas em cor viva, praticamente novíssimas. O chamou, pegando as luvas e indo entregar para ele; no entanto, este já havia pegado alguns panos de prato para pegar a torta cuidadosamente, concentrado. Ficou com medo de que ele se queimasse, e por isso vestiu as luvas com pressa e segurou a sobremesa pelas bordas junto dele, sobre as mãos do Uchiha especificadamente.

Ambos levantaram a cabeça ao mesmo tempo, olhando na cara um do outro como se algo estivesse diferente, incomum. Entretanto, estavam como sempre, normais e rotineiros. As finas olheiras e os cabelos prendidos do Beaufay ainda estavam lá, assim como o corar incessante e olhos rubros do mais alto. Se encaravam, como tolos. Estavam parados ainda. E mesmo que a torta começasse a esquentar os seus dedos, quase os queimar, não desviaram ou quebraram o contato visual, continuando daquela maneira. Em algum momento, o carteiro pôde ter o vislumbre de ver as bochechas do moreno se tornarem atipicamente rosadas, rubras na pele clara. Seu coração se disconcertou, mal sabendo que o do menor estava do mesmo jeito; meio descontrolado, desacelerado como o bater de asas de uma borboleta quando pousa em uma flor.

Tobirama piscou algumas vezes depois de alguns segundos lentos, e engoliu em seco largando a torta por vergonha e a deixando nas mãos de Izuna enquanto virava para dar as costas para ele. Um momento de silêncio surgiu, mas somente por alguns segundos; quando notou, ouviu um leve engasgo, e logo após, um risada leve, controlada, que acabou aumentando no volume a medida que o Senju franzia o cenho e se virava de novo para ele. O Uchiha já havia colocado a torta sobre a bancada e estava fechando o forno, a face corada se fixando nele em seguida enquanto o Beaufay ria. Ele abriu a boca para a voz se soltar ainda mais, os dentes aparecerem e os olhos se fecharem.

Torta de Maçã (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora