Capítulo 16

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Izuna soltou um grito, andando passos curtos para trás, os olhos arregalados presos na coisa que agarrou Tobirama com toda a força. Mas seu susto passou tão rápido quanto chegou, e ao invés de rugir ou sibilar, a criatura presa na perna do Senju como um coala gritou com um sotaque totalmente estranho como se fosse para toda floresta ouvir.

— Bem vindo, titio! — depois a criança riu assim que substituiu a lamparina para ficar entre os braços do loiro, que a pegou no colo e novamente a lamparina, iluminando o rosto sapeca da menina que abraçava seu pescoço

O Uchiha suspirou forte e aliviado, pondo a mão no peito como se a qualquer momento fosse ter um infarto. O maior riu de sua reação, virando mais um pouco para si, o rosto inesperadamente mais tenso e nervoso do que o Beaufay jamais havia visto, um sorriso torto no rosto, dividido entre felicidade e aflição. Ficou preocupado, contudo, sua atenção logo foi retirada dele, indo direto para a criança em seu colo, já não tão pequena assim.

A garota deveria ter uns oito anos, julgando o porte e a aparência. E falando em aparência... Ela tinha cabelos lisos e escuros, longos. Sua pele era um pouco mais terrosa, e o rosto estava meio pintado com uma tinta de tonalidade vermelha. Uma tiara de tecido branca rodeava sua cabeça. Ela era linda, porém... Ela era meio... Estranha. Suas vestimentas eram, principalmente. E Tobirama era seu tio.

Então o moreno ergueu as sobrancelhas, surpreso ao perceber. Olhou para o Senju, que logo veio ao seu encontro, chegando perto de si assim que mudou a expressão. O louro engoliu em seco, dividido entre acariciar os cabelos da garotinha e sussurrar para o menor, que ainda estava estático.

— A gente pode conversar? Eu preciso te contar umas coisas...

O marido de Delilah piscou, voltando à realidade enquanto assentia para ele.

Todavia, não se preparou para o outro susto que recebeu assim que algo tocou seu ombro, e desta vez gritou com força, se agarrando no mais alto como a sua sobrinha já tinha feito com sua perna à poucos segundos. Olhou apavorado para uma figura alta que apareceu das sombras, mostrando um rosto muito parecido com o da menina nos braços do carteiro, assim como seu cabelo e vestes. Seu rosto estava limpo, sem pintura. Era um homem adulto, deveria ter uns trinta a quarenta anos. Ele falou alguma coisa que não entendeu, no entanto, percebeu que ele falava outro tipo de língua.

Uma mão cuidadosa tocou suas costas e então levantou o rosto para ver Tobirama com uma expressão magoada. Entretanto, o Senju logo suspirou, o segurando mais forte enquanto o puxava para perto, começando a falar coisas que também não entendia. A ficha foi caindo aos poucos, e não se importou de continuar abraçado com ele até o fim, percebendo tudo enquanto eles conversavam casualmente, já com o outro homem ao lado dos dois, de vez em quando olhando para Izuna, que permaneceu quieto até o momento em que a garota saiu do colo do loiro e foi para o do outro homem, que os observou de longe enquanto o Uchiha era levado pelo outro para um canto, ficando um pouco distante das outras duas presenças.

— Izuna — o maior começou, segurando um de seus ombros, ainda com aquela expressão magoada —, eu...

— Você é um selvagem? — soltou ao lhe interromper, não conseguindo soltar a língua. Mas ao perceber o que falou sem querer e observar a expressão mais chateada dele, tentou se corrigir — Não, quero dizer... Você...

— É. — o carteiro afirmou, baixando o olhar junto da cabeça, começando com uma voz baixa

— Mas... Mas você nem parece com eles. — disse, claramente confuso com a situação

Realmente, olhando para os dois que estavam mais para trás e para Tobirama, ninguém poderia falar que tinham algum tipo de parentesco. A pele do Senju era bem mais clara, seus olhos mais intensos e os cabelos o completo oposto. O louro parecia o avesso deles, praticamente.

Torta de Maçã (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora