Eight

149 12 4
                                    

Assim que o vi, uma onda de tristeza tocou meu corpo e sem pensar duas vezes entrei em seu quarto e sentei na poltrona ao lado da cama; Minhas mãos dedilharam suavemente seu rosto pálido e que de longe dava uma textura aquosa, meus olhos se fixaram em sua respiração fraca e como ela era compassada mesmo com ele desacordado.

- Você adora dar sustos nos outros, não é? - Disse, com a cabeça baixa - Que grande pegadinha, Cornell.

- Você anda me perseguindo, gracinha? - Senti meu corpo se arrepiar ao ouvir a voz rouca e fraca de Chris, que ainda se mantinha de olhos fechados - Acho que exagerei um pouco.

Suspirei pesadamente e o encarei, preocupada.

- Bom, tenho de voltar ao plantão, assim que der passo aqui para ver como você está ok? - Levantei, e caminhei até a porta mas sua voz me paralisou ali mesmo

- Layla. - A voz fraca de Chris ecoou mais uma vez pelo quarto - Muito obrigado.

- Agradeça ao Cameron. - Disse, por fim e saí.

As horas tardavam-se a passar durante o plantão e minha mente não conseguia deixar de pensar em como Chris estaria, mas tinha de dar atenção aos outros pacientes também, caso contrário cuidaria apenas dele. Seu estado não chegava a ser delicado por agora, mas assim que ele havia chegado fora necessário fazer uma manobra para que acordasse e seu corpo sentira tamanha dificuldade em reagir por conta das altas doses de heroína em seu organismo.

Finalizei meu café e por volta das 23 horas passei em seu quarto novamente, Chris estava acordado e inquieto sobre tudo que havia acontecido.

- Oi, Cornell. - Disse, baixinho. - Como você está?

Chris meneou a cabeça para que eu me sentasse e assim o fiz, ainda o encarando. Uma garoa fina caia do outro lado da janela dando uma sensação de tranquilidade.

- Já te falaram que você fica muito linda de enfermeira?

Ri.

- Nem vem com essa, eu estou péssima. - disse, cabisbaixa.

- Você está sempre linda, Layla.

Senti neste momento minhas bochechas corarem violentamente, uma onda de pensamentos atingiu minha mente e tudo que consegui deixar transparecer foi um sorriso bobo.

- Eu não esqueci nosso beijo aquele dia. - Sua voz agora saíra mais fraca que o comum e seus olhos se mantinham fixados aos meus; levei minha mão perto da sua e o mesmo a agarrou, fazendo doces círculos nas costas da mesma.

- Eu também não, Chris. Me senti culpada por ter beijado você naquela situação e sei lá... bom, me desculpa.

- A bebida apenas te deu coragem para isso, Layla. Na verdade você queria me ver nu e realizar seu sonho, não é?

- Não Chris, não queria. - Disse, segurando o riso e tentando sustentar uma pose séria que se desfez ao ver sua tentativa de sensualizar.

Ouvimos duas batidas na porta e logo Adam entrou para dizer a Chris que estava na hora de descansar. Ele então soltou minha mão e assim que Adam saiu, eu o encarei.

- Bom, vou deixar você descansar, Chris. - Disse, agora de maneira séria. - Amanhã cedo o doutor Jones virá falar com você sobre a overdose e sobre um possível programa de desintoxicação, terapia e etc.

- Obrigado, Layla. - Disse - Boa noite, docinho.

- Boa noite, Chris.

Na manhã seguinte, meu corpo já estava exausto e meu único desejo era ir para casa dormir e esquecer do mundo. Passei em frente ao quarto de Chris que se arrumava para ir para casa e poder seguir com o tratamento para abandonar as drogas.

Show me How To Live - Chris CornellOnde histórias criam vida. Descubra agora