One

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Sexta-Feira, 18 de janeiro de 1991, Seattle.

Passava das dez da manhã quando cheguei em casa, exausta por ter estado em um plantão de mais de 18 horas. Minha mente só conseguia pensar no exato momento em que me livraria de tudo e dormiria por 12 horas seguidas, mas fui interrompida por uma voz masculina extremamente sensual cantarolando algo que parecia uma canção conhecida por mim.

Me virei de costas para a janela e troquei minhas roupas brancas por uma confortável camisa do Iron Maiden, dando conta de que alguém me observava, segurando uma guitarra.

Não podia ser, não agora.

- Que porra, Cornell? Perdeu o que dentro do meu quarto?

Ele então prendeu seus cabelos num coque e sorriu, despretensioso.

- Não sabia que a caçula da família Vedder podia ser tão linda assim, ainda mais com essa camiseta.

Senti minhas bochechas esquentarem e me imaginei como um pimentão bem diante dele.

- Vai se foder, são 6 da manhã! Nem pense em ligar isso agora, por favor.

- Eu não costumo seguir ordens de uma dama, docinho. – Sorriu, mais uma vez – A propósito, você fica muito bem de calcinha branca.

Fechei minha janela com raiva e voltei a me enfiar de baixo das cobertas, desta vez colocando meu despertador para as 18 horas que era o horário exato que Eddie chegaria aqui. Gostaria de poder vê-lo todos os dias novamente, afinal ele é meu irmão mais velho e nós passamos a vida toda juntos, porém com o sucesso da Pearl Jam sabia que era pedir demais tê-lo em casa por muito tempo.

Por volta das 16 horas, acordei ainda meio sonolenta e sentindo o cansaço dominar meu corpo; não se ouvia mais nenhum barulho de música no apartamento ao lado e finalmente poderia colocar algumas coisas em dia como por exemplo tomar um banho quente, comer algo e esperar por Eddie.

Assim que saí do banho – muito a contragosto, pois estava fazendo um frio avassalador lá fora – tratei de trocar minhas roupas e me arrumar, mas sempre aquela sensação de seus olhos percorrerem meu corpo como ele havia feito de manhã me acompanhava e me causava uma estranha sensação; claro que não podia negar que Chris era um homem bonito e atraente, mas era um babaca e isso pesava muito para que eu sentisse uma pontada de raiva sempre que o via, além de ser o melhor amigo de Eddie.

Ouvi duas batidas na porta e corri até a mesma, dando um abraço apertado em Eddie que me tirou do chão. Como eu sentia falta desse nanico chato, era difícil de explicar.

- Depois que ficou famoso até esqueceu de nós, né? – Disse, em tom de brincadeira. – Eu senti tanto a sua falta, Vedder mais velho.

- Eu senti mais, Vedder mais nova. – Estávamos parados na porta, ainda nos abraçando.

- Certo, e nós vamos poder entrar ou não, coisinha?

- Coisinha é o seu rabo, Stone. – Ri, enquanto mostrava o dedo do meio para ele. – Vai entrar ou vai subir pra casa da Lilly? Ela tá morrendo de saudade.

- Vim te dar um abraço primeiro, sua chata – Stone então me apertou em um abraço sem nenhuma intenção por trás e sorriu, afagando meus cabelos – Mike e Jeff também querem te ver.

Stone se despediu de Eddie e subiu as escadas para o andar de cima, onde Lilly morava.

Eddie entrou e logo se desfez do casaco e das botas, se jogando no meu sofá, aproveitei e fui a cozinha, desligar o forno da lasanha que era nossa comida favorita.

- Não creio que você fez a receita da mãe, pequena. – Eddie sorriu, passando a mão na barriga sinalizando que estava faminto – Você é a melhor irmã desse mundo todo!

Show me How To Live - Chris CornellOnde histórias criam vida. Descubra agora