Twenty

73 5 6
                                    

- O que você fez com ela, Mike?

- Eu não fiz nada, eu juro!

Layla

Minha cabeça parecia explodir quando ouvi alguns gritos e meus olhos pareciam se forçar para não abrir, quando eu finalmente o fiz.

Acordei em uma cama diferente da minha, os raios de sol invadiam o lugar até então desconhecido por mim. Minha cabeça parecia pesar uma tonelada e aos poucos fui recobrando minha consciência.

Quando consegui levantar, percebi estar usando apenas uma camiseta grande demais para mim.

Que merda tinha acontecido?

Na ponta dos pés caminhei por aquele apartamento desconhecido e nada, exatamente nada me vinha a memória. Avistei Sean na cozinha tomando café e caminhei até ele.

- Bom dia, Layla.

- O que eu tô fazendo aqui, Kinney? - Perguntei, ainda sem conseguir me lembrar de nada - Eu deveria estar em casa.

- Eu te trouxe pra cá. - Disse - Aconteceram algumas coisas.

- A gente por acaso... - Perguntei, temendo saber a resposta

- Não, eu nunca faria isso com você naquele estado - Comentou, sem tirar os olhos de seu café - Eu dormi no sofá.

- Obrigada, Kinney.

- Café? - O mesmo estendeu uma xícara até mim, que não recusei.

Tomamos café juntos e por incrível que pareça, a presença dele me deixava um pouco mais confortável do que com os outros caras. Peguei minhas roupas que ele havia colocado sob a cadeira e me vesti rapidamente; precisava ir para casa, precisava falar com Chris e me resolver com ele.

Se é que seria possível.

Sean me deu uma carona até meu apartamento e quando finalmente cheguei, o abracei.

- Obrigada por tudo, e por ter cuidado de mim, Kinney. - Disse, me desfazendo do abraço

- Se precisar estarei aqui, Vedderzinha.

E assim ele se foi me deixando sozinha, quer dizer, quase.

- Onde você estava?

Um Chris sem camisa apareceu na varanda e antes de qualquer coisa me derreti por aquela visão; caminhei lentamente até onde ele estava e me sentei na cadeira que havia lá.

- Com o Alice in Chains. - Disse, sincera - Eu conheci a Demri, nós bebemos e eu perdi o horário, ok?

- Eu fiquei preocupado com você, Layla. Não te vi levantar durante a madrugada, nem vir até aqui. Eu pensei em te ligar e dizer o quanto estou assustado com o que está acontecendo e eu senti a sua falta também - Ele parecia um turbilhão de emoções, o que me deixava ansiosa também - Eu amo você e sei que estraguei tudo, me perdoa.

Espera, ele disse que me amava?

- Chris... nós podemos conversar mais tarde? - Pedi, sem saber como digerir tudo aquilo - Nós precisamos tomar um rumo na nossa relação.

- O que você quer dizer com isso, Layla?

- Você sabe.

Voltei para dentro do apartamento e fechei as janelas sem pudor algum, eu precisava pensar sobre tudo que estava acontecendo. Me arrastei a passos lentos até o quarto e voltei a deitar em minha cama para dormir mais um pouco.

O que havia acontecido na noite anterior?

Aquilo não parava de rondar minha mente, o que havia acontecido? Como eu fui parar na casa de Sean, por que a primeira voz que eu ouvi foi a de Mike Starr?

Cai no sono com todos aqueles questionamentos. Era exatamente do que eu precisava naquele momento.

Quando acordei, novamente senti minha cabeça doer; eu me sentia como se estivesse sob efeito de algum daqueles remédios para dormir. Não havia recobrado nada sobre a noite anterior e aquilo estava me matando por dentro.

Passei a tarde toda na cama. E algumas horas da noite também até dois anjos aparecerem na minha porta.

Como se não precisasse dizer nada, Melanie apenas me envolveu em um abraço caloroso e deixou que eu chorasse em seu colo. Lilly parecia compreender toda a situação mesmo estando extasiada com o seu estado de grávida.

Ah, a gravidez. Como ela podia me causar tanta admiração e tristeza ao mesmo tempo?

- Como foi ter bebido com o Alice in Chains, dona Layla? - Melanie perguntou, sentando na cama.

- Incrível, eu diria. Até a parte que eu acordei na cama do Sean Kinney.

- O que? - As duas gritaram em uníssono, me deixando apreensiva - E o Chris?

- O Chris? - Era impossível esconder meu tom irônico - O Chris vai ser pai de um filho da Susan e eu nem preciso dizer o quanto eu tô me sentindo mal com isso.

E mais uma vez as lágrimas incessantes voltaram a cair molhando minhas bochechas e me fazendo lembrar de coisas das quais eu queria esquecer.

- Amiga, mas isso não necessariamente precisa mudar a relação de vocês. - Lilly começou - As vezes é melhor nascer com os pais separados do que com eles fingindo serem felizes.

- E quanto a criança? - Perguntei - Será que é mesmo filho do Chris?

- Tem como não ser? - Foi a vez de Melanie questionar - Só se ela trepou com alguém depois dele.

- Pense sobre isso, cara Layla.

- Não quero estragar nada, Melanie. Ele vai ser pai e não vai ser de um filho meu.

- E você por acaso teria um filho com ele?

Assenti.

- Talvez, gostaria que fosse menina. Sei que ela seria a cara dele, e isso faria dela uma linda garotinha. - Dei uma pausa - Ele disse que me amava.

Neste momento as duas me encararam, com um ponto de interrogação na cara. Tentei dissipar aquele assunto e voltamos a falar sobre a noite com o Alice in Chains e como eu não me lembrava de nada após 6 rodadas de tequila e um drink.

- E como você foi parar na cama do gostosão do Sean?

- Eu não lembro - Respondi com sinceridade - Eu realmente não me lembro. Eu acordei lá e a primeira voz que eu ouvi foi a do Mike Starr.

Aos poucos, minha mente começava a apagar os borrões e os transformar em imagens sobre o que houve naquela noite.

- SHOW ME HOW TO LIVE -

Quando as meninas foram embora, aproveitei para fazer algumas coisas da faculdade e me render a filmes de baixa qualidade porém com muito drama. Havia dormido o dia todo, e não havia recebido uma ligação sequer ou uma aparecida na varanda.

Levantei totalmente contra a minha vontade para atender as batidas na porta, quando abri tive uma surpresa.

Era Sean.

- Oi, Kinney. Entra - Disse dando passagem para que ele entrasse. - Eu fiquei com alguma coisa sua?

- Na verdade nós temos que conversar sobre o que aconteceu ontem. Tem algo que você não sabe.

Show me How To Live - Chris CornellOnde histórias criam vida. Descubra agora