Twenty two

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- Olívia?

- Sim, mamãe?

Observei do batente da porta a pequena garota desenhando sentada à mesa da cozinha enquanto Chris preparava o café.

- Você está pronta pra ir surfar com o tio Eddie? - Perguntei, sentando-me ao seu lado - Ele já está vindo.

- Estou sim, papai já me ajudou a colocar a minha roupa da Barbie.

Fixei meus olhos em seu rosto por um instante; ela era uma cópia exata de Chris.  A única parte que havia vindo de mim eram os olhos, mas toda vez que a olhava deduzia ter feito uma versão infantil dele. Era calma, sutil e delicada; mas muito pestinha quando se juntava com outras crianças.

Ela era o amor mais puro que já havia sentido. Ela era todo o sentimento que havia por ele materializado.

- Vamos? - Estendi a mão para a mesma assim que ouvimos as buzinas de Eddie - O tio Eddie está esperando. Dá tchau pro papai, Oli.

Ela então correu para os braços de Chris que se encontrava da mesma altura que ela e o abraçou.

- Tchau papai. - Consegui ouvir ela dizer baixinho em seu ouvido.

Chris sussurrou algo para ela e assim finalmente ela se foi.

Quinta feira, 15 de agosto de 1991, Seattle.

Acordei assustada, estava molhada de suor e no relógio marcavam sete horas em ponto. Levantei apressada e corri até a sala na tentativa de ver ele.

Faziam 3 meses que havíamos terminado e de fato nunca havia superado isso direito. Nos vimos poucas vezes depois disso e nestas pouquíssimas vezes meu coração ainda acelerava como só fazia por ele.

Será que ele ainda pensava em mim como eu pensava nele?

Olhei o relógio novamente e percebi estar atrasada para o ensaio do Alice in Chains que Layne havia me convidado no dia anterior. Levantei às pressas, tomei banho e me arrumei rapidamente para encontrá-los no estúdio.

Há alguns dias atrás, havia recebido uma ligação de Sean me convidando para um encontro. A sós. Nada de Alice in Chains, apenas eu e ele como amigos. 

Na verdade, acabamos nos divertindo mais do que o esperado; ficamos bêbados, dançamos na chuva e... acabamos nos beijando.

Sai de casa e fui até o estúdio, quase ninguém sabia o que havia acontecido entre nós e era melhor assim. Não queria ninguém no meu pé me dizendo o que deveria ou não fazer da minha vida.

- Oi garotos - Corri para abraçar um por um assim que entrei na sala de gravação - O que eu perdi?

- Perdeu a gente cantando man in the box só, Laylinha - Jerry comentou, arrumando a guitarra para começar a próxima música.

Enquanto eles ensaiavam, mais eu ficava inebriada pelo som e pela voz de Layne, mas não conseguia tirar os olhos de Sean tocando bateria; descontando sua raiva a ponto de parecer que ela se desmontaria em mil pedaços, seu corpo todo suado e seus cabelos grudando em seu rosto e peito.

Talvez eu estivesse sentindo desejos por ele e talvez isso me deixasse receosa sobre tudo que poderia acontecer. Ver ele ali tocando bateria me deixou extasiada e com um pouco de tesão.

Ok, esse não é o lugar Layla, ele não pensa isso sobre você.

Ou pensa?

Assim que o ensaio deu uma pausa ele veio em minha direção; tímido.

Show me How To Live - Chris CornellOnde histórias criam vida. Descubra agora