Twenty-seven

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Era Sean.

Senti um misto de ansiedade na sua voz e não consegui disfarçar que também me sentia daquela maneira.

- Oi, linda. Como estão as coisas aí?

- Oi, Sean. - Comecei - Estão bem eu acho,  mas estamos com um problema de overdose. Como estão as coisas com os caras?

- Bem... acabamos de sair do bar e... amanhã cedo nós poderíamos conversar sobre algo?

Então era aquela sua maneira de dar ultimatos?

- Claro... eu saio às 10 daqui, podemos tomar um café ou quer sei lá que seja privado?

- Pode ser um café, linda.

Estranhamente não me senti mal por estar passando por aquilo. Talvez não fosse para acontecer entre nós e eu de fato não gostaria de magoá-lo, Sean merecia alguém muito melhor que eu.

- Preciso ir, Sean. - Disse, mesmo sabendo que não queria ir - Nos vemos amanhã, lindo?

- Nos vemos, linda.

Desliguei e suspirei fundo antes de voltar ao trabalho. Que noite difícil seria. As horas tardavam a passar e o trabalho parecia nunca acabar. Susan havia ido embora já que o horário de visitas havia acabado e a mesma não quis ficar do lado de fora para esperá-lo. Ela tinha esse direito por ser a única família dele ali.

Entrei no quarto e ele estava surpreendentemente acordado. Estava olhando para o nada e seu semblante estava triste. A culpa parecia corroê-lo.

Seus olhos se desviaram para mim e eu corei com aquela situação.

- Oi, Chris. - Disse, tentando quebrar o clima que havia se formado ali.

- Oi, Layla.

- Que bom que você acordou, estávamos pensando em entrar com uma medicação, mas estou vendo que não será necessário. - Tentei ao máximo seguir o protocolo - Agora falando de uma maneira mais...

Eu não sabia mesmo lidar com aquela situação.

- Mais?

- Que bom que você acordou seu filha da puta - Disse, querendo esmurra-lo. - Eu achei que você fosse morrer.

Ele me encarou, analisando a situação e as palavras.

- Talvez eu quisesse morrer. Um pedaço de mim morreu no dia que eu perdi você.

Não sabia o que responder.

- Chris.

- Não precisa responder, só escuta.

Assenti.

- Eu sei que não lidei com as coisas da melhor maneira com relação ao que aconteceu, mas eu queria que você ao menos soubesse que eu não estava disposto a abrir mão de nós. Nunca estive. - ele limpou a garganta com certa dificuldade e tornou a olhar em meus olhos - E eu entendo o por que de você ter aberto mão de nós dois. Eu senti sua falta, Layla e sei que você também.

Nesse momento não tive como negar mais.

- Você tem a sua resposta sobre isso.

- Eu sei.

Sai da sala sem mais e nem menos, estava falhando na missão de não sucumbir a ele mais uma vez; eu odiava passar por aquilo e me sentir culpada a respeito de tudo. Eu deveria ficar sozinha, isso sim. Pegar as minhas economias e viajar para Europa. Sumir. Ou quem sabe escrever um livro sobre essa tragédia que era a minha vida amorosa. Eram tantas opções que eu parecia esquecer do que estava realmente a minha frente; minha formatura.

Show me How To Live - Chris CornellOnde histórias criam vida. Descubra agora