Bônus - Me perdoe por ter que partir.

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É preciso ter lido os capítulos 13, 14 e 15 do spin off 'A origem das estrelas - Sirius Black' para entender essa historia. O personagem e as referencias feitas por todo esse capítulo estão diretamente ligadas a eles e se pulou esse spin off esteja avisado que pode acabar por não entender.

Lembra do voto e boa leitura


29 de novembro de 1980

Benjy Fenwick

- Rabrinda... - tentei tocar seu rosto, mas ela virou a face evitando meu carinho como já fazia a muito tempo.

Eu sentia o cheiro almiscarado masculino vindo da sua pele, já o sentia desde antes dela me expulsar de casa, sabia que toda a sua agressividade e repulsa contra mim a fez buscar conforto em outros braços, mas eu estupidamente não conseguia arrancar o amor que sentia por ela do meu meu peito.

Me tornei refém daquele sentimento satisfeito com as migalhas que me deu durante o fim do nosso casamento e agora, separados, esses olhares roubados me bastavam. Por um segundo fui ganancioso demais e tentei sentir um pouco do seu calor, mas foi mais uma das minhas patéticas tentativas que acabaram em outra rejeição.

- Eu quero a Tracie de volta em casa segunda pela manhã, não se atrase - cruzou os braços e olhei para mesa de centro onde tinham pratos com petiscos e uma garrafa de vinho.

- Vai receber uma amiga? - Ela seguiu meu olhar ficando visivelmente desconfortável.

- Claro, quem mais eu receberia? - sua voz trêmula a entregou. Não pude deixar de rir desgostosamente a sua tentativa falha de mentir.

- Pelo menos podemos dizer que você tem a decência de não me deixar o ver - aproximei a boca da sua orelha aproveitando seu choque - se algum dia se importou comigo não me deixe sequer suspeitar que vai o ver, sempre foi minha e no meu coração sempre vai ser.

- Eu não te devo satisfação alguma - se afastou irritada.

- Me deteste por ser um bruxo o quanto quiser, ainda seguirei te amando até meu último sopro de vida e não a nada que possa fazer quanto a isso. Principalmente quando temos a Tracie como fruto do nosso amor - passei por ela subindo as escadas para buscar minha pequena e preciosa filha.

- Bābā - gritou se jogando nos meus braços quando me inclinei para a pegar.

- Aqui está meu bebê, vem sendo boazinha com a mamãe? - afirmou animada me abraçando apertado. Como eu poderia seguir remoendo a miséria de ser deixado pela mulher que amo, tenho minha filha nos braços? - certo, vamos indo.

- Não dê doces demais - Rabrinda havia me seguido - não a coloque para dormir tarde e espero que onde você durma seja no mínimo limpo e não tenha pragas como ratos.

- Não se preocupe querida, cuidarei dela e a protegerei com minha vida de ratos asquerosos - revirei os olhos cansado daquela luta infindável que tínhamos a cada vez que nos víamos.

- Nos vemos em breve - ela deu um beijo na nossa filha e o aroma do seu shampoo roçou nas minhas narinas, reprimi a vontade de a beijar ali mesmo, sentia muita falta de acordar com o emaranhado de longos cabelos escuros como a noite espalhados pela cama a fazendo acordar com uma juba bagunçada o que só a deixava mais bonita.

Desci apressado para lareira colocando a mochila com as coisas da Tracie no ombro sem confiança na minha própria voz para conseguir me despedir adequadamente.

Tinha certeza que seria capaz de jogar o resto da minha dignidade fora e me ajoelhar implorando por ela, mesmo que visse outro homem, mesmo que eu não fosse o único no seu coração, valeria a pena por mais um beijo, mais um abraço.

Senhores das estrelas - Nebulosa (LIVRO 1) CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora