Vinte.

1.8K 124 2
                                    

POV BRUNNA GONÇALVES.

Eu sempre fui uma garota muito tímida, mas apesar de ser tímida, sempre tive um imã para garotos que viviam no meu pé, chegava a ser chato. Alguns de fato eram interessados em mim, outros já estavam interessados em meu dinheiro, ou melhor, no dinheiro do meu pai.

Desde sempre eu soube distinguir os interesseiros dos apaixonados, mas eu nunca quis nada a mais do que umas ficadas. O único namoro que tentei só durou dois meses. Apesar do garoto gostar de mim, ele conseguia ser extremamente chato, e tinha um certo amor próprio que me deixava irritada.
Então, em um jantar, eu conheci Renato Oliveira.

Tudo começou quando eu enchi o saco de Bruno para que ele deixasse eu trabalhar na empresa com ele. Eu não aguentava mais ficar em casa e achava que seria bem interessante trabalhar com o meu irmão, já que sempre nos demos bem.

Bruno me conhece bem e sabia que eu não teria paciência para trabalhar na empresa, porém se ele me dissesse isso, teimosa como sou, não aceitaria. Ele então disse que se eu quisesse trabalhar na empresa com ele, eu deveria acompanha-lo em um jantar de negócios. Eu obviamente aceitei, pois queria mostrar que eu podia sim trabalhar com ele.

No jantar, eu me senti um peixinho fora d'água. Eles conversavam sobre assuntos que eu nunca ouvi falar, mas mesmo não sabendo muito dava para perceber que aquilo era extremamente chato. Por mais que eu fizesse de tudo para entender o que eles conversavam, aquilo me deixava cada vez mais exausta.

Quando eu perguntava sobre alguma coisa, a maioria das pessoas que estavam na mesa me olhavam como se eu fosse um incômodo para eles. Todos uns chatos.

Exceto Renato.

Ele me explicava calmamente todos os assuntos que eu tinha dúvida, e até mesmo os que eu não tinha. Meu irmão também explicava, mas não tinha tanta paciência quanto Alejandro, que respondia todas as minhas dúvidas com atenção.

Foi aí que eu me interessei por ele e ele por mim.

No mesmo dia ele me convidou para ir no cinema. Ele não ficaria muito tempo ali, então decidimos ir já no dia seguinte.

Após o cinema, fomos comer algo na praça de alimentação do shopping. Eu me encantei por ele rapidamente. Renato era tão cavalheiro, animado e conversar com ele era incrível. Ele era extremamente inteligente.
Eu estava apaixonadinha e chegava a suspirar quando pensava nele. Então, ele começou a ir me visitar com frequência, e quando ele vinha ficávamos totalmente grudados.

Quando eu soube que ele tinha uma filha, não me preocupei tanto com isso, apesar de saber do risco dela não me aceitar pelo fato de eu ter apenas 22 anos. Se Ludmilla não fosse com a minha cara, eu poderia fazer por onde ela gostar de mim. Porém, para a minha sorte, isso não aconteceu.

Pensando bem, na situação que eu me encontro atualmente seria bem melhor se Ludmilla não tivesse me aceitado. Pelo menos não teríamos transado.

Céus, eu estava tão confusa.

Eu realmente amava Renato, ele fazia com que eu me sentisse tão bem, mas Ludmilla... Ludmilla me tirava do eixo, me fazia agir de uma forma que eu nunca havia agido antes, eu não sabia explicar. Eu apenas sentia uma vontade incontrolável de agarra-la, mas eu não conseguia explicar o porque.

No dia em que fomos no shopping, eu não tinha nenhuma intenção além de comprar umas lingeries para impressionar Rê. Eu apenas pedi a ajuda de Ludmilla, porque não achava que ela me olharia com outros olhos, nem eu a olhava com outros olhos. Eu só queria me aproximar dela como amiga. Júlia sempre havia ido em lojas de lingerie comigo e nunca aconteceu nada.

Porém, quando eu percebi o olhar faminto de Ludmilla sobre meu corpo, eu senti arrepios por ele todo. Era como se aquele elevador estivesse em chamas, ela analisava cada parte do meu corpo sem nem perceber e estava completamente presa em seus pensamentos, que me levaram a sentir certa curiosidade. Entretanto, apesar de estar sentido sensações estranhas, eu também fiquei bem assustada. Ludmilla era a filha do meu namorado.
Quando Renato disse que ia viajar, eu pedi para ir junto, mas ele disse que seria uma viagem muito corrida e que a maior parte do tempo eu teria que ficar no hotel, já que eu pouco conhecia a cidade.

Então, eu decidi ficar, porque era melhor ficar em Miami do que em um hotel o dia todo sozinha. Aqui eu tinha como sair pelo menos para o shopping. O que eu não esperava era que no mesmo dia em que ele foi, haveria um quase beijo meu e de Ludmilla. O problema não era exatamente esse, porque até então aquilo havia sido um quase beijo. O que fez tudo se tornar realmente um problema, foi a curiosidade que havia crescido em mim sobre o beijo de Ludmilla, não sei se por ser uma mulher ou pela situação do quase beijo.

Foi aí que eu pedi para que ela me beijasse.

Até hoje eu não sei explicar como foi que eu simplesmente soltei aquele "Ludmilla, me beija?", foi sem pensar, eu não estava tendo controle sobre mim, até porque se eu tivesse não teria feito isso nunca.

Eu não imaginava que Ludmilla realmente me beijasse, até porque, quando voltei a realidade quase me bati por ter falado aquilo apenas porque eu estava curiosa.

Aliás, que beijo. Eu definitivamente não contava com a parte que Ludmilla beijava tão bem. Quer dizer, não sabia que a língua de Ludmilla fazia um trabalho maravilhoso.

E foi aí que a merda toda começou.
Quando eu estava perto dela, não sei explicar o que acontecia, mas eu simplesmente perdia a razão e o juízo. Mesmo sabendo que depois a culpa iria me atingir como soco.

Na primeira vez foi assim, após a quase transa que foi interrompido por Dayane, eu nunca havia chorado tanto em minha vida.

Me doía saber que eu havia dado uma mancada tão grande com o homem que eu amo. Renato fazia de tudo por mim, eu não achava e não acho justo com ele tudo o que aconteceu entre eu e Ludmilla. Entretanto, eu não sabia como parar com tudo isso, mas era como se eu simplesmente perdesse a razão quando se tratava de Ludmilla. Era uma atração sexual tão intensa, parecia que éramos imã e metal, sempre que estávamos sozinhas acabava em merda.

Eu sentia tanta culpa por absolutamente tudo. Eu não queria ficar sem o Renato, mas ao mesmo tempo eu não podia negar que Ludmilla mexia comigo — obviamente, senão não teríamos transado.

Ouvi duas batidas na porta e suspirei.

— Sai, Ludmilla! — Gritei.

— Não é a Ludmilla — Ouvi a voz de Taylor e me levantei, abrindo a porta e voltando a me deitar na cama.

Taylor entrou e trancou a porta, sentando na cama ao meu lado.

— Veio aqui para falar o quanto eu estou sendo burra? — Perguntei, escondendo meu rosto.

— Por que eu faria isso, Brunna? Eu só quero entender.

— Entender o que?

— Você e Ludmilla. Como?

Me sentei e iniciei toda a história, desde o comecinho, até a hora que eu me descontrolei e entrei no quarto dela questionando sobre ela supostamente estar com Júlia. Eu estava tão confusa.

— Eu realmente não sei o que dizer — Ela disse quando eu terminei de contar — Eu só tenho duas perguntas, Bru. Você acha que o Alejandro merece essa situação? E você está gostando de Ludmilla?

— É óbvio que ele não merece, Tay — Suspirei — Alejandro é uma pessoa maravilhosa, já passou por tantas dificuldades e sofrimentos, não merece isso nunca. E sobre a Ludmilla, eu não sei. Ultimamente eu não tô conseguindo entender nada. Não sei o que sinto, não sei o que quero. Não sei o que fazer.

— Você precisa analisar bem a situação, Bru. Mas, mesmo você não pedindo, vou dar minha opinião, se você realmente amasse Renato como diz, jamais teria ficado com Ludmilla.

Minha querida madrasta. Onde histórias criam vida. Descubra agora