Vinte e três.

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Acordei e Brunna estava deitada sobre meu peito, dormindo calmamente. Seu braço estava sobre minha barriga. Suspirei.

Não importava o quanto eu evitasse Brunna, poderia ser durante um mês, um ano. Eu não conseguiria passar um dia com ela sem ter recaída. Então, pra que continuar com isso? Eu estavam me rendendo, se ela quisesse eu também iria querer e as consequências a gente via depois, eu só sei que eu gostava de Brunna e eu queria que ela gostasse de mim também... Mas, se não gostasse, eu também não continuaria com isso.

Ela se mexeu e eu a encarei, seus olhos se abriram e ela me encarou, dando um sorriso. Um sorriso lindo para caralho, aliás.

— Bom dia, Lud.

— Bom dia, Bru. — Beijei sua testa — Preciso falar com você.

— Você vai dizer que se arrepende agora?

— Você está? Porque eu não estou nem um pouco.

— Não! Na verdade, eu estou ótima — Sorriu e me deu um selinho.

— Então, me escuta. Vou ser breve. Eu passei esses dois meses te evitando porque eu achava que não passava de pura luxúria o que eu sentia, mas isso foi só até o meio do primeiro mês, porque eu comecei a perceber que não podia ser apenas desejo se meu coração apertava quando eu te via. Mesmo assim eu não quis aceitar, e continuei te evitando — Suspirei — Quando meu pai disse que ia viajar ontem, por duas semanas, eu sabia que não ia prestar. Só não sabia que seria tão rápido — Rimos — Eu gosto de você, Brunna. Eu não vou mais ficar negando isso. Sei de todas as consequências, apesar de não querer pensar nisso agora, mas eu quero você.

— Garota, o que você fez comigo? — Ela me olhou séria — Eu achei que tinha tudo, que não podia ser mais feliz. Achei que finalmente havia encontrado o grande amor da minha vida, o homem que eu pedi a Deus! Aí, vem a filha dele, e me faz questionar tudo. — sorriu — Você não sabe a confusão que causou aqui — Ela apontou para o seu coração. Não sabe quantas noites eu chorei tentando atender que merda estava acontecendo, por que eu queria tanto você. E quando finalmente percebi que gostava de você, eu ia falar Ludmilla. Porém, você veio com um puta balde de água fria e jogou em mim. Eu senti raiva, e decidi que não teríamos mais nada. Boba eu, né? — Ela riu — Quando a gente gosta não tem jeito. Não dá pra ficar longe.

— Espera aí, quando você ia falar?

— Quando eu disse que nós precisávamos conversar, na cozinha.

— Oh meu Deus — Coloquei a mão na boca — Eu jurava que você ia falar que não passava de um erro.

— Eu ia me declarar.

— Meu Deus! — Eu estava passada.

— Mas isso é passado — Ela sorriu.

— Como você consegue ter um sorriso tão lindo? — Perguntei, sorrindo feito uma idiota.

— Para com isso — Ela estava vermelha. Adorável.

Sorri e a puxei para um beijo.

— E como a gente fica agora? — Ela perguntou, parando o beijo.

— Juntas? — Perguntei, como se fosse óbvio.

— E seu pai, Lud? Ele não deixa de ser importante pra mim.

— Temos duas semanas para pensar nisso, porque de qualquer jeito essa não é uma notícia que se dá por celular.

— Certo — ela suspirou e voltou a me beijar — Aí meu Deus, espera — Ela me olhou assustada e se levantou rapidamente.

— O que foi?

— Eu preciso tomar a pílula! Já volto! — Ela saiu correndo me fazendo rir.

Logo ela voltou e nós recomeçamos tudo de novo. Nós passamos o dia inteiro na cama naquele dia — dessa vez com camisinha, beijos, declarações, sexo, dormir, sexo, declarações, sexo, brincadeiras, sexo. Só levantamos para preparar coisas para comer, parecia que estávamos em lua de mel.

O despertador tocou anunciando que estava na hora de levantar para a escola. É aquele ditado, tudo o que é bom dura pouco. Era segunda e eu teria que ir para a escola. Extremamente triste por deixar Brunna sozinha, quando eu poderia passar o dia com ela, mas eu não poderia faltar, pois era prova.

Me levantei e Brunna me olhou manhosa.

— Lud, fica — Pediu.

— Bem que eu queria, meu amor — Suspirei, dando-lhe um selinho — Mas eu tenho prova, não posso faltar.

Ela fez bico e eu quase mandei aquela prova para a puta que pariu e deitei com ela na cama. Mas, meu pai me mataria depois. E eu não quero ter um motivo a mais para isso.

Dei-lhe um selinho novamente e vesti minha boxer, peguei o uniforme que estava no guarda-roupa e fui para o banheiro. Tomei um banho quente e relaxante para ver se meu corpo melhorava de tão cansado que estava. Depois, me vesti, escovei os dentes, penteei meu cabelo e voltei para o quarto para colocar meus tênis. Brunna dormia feito um anjo. Sorri igual uma idiota de novo.

Coloquei meus tênis e peguei minha mochila, meu celular e meus fones. Dei um beijo em sua testa. Desci para cozinha e peguei uma maçã. Meu celular vibrou anunciando que Dinah estava lá na frente. Fui até a porta comendo minha maçã e quando abri Dayane estava abrindo o portão com a chave que ela tinha daqui, tranquei a porta e sai, trancando o portão após passar por ele também.

— Bom dia e obrigada por facilitar minha vida.

— Imagina. O que seria de você sem mim, não é mesmo? — Rimos e começamos a andar em direção a escola.

— Nada, nada, nada — Cantarolei e nós rimos.

— Você está muito sorridente para quem estava indignada que seu pai ia viajar por duas semanas — Ela arregalou os olhos — Ludmilla, não me diga que...

— Você vai me matar agora? — Encarei-a.

— É sério? — Ela me olhou sério — Dois meses evitando-a, para no primeiro dia você se entregar?

— Quem não lhe garante que foi o segundo? — Perguntei.

— Porque você sumiu de noite.

— Eu disse que ia dormir.

— Não se faça de boba, estava muito cedo para você dormir. Eu já sabia que você não aguentaria.

— Você não vai me matar?

— Eu realmente deveria, mas do que adianta? Eu só espero que vocês se decidam logo, vivem dizendo é um erro, porém, cometem ele de novo sem pensar duas vezes.

— Nós estamos mesmo juntas, Dayane.

— E seu pai, Lud?

— Conversaremos com ele quando chegar. Não vou dar uma notícia dessas para ele assim, por telefone. Isso sim é uma sacanagem.

— É, você tem razão. Mas tenha juízo vocês duas hein.

— Eu sempre tive.

— Ah tá. Com certeza. — Ela gargalhou e eu lhe dei um tapa — Ei, isso dói!

— Que bom! — Mostrei a língua.

— Só não esquece que eu estarei aqui sempre, tá bom? — Ela disse quando nós chegamos na escola.

— Obrigada, Dayane — Abracei-a
Nós entramos e já fomos para a sala.

Nunca o tempo passou tão devagar na escola, como naquele dia. Eu só queria terminar aquilo para ir embora ver ela. Por sorte, eu sabia quase tudo da prova, então mesmo que ela estivesse ocupando boa parte do meu pensamento, eu ainda conseguia fazer a prova. Mas eu queria ela logo. Precisava urgentemente.

Minha querida madrasta. Onde histórias criam vida. Descubra agora