Beijo sabor Cereja

1 0 0
                                    

A cerveja gelada não matava a minha sede, deixando algo ainda faltando. No canto da pista eu vi ela. Olhos verdes, pele de chocolate, lábios vermelhos como a casca de uma maçã. Nos olhamos e não demorou para estarmos juntos. Dançamos e nos beijamos. Sabor de cereja. Minha sede aumentou. Saimos dali para a rua, pela porta dos fundos, de emergência, corta fogo.
Na rua fria nos abraçamos e continuamos a nos beijar. Doce. O gosto era doce.
Minhas mãos passeavam no eu corpo voluptuoso, me levando ao céu. A anos não tinha essa estranha sensação de familiaridade, misturada ao desconhecido.
Então o meu peito aqueceu.
Um calor subiu pelo meu peito, se agarrou na minha garganta e descansou na minha lingua.
Ela sorriu e mordeu minha boca. Sorrindo ela encostou a mão na minha camiseta molhada e se afastou enquanto me olhava nos olhos, vendo a minha surpresa, o meu espanto, o meu... MEDO.
Ainda segurando a faca, a mesma faca de anos atrás ela me encarava e sorria. Sorria. Sorria. Ergueu levemente o queixo deixando mostrando a cicatriz grossa e visível em seu pescoço. Tentei falar algo, mas o único som foi um gemido engasgado de surpresa e medo.
Cai no chão já sem forças, enquanto sangrava feito um porco, o porco que eu era. Então pude ver aquelas botas mais uma vez diante de mim, apenas as botas de sola grossa.
O gosto ainda estava na minha boca, se misturando ao gosto de sangue, de ferrugem, o doce gosto da vingança, o gosto do beijo sabor cereja.

Ampolas De SustosOnde histórias criam vida. Descubra agora