Epílogo

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Eu sou o culpado, se eu tivesse mais cuidado...

Ninguém olha para mim, mas eu sinto como se todo mundo estivesse a olhar para mim, eu sinto que ele olha para mim como se estivesse chateado, eu sinto que ela olha para mim como se estivesse desapontada, como se eu tivesse tirado o seu doce preferido, mas eu também não posso fazer mais nada, minha perna manca e o meu peito dorido, o meu braço ainda em um gesso, eu devia ter ficado em casa, mas porque a culpa me corrói, se eu não sou o culpado?

Eu devia me desculpar e tentar me redimir de todas aquelas vezes, olho outra vez para ela, nunca a vi vestida dessa maneira, não tinha noção que essa cor te ficava tão bem.

As vezes eu sinto como se tivesses a correr de mim, então, por favor, volte, eu ainda quero estar contigo. Podemos falar por um bocado? Eu ainda tenho coisas para dizer, não vamos nos separar sem ao menos tentar, estariamos os dois a ser falhos e a ir contra as nossas próprias ideologias.

Eu trouxe um buquê de dentes de leão, agora podes soprar todos e desejar que seja eterno, mas para mim, se tornou marcescível, porque eu olho para eles, e não vejo o branco, mas sim vermelho, talvez eu devesse ter tingido antes de trazer. Eu vou partir o meu coração em dois, e te entregar a outra metade, pois já faz parte de ti.

ImarcescívelOnde histórias criam vida. Descubra agora