A Maldição da Raposa [Jikook]

No inverno da floresta, o início do possível fim.

Dizem que: O objetivo da guerra é a paz. Mas como podemos pensar assim, sendo que, depois da guerra a paz não existe. O que é paz?
A pessoa que volta da guerra tem a certeza que entrará e sairá dela mais longe da paz do que os outros associam para si.
As pessoas que viveram a guerra nunca enxergaram a paz que outros querem colocar em seus olhos.

A paz não existe depois da guerra, pois a guerra impediu qualquer pequena chance de haver alguma paz no fim dela.

O frio não os machuca tanto quanto aquele ódio que suas famílias colocaram em seus corações. Quando dizem que o ódio é ensinado, não se recordam que esse mesmo ódio também pode ser colocado contra a sua vontade em seu coração. No caso deles, eles não saberiam dizer se foram ensinados a se odiarem, ou se colocaram à força.

A neve caindo cada vez mais, o sopro do vento gelado batendo em seus rostos, o barulho de suas respirações ofegantes, mas principalmente o cheiro de sangue era o que mais se sentia ali. A floresta era iluminada pela lua sangrenta, o que dava para aquele momento uma cena de terror. A lua sangrenta, a guerra e a morte, todas numa única noite.

— Cadê você?! Maldita raposa dos infernos! — gritou mancando pela neve, a mordida que fora dada em sua canela começou a fazer uma trilha de pingos de sangue naquela caminhada branca pela neve. — VAI FICAR SE ESCONDENDO?! COVARDE!

Passos foi ouvido atrás de si, foi um bom plano fazer um feitiço de audição apurada antes da batalha, sabia que a raposa alfa tinha habilidades de ter passos leves. Antes da raposa tentar atacá-lo, recebeu um baque de poder contra seu abdômen fazendo bater as costas numa árvore. A árvore se partiu ao meio caindo para trás e fora ouvido o barulho dos pássaros de reclamação.

— Bruxo de merda. — a raposa disse voltando a posição de ataque.

Não seria aquilo que o faria desistir da batalha e muito menos se deixar por vencido.

— Olha onde chegamos, Jungkook. — o bruxo começou a falar se mantendo atento a cada movimento do seu adversário. — Por gerações essa guerra existiu, e olha onde estamos! Lutando em nome da nossa família.

— E acha pouco tudo isso?! — rosnou. — Sua maldita família amaldiçoou a minha!

— E a sua é muito inocente, não é mesmo? Mataram alguém importante da minha família!

— Não importa o que se passou a milênios atrás, Benedetti! O que importa é que isso terá um fim aqui e agora! Os dois mais poderosos das famílias lutando para o fim dessa guerra.

Jimin suspirou, aquilo não era justo, não podia ser assim. Por que justo ele? Por que ali e agora? Por que tinha que carregar o fardo de acabar com toda aquela guerra?

A raposa aproveitou o momento que o bruxo estava distraído e cravou suas garras no peitoral dele. O grito de dor foi ouvido por toda aquela floresta, o céu trovejou em resposta. Tendo ainda a raposa em cima de seu corpo, com a mão direita livre, colocou sobre o pêlo alaranjado abaixo da costela causando fogo.

A raposa rolou sobre a neve apagando a queimadura, aquilo fazia até seu interior queimar. Seu belo pêlo estava destruído.

Jimin tossiu sangue, não tinha tanta força como achou que teria para aquele momento. Queria poder se curar, mas se usasse seus poderes para a cura, não teria para poder atacar seu inimigo. Teria que ficar igual ao Jungkook, vulnerável a dor e sangrando.

Se eles não morressem tentando matar um ao outro, morreriam pela falta de sangue. Mas um dos dois morreria ali e agora.

— Acho que o pior dessa guerra... — sorriu passando a mão pelo peitoral observando seu sangue. — É saber que, além de ver a morte de quem eu mais amei, também serei eu a matá-lo.

O fogo saiu de suas mãos em grande quantidade, a floresta escura se iluminou com o brilho daquele fogo azul poderoso de Benedetti. Aquele fogo sendo acertado diretamente no coração da raposa o faria morrer e Jungkook sabia disso, aquele fogo, tirando o minezu, aquilo era a segunda coisa capaz de matar uma raposa amaldiçoada.

— C-como? — seus olhos brilharam, talvez por admiração por ver o amor da sua vida aceitando ser o mais poderoso dos bruxos, percebendo que era capaz de todo o poder da natureza na palma de suas mãos, mas também brilharam por medo, a morte poderia estar presente e ao seu lado.

Jungkook sabia que Jimin não estava tendo avanços em despertar o fogo azul em seu poder, era uma luta todo dia ver o bruxo tentando e tentando. Mas lá estava ele, ali à sua frente brilhando fogo azul com toda a sua fúria.

— Eu sou Jimin Benedetti, o mais poderoso dos feiticeiros, de toda uma era. — respondeu seguro de suas palavras.

— Eu sempre soube que você era o mais poderoso de toda a geração. — sorriu mostrando suas presas. — Mas eu sou Jungkook Volpe, a primeira raposa alfa da história. Para me matar, vai ter que me acertar primeiro. Não pense que será tão fácil assim.

— Nunca achei que seria, esqueceu que foi você que me ensinou a nunca subestimar meu inimigo?

— E você me ensinou a amar, e cá estou eu tentando matá-lo.

A fúria tomou conta dos dois e outra batalha seria iniciada.